FORMANDO PROFISSIONAIS PARA ATUAÇÃO NA EJA: O PAPEL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES E NOS MOVIMENTOS SOCIAIS
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- Alexandre David Alcaide Bandeira
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1 FORMANDO PROFISSIONAIS PARA ATUAÇÃO NA EJA: O PAPEL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES E NOS MOVIMENTOS SOCIAIS Jaqueline Luzia da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro jackluzia@yahoo.com.br RESUMO O trabalho tem como objetivo analisar a prática do Estágio Supervisionado em Pedagogia nas Instituições e nos Movimentos Sociais na formação inicial e na construção da identidade profissional dos alunos e alunas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para a atuação na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Este estágio não é exclusivamente voltado para a atuação com os sujeitos jovens e adultos, mas pressupõe a oportunidade do trabalho em diversos locais, como em organismos públicos e estatais, em movimentos sociais organizados, em organizações governamentais, não governamentais e instituições privadas. Entretanto, como a área está vinculada ao departamento responsável pela EJA na Universidade e, em sua maioria, os professores supervisores são da área da EJA, a tendência é que os futuros pedagogos sejam incentivados a atuarem neste campo. Possibilitar esta atuação em espaços não escolares significa ampliar o olhar para outras práticas, além daquelas de escolarização. Isso significa oportunizar vivências e experiências aos bacharelandos diferentes das habituais, na ótica do reconhecimento do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. As questões trazidas no estudo apontam as lacunas da formação e o quanto ainda é necessário aprofundar os estudos e os esforços para a melhoria da mesma. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, formação de professores, estágio supervisionado.
2 1. INTRODUÇÃO O presente texto tem como objetivo analisar a prática do Estágio Supervisionado em Pedagogia nas Instituições 1 e nos Movimentos Sociais na formação inicial e na construção da identidade profissional dos alunos e alunas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para a atuação na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Esse estágio não se volta exclusivamente para a formação dos educadores de jovens e adultos, mas encontra-se vinculado diretamente ao setor de EJA dentro do Departamento de Educação Inclusiva e Continuada (DEIC) da Faculdade de Educação da UERJ. Esse fato permite que os alunos e alunas, por meio do estágio supervisionado, tenham contato com a EJA, em espaços de educação não-formal. Na formação dos professores essa experiência se torna importante, pois o estágio representa um período de vivência, através da observação e da participação, dos processos de preparação e de integração com o trabalho ou de desenvolvimento participativo e comunitário. A formação do educador de sujeitos jovens e adultos tem sido uma problemática que se tenta enfrentar de várias maneiras, seja pela ação direta em processos de formação inicial e continuada, seja pela produção de subsídios pedagógicos e materiais didáticos. Esse enfrentamento se fundamenta em tendências diversas, tanto de caráter prescritivo e regulador da ação pedagógica, quanto de caráter emancipatório, trabalhando com os saberes, escolhas e práticas dos educadores. Além disso, estudos apontam que é raro que na formação pedagógica inicial nos cursos de pedagogia e licenciaturas sejam oferecidas oportunidades de estudos sobre a EJA e suas especificidades (UNESCO, 2008). E atua na área um número expressivo de educadores sem habilitação específica para a área, contribuindo assim para a baixa qualidade dos cursos oferecidos para o público da EJA. 1 Estas Instituições referem-se a instituições educativas ou que ofereçam qualquer tipo de ação educativa.
3 No Brasil, são os cursos de Pedagogia que formam os profissionais para atuarem na modalidade da EJA (além dos anos iniciais do Ensino Fundamental, da Educação Infantil, do Ensino Médio para a formação de professores e da Educação Profissional, em alguns cursos). Mesmo assim, a presença da EJA nos cursos de Pedagogia tem ocorrido por meio da extensão, representada pela monitoria em projetos de EJA, iniciação científica, núcleos de alfabetização, prestação de serviços, disciplinas optativas/eletivas etc. (SOARES, 2008). Além de a formação pedagógica inicial ser deficiente quanto às oportunidades de estudos sobre a EJA e suas especificidades, torna-se cada vez mais necessária a formação de um profissional voltado para as necessidades de aprendizagem dos jovens e adultos. E o que se tem visto é que as características específicas da prática ainda são tratadas de forma insuficiente nos cursos de pedagogia e nas diversas licenciaturas. Levando-se em consideração que todo professor poderá vir a atuar com a Educação de Jovens e Adultos, tanto em processos de escolarização como fora da escola, a formação desses educadores se torna uma questão fundamental, pois é necessário que esta considere a realidade da EJA (SOARES, 2002). O estágio supervisionado torna-se, assim, um espaço privilegiado de troca entre aqueles que ensinam e os que aprendem. É um espaço de formação, construção e criação. A EJA é também o espaço para entrar em contato com uma modalidade de ensino diferenciada e, portanto, permeada de significados distintos. O estágio supervisionado não deve ser considerado como menos importante do que as disciplinas teóricas do curso de Pedagogia ou das licenciaturas em geral. Ele precisa ser considerado como imprescindível à formação docente e as universidades e os próprios docentes precisam valorizar este contato com a prática pedagógica ainda durante o curso de graduação. É preciso que o estágio supervisionado considere a pessoa do professor e sua experiência, a profissão e seus saberes e a escola e seus projetos. Possibilitando, assim, a troca profissional e a abertura para mudanças (NÓVOA, 1992).
4 O que se pode perceber ao longo da história da Educação de Jovens e Adultos, e da constituição de seus fundamentos, é que a conquista do direito à EJA, assim como a mobilização por sua implementação, foi marcada pela forte presença da sociedade civil, através dos movimentos sociais e da prática da educação popular na reivindicação de direitos e de maior participação nos rumos da gestão pública. Isso contribuiu para a conscientização, mobilização e organização da sociedade, e na concepção, monitoramento e avaliação dos programas e políticas governamentais. Dessa forma, o papel da universidade e dos pedagogos na formação de sujeitos jovens e adultos em instituições e movimentos sociais perpassa a pesquisa de alternativas pedagógicas, o resgate e o apoio à sistematização da prática, a divulgação de inovações, a formação de professores e a sua integração com a comunidade escolar para a elaboração de propostas conjuntas de aperfeiçoamento da EJA. 2. O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA NA UERJ O Estágio Supervisionado em Pedagogia nas Instituições e nos Movimentos Sociais na UERJ compõe a grade curricular do curso de Pedagogia desde o ano de 2003 e consiste na inserção dos bacharelandos em espaços educativos não escolares. Em período anterior ao do estágio, os alunos e alunas têm uma disciplina teórica na grade curricular denominada Educação e Movimentos Sociais: aspectos históricos e políticos, como disciplina obrigatória, que serve como base e referência para o estágio em Instituições e Movimentos Sociais. Atualmente, o estágio tem carga horária total de 90 horas, sendo 30 horas teóricas em sala de aula com o professor supervisor de estágio e 60 horas de estágio na prática. Nessa formação os alunos cumprem seu estágio em diversos locais, como em organismos públicos e estatais, em movimentos sociais organizados, em organizações governamentais, não governamentais e instituições privadas. A formação do pedagogo para atuação em instituições e movimentos sociais faz parte de um dos quatro eixos que compõem o curso de Pedagogia, a saber: Pedagogia nas instituições; Pedagogia nos movimentos sociais;
5 Educação escolar e Educação inclusiva. Tais eixos são comuns à formação na licenciatura e no bacharelado e são transversais a todo o curso de Pedagogia, integrando conhecimentos e práticas desenvolvidos em atividades dentro e fora das salas de aula (PAIVA, 2006). O objetivo das aulas presenciais (ou teóricas) é o diálogo entre o professor supervisor e os alunos sobre as práticas que vivenciam e que servem de subsídio para os temas das aulas, das oficinas e dos debates, retomando questões surgidas nos estágios ou aprofundando o conhecimento sobre elas. Além disso, essas aulas tornam-se momentos oportunos para a troca dos diferentes olhares sobre a prática dos estagiários. Ao longo do estágio são apresentados relatórios parciais sobre o que se tem observado e realizado no mesmo e ao final os alunos e alunas apresentam um relatório integral. O relatório é o instrumento de mediação que o professor estabelece com os estágios de seus alunos, podendo com eles dialogar sobre o que observam, realizam, refletem, a partir da organização que fazem das ideias produzidas sobre o tempo de estágio (UERJ, 2005, p. 21) e também serve como instrumento de avaliação do desenvolvimento do estágio curricular supervisionado. A formação do educador na UERJ tem como premissa, desde as últimas reformulações do curso de Pedagogia, a perspectiva dialética da educação, relacionando a teoria à prática. Além disso, o curso pretende garantir a conciliação entre formação técnica e formação política, objetivando a intervenção do pedagogo na realidade, criticando as políticas voltadas à escola pública e ampliando a concepção de prática educativa, estendendo-a a diferentes espaços da sociedade. Assim, o estágio curricular supervisionado torna-se o lugar de vivenciar experiências pedagógicas e sociais expressivas da realidade brasileira, tanto em espaços públicos quanto privados (PAIVA, 2006, p. 55). Os campos de formação no curso de Pedagogia estão voltados na licenciatura para a Educação Infantil e para os anos iniciais do Ensino Fundamental para crianças, jovens e adultos e no bacharelado para o trabalho nas instituições e nos movimentos sociais. Assim, a ação do pedagogo não se vincula somente à ação docente na sala de aula e/ou na escola, mas
6 também nos múltiplos espaços educativos encontrados na sociedade, onde se produz conhecimento e transformações pela ação pedagógica. De acordo com o documento norteador do estágio supervisionado no curso de Pedagogia da UERJ, os espaços possíveis de atuação do pedagogo e/ou do estagiário são os seguintes: organizações não-governamentais; organizações sociais; programas de educação comunitária e popular em associações de moradores, associações de classe, sindicatos, cooperativas, federações, associações beneficentes, igrejas; empresas; órgãos públicos (que desenvolvem atividades educativas com os públicos a que atendem, assim como outros que desenvolvem seus próprios recursos humanos); museus; espaços educativos e alternativos de cinema; televisões educativas públicas e privadas, de canal aberto e fechado; centros culturais; bibliotecas públicas e comunitárias etc., podendo ser ilimitado o universo das instituições, em atendimento à dinâmica da sociedade (UERJ, 2005). Os movimentos sociais como campo de atuação dos bacharelandos no estágio supervisionado sinalizam a ideia de movimento, das lutas da sociedade civil pelo acesso à educação. Assim, movimentos como os fóruns (de EJA, da Educação Infantil, do Ensino Médio, da Escola Pública), os comitês, as campanhas educacionais etc. como espaços de atuação do pedagogo, revelam a ação coletiva, a articulação de interesses e de pessoas em torno de ideias comuns para contribuírem para o exercício do diálogo e do poder, constituindo espaços possíveis de prática do estágio supervisionado. Na formação para a atuação nas instituições e nos movimentos sociais a base da ação pedagógica se assenta na ideia principal da educação continuada, pela necessidade de aprender por toda a vida e/ou pela educação dos direitos. Nesse sentido, o estágio supervisionado é o espaço em que os bacharelandos têm contato, através da observação e participação, com experiências não escolares, com atividades educativas além da escola. E isso possibilita o contato com um trabalho em que o pedagogo atua como coordenador/gestor, como planejador e avaliador e não apenas como professor.
7 Isso não quer dizer que na atuação nas instituições e nos movimentos sociais o pedagogo deixa de ser professor, mas significa que ele pode trabalhar em outros espaços, para além da sala de aula. Por isso é permitido ao estagiário cumprir a carga horária do estágio em programas de educação comunitária e popular em associações, sindicatos, cooperativas, igrejas e em movimentos sociais organizados de diversos tipos. Contudo, o pressuposto básico desse desenho curricular é de uma formação do pedagogo para atuar nas instituições e nos movimentos sociais que esteja organicamente articulada à formação para a docência. 3. METODOLOGIA A metodologia utilizada nesse estudo pauta-se pela observação de estagiários, estudantes de Pedagogia, ao longo de quatro períodos, em seis turmas diferentes, correspondendo a um total de 77 estudantes, durante os anos de 2013 e O levantamento dos dados apresentados partem dos relatórios (parciais e finais) produzidos por esses alunos durante a disciplina de Pedagogia nas Instituições e nos Movimentos Sociais Estágio Supervisionado. Tanto os relatórios quanto as aulas presenciais trazem à tona todas as experiências vivenciadas por estes estudantes, além de suas angústias, críticas, questionamentos, sugestões e reações surgidas ao longo das horas de contato com as instituições. Os dados mostrados a seguir foram analisados à luz da discussão sobre a formação inicial dos pedagogos na UERJ. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos relatórios apresentados o que se constata é que praticamente nenhum aluno consegue realizar o estágio em algum movimento social, por falta de informações (por parte dos alunos) ou não aceitação (por parte dos movimentos) de estagiários. Assim, o que se constata é que ao longo do período observado, somente uma aluna conseguiu realizar o estágio em um movimento social, no caso, na União Estadual dos Estudantes (UEE). A imensa maioria realizou estágios em Organizações Não Governamentais ou instituições
8 religiosas. Alguns ainda em escolas públicas ou privadas. Neste caso, atuando no acompanhamento da gestão e/ou coordenação pedagógica. E outros ainda, em programas da própria Universidade. No quadro a seguir, pode-se ver o número de estudantes e as instituições que frequentaram durante o estágio: Número de alunos Instituição 1 Associação Santa Marta 3 Brinquedoteca do Hospital Pedro Ernesto 1 Casa da Cidadania Florestan Fernandes 1 Casa de Betânia oficina de história e cidadania 1 Casa Solar Bezerra de Menezes 1 CDI Comitê para Democratização da Informática 1 Centro de dança Kleber Guimarães 1 Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré 1 Centro Educacional Caldeira e Ferreira 1 Classe hospitalar do Hospital Pedro Ernesto 1 Colégio Pedro II 1 Coordenação do Curso de Pedagogia/UERJ 1 Creche Odetinha Vidal de Oliveira 7 Escola privada de Ensino Fundamental (gestão e coordenação) 2 Escola pública municipal de Ensino Fundamental (gestão e coordenação) 1 Grupo de capoeira Água Santa 1 Hospital Pedro Ernesto oficinas 1 IARJ Instituto de Administração do Rio de Janeiro 1 INCAFE Alfabetização de idosos 1 Inove UERJ Pós-graduação 1 Instituição religiosa judaica 1 Instituto BEM 1 MEDGRUPO
9 1 Monitoria de eventos educacionais 1 Museu da Maré 1 NAF Esporte e lazer para crianças 2 NEEI/UERJ Núcleo de Educação Especial e Inclusiva 7 NEIPE/UERJ Núcleo de Estudos da Infância Pesquisa e extensão 1 NETEDU/UERJ Núcleo de Tecnologia Educacional 1 ONG Enraizados Nova Iguaçu 1 ONG Mãos amigas 4 Pré-vestibular social 1 Pré-vestibular social do SINTUPERJ 5 PROALFA/UERJ Programa de Alfabetização, Documentação e Informação 5 PROÍNDIO/UERJ Programa de Estudos dos Povos Indígenas 1 Projeto CEDRO Educação Especial de Adultos 1 Projeto Conexão 1 Projeto Entrejovens (adolescentes) 1 Projovem Belford Roxo 1 REAME Abrigo transitório (unidade de acolhimento) 2 SENAI 1 SESC 1 SESI 1 Tribunal de Justiça 4 UNATI/UERJ Universidade da Terceira Idade 1 União Estadual dos Estudantes A partir do quadro acima, pode-se perceber a diversidade de instituições nas quais os estudantes cumpriram seus estágios. A diversidade de atividades realizadas nestas instituições também é considerável. Nos relatórios, essas diversas experiências foram trazidas e apresentadas pelos alunos, possibilitando uma troca rica de vivências e práticas. Os relatórios trazem uma articulação com a teoria trabalhada nas aulas presenciais e uma análise crítica do
10 estágio realizado. O relatório parcial é sempre produzido na metade do período letivo e é devolvido ao aluno com contribuições do professor para orientá-lo na produção do relatório final/integral. Outra observação interessante é que boa parte das instituições atende a um público infantil. Ou seja, nem todos os alunos seguiram a orientação de buscar experiências na área da EJA. Ainda assim, a possibilidade de atuação em espaços não-escolares garantiu aos estudantes contribuições significativas para a construção de uma identidade profissional. O Estágio Supervisionado em Pedagogia nas Instituições e nos Movimentos Sociais não é exclusivamente voltado para a atuação com os sujeitos jovens e adultos. Ele pressupõe também a oportunidade do trabalho em programas e projetos destinados à criança, que tenham caráter educativo, como brinquedotecas, museus e centros culturais, parques infantis, propostas de educação ambiental, educação em ambiente hospitalar etc. (UERJ, 2005). O que se espera no estágio em instituições e movimentos sociais é que os alunos e alunas da graduação busquem experiências diferenciadas, além daquelas já conhecidas, com sujeitos diversos, em diferentes espaços. Por isso, os professores supervisores têm incentivado, ao longo dos últimos anos, a atuação dos estagiários em espaços que oferecem práticas educativas voltadas aos jovens e adultos. Aí encontra-se a construção da identidade profissional dos estudantes de Pedagogia que, tendo contato com diferentes espaços de ação, podem compreender e vislumbrar atuações diferenciadas, como profissionais da educação de uma maneira geral e não só nas atividades docentes. Percebe-se, na fala dos alunos e alunas da Pedagogia que procuram tais estágios, uma abertura a novas oportunidades e campos de atuação. E o que mais impressiona é que estes espaços muitas vezes jamais foram pensados pelos estudantes. Eles relatam que os contatos que estabelecem nos estágios, observando e participando das instituições, os levam a ampliação da atuação do pedagogo na sociedade. E a identidade profissional vai se constituindo nesse olhar, que desmitifica certos conceitos preestabelecidos, garantindo uma formação integral dos futuros pedagogos.
11 Muitos se identificam logo no início com o local de estágio e comentam, durante as aulas teóricas ou nos relatórios, como fazer esse estágio foi importante para a sua formação, vislumbrando outras possibilidades de trabalho após a graduação. Da mesma maneira, a análise crítica desses espaços também é importante e tem sido fomentada nas aulas teóricas e nos relatórios. O que corresponde a compreender o papel das instituições e dos movimentos sociais na educação (de jovens e adultos inclusive), com um olhar crítico que problematize as ações educativas realizadas nesses espaços. Possibilitar a atuação em espaços não escolares significa ampliar o olhar para outras práticas, além daquelas de escolarização. Isso significa oportunizar vivências e experiências aos bacharelandos diferentes das habituais, na ótica do reconhecimento do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. CONCLUSÕES A análise da prática do Estágio Supervisionado em Pedagogia nas Instituições e nos Movimentos Sociais nos remete a algumas questões instigantes. A primeira diz respeito à formação do educador para a EJA. Tendo em vista que não há no curso de Pedagogia da UERJ habilitação específica para a área, a formação encontra-se diluída na habilitação para o magistério nos anos iniciais (exclusivamente para a escola) e no estágio em Instituições e Movimentos Sociais, cuja atuação na EJA dependerá da escolha do estudante e das possibilidades de estágio na área. Assim, o estudante pode passar todo o seu curso sem um contato direto com a EJA. No mesmo sentido, é interessante questionar como estimulá-lo a buscar a EJA ainda durante a formação e como levá-lo a conhecer melhor esta modalidade de ensino. Outro questionamento relevante diz respeito ao papel do pedagogo nas Instituições e nos Movimentos Sociais. Ainda é necessário articular a docência ao trabalho fora da sala de aula, em espaços não escolares e de educação não-formal. E muitas vezes os próprios
12 pedagogos ainda necessitam compreender como atuar nas Instituições e nos Movimentos Sociais sem abandonar a função docente, sem deixar de ser professor. Uma crítica que pode e deve ser feita a esse estágio refere-se à pouca atuação dos estagiários em movimentos sociais, restringindo-se somente às instituições educativas. Assim, poucos estudantes têm contato com os movimentos e dificilmente saberão na prática como se organizam e se articulam com as práticas educativas. É necessário rever os motivos que dificultam a atuação dos estagiários nos movimentos sociais e como a Universidade pode interferir nessa questão, por exemplo, buscando e mantendo convênios com os mesmos. Essas e outras questões nos impõem o desafio de trabalhar com o Estágio Supervisionado em Pedagogia nas Instituições e nos Movimentos Sociais, pois apontam as lacunas da formação e o quanto ainda é necessário aprofundar os estudos e os esforços para a melhoria desta formação. Ao mesmo tempo o estágio quer estar a serviço de uma análise crítica da formação de professores e também da Educação de Jovens e Adultos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, PAIVA, J. Concepções e movimentos pela formação de pedagogos para a Educação de Jovens e Adultos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. In: SOARES, L. (Org.). Formação de Educadores de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autêntica/Secad-Mec/Unesco, SOARES, L. Avanços e desafios na formação do educador de jovens e adultos. In: MACHADO, M. M. (Org.). Formação de educadores de jovens e adultos. Brasília: Secad/MEC, Unesco, 2008.
13 . Educação de jovens e adultos: diretrizes curriculares nacionais. Rio de Janeiro: DP&A, UERJ. Faculdade de Educação. Concepções, normas e procedimentos de estágio curricular supervisionado. Rio de Janeiro: UERJ, UNESCO. Alfabetização de jovens e adultos no Brasil: lições da prática. Brasília: UNESCO, 2008.
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