OLIVEIRA, Juliana Moreira de 1 CEZAR, Anderson Dias 2 LUZ, Viviane Christina Felipe Gonçalves de Abreu da 3
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1 Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano 2012, v. 15, edição especial, p NOVO REGISTRO DE HOSPEDEIRO DE LERNAEA DEVASTATRIX BOXSHALL, MONTÚ & SCHWARZBOLD, 1997 (CRUSTACEA: LERNAEIDAE) NO RIO DA GUARDA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL OLIVEIRA, Juliana Moreira de 1 CEZAR, Anderson Dias 2 LUZ, Viviane Christina Felipe Gonçalves de Abreu da 3 Palavras-chave: Lernaea devastatrix. Ectoparasitos, Hoplosternum littorale. Litoral do Rio de Janeiro. Problemática O Rio da Guarda (22º89'S; 43º76'O) possui uma bacia de 346 km² de área e deságua na Baía de Sepetiba, a oeste da foz do Rio Guandu, localizando-se na Região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), sua bacia abrange três municípios: Seropédica, ocupando a maior parte (67%), Itaguaí (28%) e Rio de Janeiro (5%). Segundo Oliveira (1986), sua cabeceira é formada principalmente pelos Rios Piloto, Cai-Tudo e seus afluentes, o Rio do Meio-Dia, Rio Piranema, Canal de Santo Inácio, Valão do Dendê, Valas da EMBRAPA e Valas da UFRRJ, e sua desembocadura se dá no lado noroeste da Baía de Sepetiba, apresentando em sua foz uma zona estuarina bastante grande com características próprias, onde a ação das marés constitui um importante regulador ecológico. É um ambiente lótico ainda pouco estudado, que apresenta uma ictiofauna diversificada contendo espécies de importância comercial como Geophagus brasiliensis e Astyanax bimaculatus, das famílias Cichlidae e Characidae, respectivamente. Dentre as famílias encontradas no Rio da Guarda, está a Callichthyidae, tendo como representante a espécie Hoplosternum littorale. É um peixe bentônico, com hábitos alimentares 1 Acadêmica do curso de Graduação em Ciências Biológicas voluntária do PIBIC&T da Universidade Castelo Branco RJ. moreiraj@live.com. 2 Docente pesquisador da Universidade Castelo Branco RJ, CEPBio Av. Santa Cruz, 1631, Realengo, CEP anderson@castelobranco.br. 3 Acadêmica do curso de Graduação em Ciências Biológicas bolsista do PIBIC&T Universidade Castelo Branco RJ. vivianedabreu@gmail.com.
2 variáveis, típico de áreas alagáveis e ambientes pantanosos. Essa espécie, além de possuir um alto valor comercial em alguns países da América do Sul, apresenta como características fácil reprodução em ambientes confinados e boa tolerância a baixos níveis de oxigênio, o que a torna propícia ao cultivo (Luquet et ai. 1990). Além das brânquias, essa espécie utiliza as células epiteliais intestinais para respirar, podendo cessar sua alimentação no período de seca e utilizar seu intestino para a respiração aérea (Boujard et al., 1990). Há poucos estudos sobre ectoparasitos em H. littorale, os quais foram realizados por Azevedo & Matos (1989) e Torres et al. (1994), que registraram os protozoários Henneguya sp. e Henneguya amazônica no rio Amazonas, respectivamente; Pavanelli et al. (2004) registraram Monogenea na planície de inundação do alto rio Paraná; Abdallah et al. (2006), que registraram os hirudíneos Glossiphonidae gen. sp. e Placobdella sp. no rio Guandu, Rio de Janeiro. No presente trabalho registra-se pela primeira vez a ocorrência do copépode Lernaea devastatrix parasitando H. littorale, no rio da Guarda, Rio de Janeiro. Procedimentos Metodológicos No período entre novembro de 2009 e março de 2010 foram necropsiados 13 espécimes de Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) (Osteichthyes: Callichthyidae), coletados por pescadores artesanais, provenientes do Rio da Guarda do estado do Rio de Janeiro, Brasil (22º89'S; 43º76'O). Uma vez obtidos, os peixes foram acondicionados em caixas de isopor contendo gelo, assegurando assim boas condições para a coleta dos parasitos e proteção durante o transporte até o Laboratório de Biologia da Universidade Castelo Branco, sendo posteriormente identificados de acordo com Bizerril & Primo (2001). Os peixes estudados mediram 17,2-23,7 (20,6 ± 1,89) cm de comprimento total. Para a coleta dos crustáceos parasitos, as brânquias foram colocadas em um frasco contendo, aproximadamente, 250 ml de formalina 1:4000 e agitado de 50 a 60 vezes. Após uma hora, o conteúdo foi lavado em água corrente e peneirado por uma peneira de 154 µm de abertura, colocado em placa de petri, onde foi observado com o auxílio de um microscópio estereoscópico. Após a coleta, os mesmos foram colocados em solução salina fisiológica 0,65%, fixados e conservados em etanol 70 o GL e, posteriormente, foram clarificados em ácido láctico. A prevalência e intensidade dos ectoparasitos foram calculadas de acordo com Bush et al. (1997). 83
3 Resultados Principais Dos 13 espécimes estudados de Hoplosternum littorale, uma fêmea estava parasitada com dois espécimes de Lernaea devastatrix (Boxshall, Montú & Schwarzbold, 1997), apresentando prevalência igual a 7,6% e intensidade de infecção igual a 2. Um dos espécimes foi encontrado sobre a superfície corporal e o outro parasitando filamentos branquiais. Os copépodes da família Larnaeidae são conhecidos mundialmente pela patogenicidade e são amplamente disseminados no mundo inteiro (Fischer et al., 2003). A espécie L. devastatrix já foi registrada parasitando espécies das famílias Characidae, Cyprinidae, Erythrinidae, Heptapteridae, todos hospedeiros dulciaquícolas (Luque & Tavares, 2007). A subclasse Copepoda se destaca dentre os crustáceos parasitas por apresentar grande número de espécies conhecidas (Fonsêca, 2003). A espécie Lernaea devastatrix foi recentemente descrita, e ainda não foram realizados estudos sobre sua biologia, porém como todos os copépodes pertencentes à família Lernaeidae deve apresentar um alto potencial patogênico e rápida disseminação, o que a caracteriza como uma importante espécie para a piscicultura. As baixas prevalência e riqueza parasitária encontradas podem estar relacionadas ao número de espécimes estudados e às condições do ambiente que, atualmente, sofre com os efeitos antrópicos, como o despejo de rejeitos, especialmente da população ribeirinha. Agradecimentos À Universidade Castelo Branco pelo apoio financeiro e pela infraestrutura dos laboratórios, e a Fabiano Paschoal, mestrando em Parasitologia Veterinária, por sua colaboração durante a realização deste trabalho. Referências ABDALLAH, V. D.; Azevedo, R. K.; Luque, J. L. Ecologia da comunidade de metazoários parasitos do tamboatá Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) (Siluriformes: Callichthyidae) do Rio Guandu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Scientiarum Biological Sciences, v. 28, n. 4, p , AZEVEDO, C.; Matos, E. Some ultrastructural data on the spore development in a Henneguya sp. parasite of the gill of a Brazilian fish. Parasitol. Res., Berlin, v. 76, n. 2, p ,
4 BIZERRIL, C.R.S.F.; Primo, P.B.S. Peixes de Águas interiores do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: FEEMAR-SEMADS. 417 p, BOUJARD, T.; Keith, P.; Luquet, P. Diel cycle in Hoplosternum littorale (Teleostei): evidence for syncronization of locomotor, air breathing and feeding activity by circadian alternation of light and dark. J. Fish Biol., London, v. 36, n. 2, p , BUSH, A.O.; K. D. Lafferty; J.M. Lotz & A.W. Shostak. Parasitology meets ecology on its own terms: Margolis et al. Revisited. Jour. Parasitol. (83): , FISCHER, C.; Malta, J. C. O.; Varella, A. M. B. A fauna de parasitas do tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818) (Characiformes: Characidae) do médio rio Solimões, Estado do Amazonas (AM) e do baixo rio Amazonas, Estado do Pará (PA), e seu potencial como indicadores biológicos. Acta Amaz., Manaus, v. 33, n. 4, FÔNSECA, F.T.B. Copépodos parasitas de peixes Mugilidae, Centropomidae, Gerreidae do Canal de Santa Cruz e Área de Suape (Pernambuco Brasil). Tese (Doutorado) Universidade Federal de Pernambuco, LUQUE J. L. & Tavares L. E. R. Checklist of Copepoda associated with fishes from Brazil Zootaxa 1579: 1 39, LUQUET, P., T. Boujard; P. Planquette; Y. Moreau & G. Hostache The culture of Hoplosternum littorale: State of the art and perspectives. p n: J. Barret (Ed.). Advances in tropical aquaculture. Tahiti, 1990, v. 9. OLIVEIRA, E. F. Fauna helmintológica endoparasitária dos peixes do complexo hidrográfico formador do rio da Guarda, Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
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