IPTU. Witoldo Hendrich Júnior Março

Transcrição

1 Witoldo Hendrich Júnior Março

2 Principal classificação dos impostos Real ou pessoal Fiscal ou extrafiscal Direto ou indireto Fixo, proporcional, progressivo ou regressivo Instantâneo, continuado ou complexivo

3 REAL incide sobre o bem DIRETO o ônus recai exclusivamente na pessoa do contribuinte. FISCAL objetiva proporcionar recursos ao Município PROPORCIONAL (antes x depois da EC ( 29/00 CONTINUADO fato único que se repete ao longo do tempo

4 STF considera que o IPTU é imposto real porque não leva em consideração nenhum aspecto relativo à pessoa do proprietário, mas somente as características do imóvel sobre o qual incide o imposto. Sacha Calmon e Mizabel Derzi entendem que o IPTU deveria levar em consideração a pessoa do contribuinte (pessoal). Roque Carraza acredita que, juricamente, todo imposto é pessoal, porque uma coisa não pode ser titular de dever jurídico (sujeito passivo da obrigação tributária).

5 Constituição art. 156, I e 1º Compete aos municípios instituir impostos sobre... a propriedade predial e territorial urbana. CTN arts. 32 a tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse a qualquer título CTM (Lei 691/84) arts. 52 a 86 (idem ( CTN

6 art. 32, CTN Divergência sobre a recepção do art. 32, CTN: Leandro Paulsen - a riqueza revelada pela propriedade que é dada à tributação... não se pode tributar senão a propriedade e senão quem revele tal riqueza. A titularidade de qualquer outro direito real revela menor riqueza Sacha Calmon - Não enxergamos, noutras palavras, excesso no Código Tributário Nacional, que teria ido além do enunciado pelo constituinte ao agregar à propriedade, esta constante da redação da Carta, a posse e o domínio útil (e que aparecem no texto da lei complementar tãosomente)

7 art. 32, CTN STF - o fato gerador do tributo não é apenas a propriedade, mas também o domínio útil ou a posse quando estes não estão na titularidade do proprietário (STF, ( out/05 1ª turma, informativo 405, RE inequivocamente um imposto real, porquanto tem ele como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel localizado na zona urbana do Município...

8 PROPRIEDADE: Maria Helena Diniz - o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicar de quem injustamente o detenha.

9 DOMÍNIO ÚTIL: Prof. Cláudio Borba quando a pessoa, sem ser proprietária, pode usar, gozar e dispor de seus direitos relativos a um imóvel, não obstante outro seja proprietário, enquanto a posse, prevista no art do Código Civil, é o caso da pessoa que detém diretamente o bem, por exemplo, o promitente comprador imitido na posse do imóvel e o usufrutuário. SEF/MG - Situação jurídica, relativa à propriedade, que se gera do desdobramento dos direitos reais sobre a coisa, ficando o foreiro com o domínio útil, pelo que o proprietário conserva o direito de propriedade sobre o bem, mas cabe ao foreiro o direito de uso e gozo pela utilização do mesmo.

10 - Possuidor POSSE A QUALQUER TÍTULO: STJ decidiu que a posse deve ser direta (p.ex. promitente comprador). O possuidor, na qualidade de promitente-comprador, pode ser considerado contribuinte do IPTU, conjuntamente com o proprietário do imóvel, responsável pelo seu pagamento. (Precedentes: RESP n.º /SP, Luiz Fux)

11 Possuidor Posse indireta não gera dever de pagar IPTU: O Superior Tribunal de Justiça possui vastidão de precedentes no sentido de que o locatário é parte ativa ilegítima para impugnar lançamento de IPTU, pois não se enquadra na sujeição passiva como contribuinte e nem como responsável tributário (arts. 121 e 123 do CTN). Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título (art. 34 do CTN). O possuidor a qualquer título refere-se, tão-somente, para situações em que ocorre posse ad usucapionem, não inserida nesta seara a posse ( /RJ indireta exercida pelo locatário. (REsp

12 Critério Material Critério Material: O critério material de uma norma que institui tributo é composto por um verbo (que pode exprimir uma ação ou um estado: ser, estar, permanecer) e um complemento Ser proprietário de imóvel urbano

13 Fato Gerador Art O Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse do bem imóvel, por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. (atentar para novo posicionamento do STJ) Parágrafo único Considera-se ocorrido o fato gerador no primeiro dia do exercício a que corresponder o imposto.

14 Critério espacial Critério Espacial Município.

15 Critério espacial Art Para os efeitos do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, entende-se como zona urbana toda área em que existam melhoramentos indicados em pelo menos 2 dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 Km do imóvel. Parágrafo único - Consideram-se também urbanas as áreas urbanizáveis ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelo órgão competente, destinados à habitação, à indústria ou comércio Art As disposições desta Lei são extensivas aos imóveis localizados fora da zona urbana que, em face de sua destinação ou área, sejam considerados urbanos para efeito de tributação.

16 DÚVIDA DO PROFESSOR Cansado dos altos valores pagos a título de IPTU, o proprietário de um terreno na Barra da Tijuca decide transformá-lo em plantação de hortelã, passando a vender o cultivo em pequenos vasos nos supermercados da região. Em sequencia, peticiona à Administração Fazendária do Rio informando ser contribuinte, a partir de agora, do ITR. O pedido é indeferido e o contribuinte maneja ação declaratória. Como Juiz da causa, como você decidiria? NÃO OLHEM A INTERNET!

17 Critério Temporal Critério Temporal: 1º de janeiro de xxxx. Não confundir o critério temporal com a data do pagamento. Critério material é momento em que a hipótese de incidência ou o fato gerador se concretizam. Art Parágrafo único Considera-se ocorrido o fato gerador no primeiro dia do exercício a que corresponder o imposto.

18 Critério Pessoal Critério Pessoal: Ativo Município onde se encontra o bem imóvel Passivo o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor a qualquer título. Art Contribuinte do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. Parágrafo único - São também contribuintes os promitentescompradores imitidos na posse, os posseiros, ocupantes ou comodatários de imóveis pertencentes à União, aos Estados, aos Municípios, ou a quaisquer outras pessoas isentas do imposto ou a ele imunes.

19 DÚVIDA DO PROFESSOR O Município do Rio de Janeiro encontra débito relativo a uma unidade imobiliária. Antes de distribuir a Execução Fiscal, consulta o RI, onde encontra: Promitente-vendedor: Construtora Wit Promitente-comprador: Witoldo Com essa informação, distribui execução fiscal contra os promitentes comprador e vendedor. Depois dos Embargos de ambos, onde a única alegação é a ilegitimidade passiva, como você decidiria a causa? EU PEDI PARA NÃO OLHAR A INTERNET!

20 Critério Quantitativo BASE DE CÁLCULO valor venal do imóvel Art A base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Predial é o valor venal da unidade imobiliária, assim entendido o valor que esta alcançaria para compra e venda à vista, segundo as condições do mercado. Atualização do valor venal por meio de decreto. Pode? ALÍQUOTA Art O imposto será calculado aplicando-se sobre a base de cálculo as alíquotas seguintes: I - Imóveis Edificados: 1 - Unidades Residenciais... 1,20% 2 - Unidades Não Residenciais... 2,80% II - Imóveis Não Edificados... 3,50%

21 Curiosidades: Art O Imposto sobre a Propriedade Predial incide sobre os imóveis edificados, com "habite-se", ocupados ou não, e ainda que a construção tenha sido licenciada por terceiro ou feita em terreno alheio. Parágrafo único - O imposto incide, também, sobre imóveis edificados e ocupados ainda que o respectivo habite-se não tenha sido concedido. Art O Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana incide sobre os imóveis nos quais ainda não tenha havido edificações ou cujas edificações tenham sido objeto de demolição, desabamento, incêndio, ou estejam em ruínas. IPTU em loteamentos. Gleba. Conceito de gleba.

22 Isenções - Art. 61: Imóveis de interesse histórico, cultural ou ecológico, ou de preservação paisagística e ambiental, assim reconhecidos pelo órgão competente... respeitadas as características do prédio Imóveis de propriedade das pessoas jurídicas de direito público externo, quando destinados ao uso da missão diplomática ou consulado Imóveis situados nas regiões A e B destinadas à exploração agro-pecuárias, avícolas, desde que registradas nos órgãos competentes e não superiores a um hectare, 1000 metros... Reserva florestal Teatro Indústria cinematográfica Ex-combatente brasileiro da 2ª Guerra Mundial Escolas para deficientes Biblioteca pública

23 PROGRESSIVIDADE Fiscal x Extrafiscal CRFB, art. 156 ( 1º x inciso I em razão do valor venal do imóvel) CRFB, Art. 182: 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III desapropriação...

24 - Antes da EC 29/00

25 Jurisprudência anterior à EC 29/00 AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. IPTU PROGRESSIVO. ARTIGO 67 DA LEI 691/84. MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. O artigo 67 da Lei 691/84 do Município do Rio de janeiro não foi recebido pela Constituição do Brasil, dado que estabeleceu a progressividade do IPTU em função da área e da localização dos imóveis, circunstâncias ligadas à capacidade contributiva. (AI-AgR /RJ). Sumúla nº 668 do STF É INCONSTITUCIONAL A LEI MUNICIPAL QUE TENHA ESTABELECIDO, ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL 29/2000, ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS PARA O IPTU, SALVO SE DESTINADA A ASSEGURAR O CUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA.

26 Depois da EC 29/2000 CRFB, art. 156, 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo... o IPTU poderá ser progressivo em razão do valor venal do imóvel e ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel. há quem sustente que a Emenda Constitucional 29/00 é inconstitucional por violar cláusula pétrea, sendo tendente a abolir o direito individual à propriedade e ao princípio da capacidade contributiva.

27 Como é a Lei no Rio de Janeiro: Art O imposto será calculado aplicando-se sobre a base de cálculo as alíquotas seguintes: I - Imóveis Edificados: 1 - Unidades Residenciais... 1,20% 2 - Unidades Não Residenciais... 2,80% II - Imóveis Não Edificados... 3,50%

28 descontos JURISPRUDÊNCIA - o Órgão Especial do TJRJ decidiu pela constitucionalidade da Lei 2599/99, por 25 x 0. O STF vem dicidindo da mesma forma.

29 COMO AUMENTAR A ARRECADAÇÃO? Comunicação com a administração de outros impostos (ITBI, IR, ITCMD); Revisão da planta de valores Revisão cadastral Aumento de alíquota a pior delas

30 :( CTN Lançamento (142, Lançamento de ofício (direto) o lançamento direto é o que dispensa a participação do administrado na formação do valor do tributo. Hugo de Brito - As entidades da Adm. Tribut., no caso as Prefeituras, dispõem de cadastros de imóveis e com base neste efetuam, anualmente, o lançamento do tributo, notificando os respectivos contribuintes para o seu pagamento. Aires F. Barreto todo lançamento exige uma participação do contribuinte. O que varia é a intensidade.

31 CTM, Art O lançamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana é anual, considerando-se regularmente notificado o sujeito passivo desde que tenham sido feitas publicações na Imprensa Oficial dando ciência ao público da emissão das respectivas guias de pagamento. Notificação do Lançamento remessa ao contribuinte. (súmula 397, STJ). Informação divulgada pelos meios de comunicação de massa. Se na notificação não houver data para pagamento, este deve ( CTN ser feito em 30 dias (art. 160,

32 Alteração de valor venal: "É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária" (Súmula 160/STJ DJU 1996).

33 Penalidades art. 84, CTM I - falta de pagamento, no todo ou em parte, por não inscrição do imóvel ou seus acréscimos: Multa: 100% (cem por cento) sobre o imposto devido; II - falta de pagamento, no todo ou em parte, por não declaração ou declaração inexata de elementos necessários ao cálculo e lançamento: Multa: 100% (cem por cento) sobre o imposto devido; )...(

34 Prescrição e decadência Fábio Fanucchi - o termo inicial da decadência é o nascimento do direito. O termo inicial da prescrição é o desrespeito ao direito. Decadência CTN, art anos, contados do 1º dia, do exercício seguinte. CTM, Art Enquanto não extinto o direito da Fazenda Municipal poderão ser efetuados lançamentos omitidos ou complementares, estes últimos somente quando decorrentes de erro de fato. Prescrição CTN, anos, contados da constituição definitiva

35 DÚVIDA DO PROFESSOR Grupo 1- Representa o interesse de um empresário que arrendou um imóvel no Aeroporto de Jacarepaguá. O imóvel é de propriedade da INFRAERO. Deseja não pagar IPTU e Tx de coleta de lixo eis que o Proprietário do imóvel é a INFRAERO. Grupo 2- Município do Rio de Janeiro. Quer que o empresário pague o IPTU e tx de coleta de lixo. Grupo 3- Juiz da causa. NINGUÉM ME OBEDECE... NÃO OLHEM A INTERNET!

36 REPERCUSSÃO GERAL: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. IPTU. IMÓVEL DE PROPRIEDADE DE ENTE PÚBLICO. CONCESSÃO DE USO. EMPRESA PRIVADA EXPLORADORA DE ATIVIDADE ECONÔMICA COM FINS LUCRATIVOS. CONTRIBUINTE DO IMPOSTO. QUALIFICAÇÃO. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

37 ÚLTIMA DÚVIDA DO PROFESSOR Um templo de qualquer culto possui um salão do outro lado da rua, frequentemente utilizado pelos fiéis para festas. Grupo 1- Fiscal quer que ele pague IPTU sobre este imóvel; Grupo 2- Líder espiritual não quer pagar. Alega imunidade. Grupo 3- Juiz da causa AGORA PODEM OLHAR A INTERNET!

38 Obrigado pela atenção!