Mapas Conceituais: representação do Conhecimento
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- Manuel Arruda Garrau
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1 Universidade Federal de Alagoas Campus Arapiraca/Pólo Penedo Curso de Engenharia de Pesca Disciplina: Física Geral e Experimental II (ENGP011) Turma: C Semestre: Professor: Adeildo Amorim TRABALHO Divulgação: 17/11/2009 Entrega: 30/11/2009 (Data da Avaliação Bimestral) QUESTÃO ÚNICA: Com base no texto a seguir construa um mapa conceitual sobre o tema Termodinâmica e aplicações. OBSERVAÇÃO: Mapa conceitual não é um fluxograma! Ele é composto por uma série de sujeitos conectados, através de palavras ou frases de ligação, que permitem formar uma rede de representação do conhecimento sobre algum tema. TEXTO: Mapas Conceituais: representação do Conhecimento Autores: Luiza Tatiana Forte Ana Lucia Bonassina Carla Camargo Cecilia Lopes Patricia Lupion Torres Resumo: Este trabalho consiste numa revisão bibliográfica que procura expor os conceitos, características e benefícios dos mapas conceituais. Tal estudo procura investigar por meio de publicações científicas como esta representação do conhecimento pode se constituir de uma ferramenta no processo de aprendizagem tanto para estudantes como para professores. Além disso, o estudo das produções dos mapas conceituais permite a sua utilização correta para potencializar o aprendizado. 1. INTRODUÇÃO A busca pela produção e divulgação do conhecimento tem despertado a procura de técnicas que permitam uma maior facilidade no aprendizado. Conforme afirma Hunt (apud Molina et all, 2004:25) que talvez o compromisso mais importante que um
2 indivíduo do século XXI possa assumir seja o desenvolvimento de sua capacidade de aprender. Neste sentido a representação gráfica do conhecimento definida sob a forma de mapa conceitual tem se revelado uma importante ferramenta de organização das idéias. Tal representação vem sendo utilizada a muitos anos e tem facilitado o entendimento de conceitos, informações e idéias. De acordo com Soto (2004: 147), os processos que se desenvolvem com esta técnica são: a compreensão do que se lê, pensamento reflexivo, pensamento de significados, relações espaciais, integração perceptiva de campo, diferenciação entre o essencial e acidental, raciocínio de séries dedutivas, raciocínio de séries indutivas e compreensão verbal. Existem diversos recursos didáticos que servem para representar as informações de forma visual. Pode-se citar: esquemas de chaves, mapas mentais, organogramas, mapas conceituais, entre outros. Estes recursos possibilitam uma forma diferenciada de representar a informação textual. Estas ferramentas podem auxiliar alunos e professores a expressar, elaborar, compartilhar, melhorar e entender as suas criações. Vale salientar a afirmação de Torres e Marriott (2006: 14-16) a qual destaca que os mapas conceituais são nomeados mapas visuais ou confundidos com outras formas de representações em muitas situações porém o que os diferencia é o uso de palavras/frases de ligação. 2. APRESENTANDO ALGUNS CONCEITOS Mapa conceitual é uma técnica ou recurso didático criado por Joseph Novak em Surgiu da necessidade de acompanhar o desenvolvimento cognitivo de crianças no processo ensino-aprendizagem do ensino fundamental. Termo composto cujo significado pode-se inferir a partir de seus termos simples, é uma técnica de organização do conhecimento. Entre os significados do termo mapa, encontram-se as conotações de representação, lista descritiva ou relação (DICIONÁRIO AURÉLIO, p.1086). A palavra conceitual é tida como sendo representativa das características gerais de um objeto ou idéia (DICIONÁRIO AURÉLIO, p. 445). O uso dessa ferramenta permite a organização de idéias de forma clara, resumida e com estrutura hierárquica do geral para o específico, Tavares (2003: 05) complementa: O ser humano apresenta tendência de aprender mais facilmente um corpo de conhecimentos quando ele é apresentado a partir de suas idéias gerais e mais inclusivas e se desdobrando para as idéias mais específicas e menos inclusivas. Devido a sua ação facilitadora, atualmente, é aplicada tanto no âmbito escolar quanto empresarial. Sendo uma técnica flexível, pode ser usado em diversas situações para diversas finalidades: instrumento de análise de currículo, técnica didática, recurso de aprendizagem, meio de avaliação (TAVARES, 2003). Okada (2003), refere que o pensamento humano é construído por redes e associações. Produz-se novos saberes em rede hipertextual, não é pensado linearmente. Um novo saber se conecta com um saber já construído podendo ser atualizado e até mesmo refutado. Tudo depende da nossa produção de sentidos, de como significamos. Assim sendo, o uso de mapas conceituais se constitui como um dispositivo fecundo para novas aprendizagens. A expressão da rede de pensamento cartografia cognitiva pode ser externalizada / internalizada / externalizada num movimento dinâmico como um "retrato hipertextual" da mente a partir dos mapas conceituais.
3 De acordo com Novak (1984) os mapas conceituais, enquanto ferramenta educacional, são uma forma de ajudar os estudantes e os educadores a ver os significados dos materiais de aprendizagem. Novak, afirma que "toda situação educativa envolveria uma ação, cuja intenção seria uma troca de significados para os quais seria necessário pensar e de sentimentos entre o professor e o aprendiz" (apud Manrique, 2002: 3). Então, uma situação educativa abrangeria cinco elementos: aprendiz, professor, conhecimento, contexto e avaliação. As relações entre esses elementos podem ser representadas em um mapa conceitual. Novak e Gowin (1999 p. 31) definem um mapa conceitual como "um recurso esquemático para representar um conjunto de significados conceituais incluídos numa estrutura de proposições". Na Figura 1 pode-se visualizar um exemplo de mapa conceitual que trata do assunto em questão. Figura 1 Exemplo de mapa conceitual sobre o tema Mapas Conceituais.
4 Por meio deste exemplo pode-se verificar como a visualização de um assunto se torna clara, simples, enfim visualiza-se como afirma Soto (2004) um recurso esquemático que apresenta um conjunto de significados conceituais incluídos numa estrutura de propostas. A utilização de mapas conceituais permite uma aprendizagem significativa, o que pode ser afirmado também por Ausubel. As teorias de Ausubel, Vygotsky e Piaget embasam esta técnica e demarcam a mudança de paradigma do modelo de aprendizagem mecânica para a aprendizagem significativa: O aprendizado significativo acontece quando uma informação nova é adquirida mediante um esforço deliberado por parte do aprendiz em ligar a informação nova com conceitos ou proposições relevantes preexistentes em sua estrutura cognitiva. (Ausubel et al., 1978: 159). Neste processo ocorre a interação do conhecimento existente e a modificação de sua estabilidade, aprimorando o conhecimento e reconstruindo seu significado. O mapa conceitual é uma ferramenta capaz de aprimorar o aprendizado. A fundamentação teórica dos mapas conceituais decorre da teoria das redes semânticas que é basicamente uma representação visual do conhecimento, uma espécie de grafo orientado, etiquetado, geralmente conexo e cíclico cujo nós representam os conceitos e seus arcos, ligações (links), representam as relações entre os conceitos. (Amoretti e Tarouco, 2000:67). Para expressar, elaborar, compartilhar, ajudar melhorar e atender as suas criações, alunos e professores, utilizam as ferramentas. Os mapas propiciam a visualização de uma estrutura conceitual e suas diversas relações. Além disso, facilitam a navegação e permitem estabelecimento de outras conexões. (Okada et al, 2003: 5). Por meio desta aprendizagem ocorre a interação do conhecimento existente e a modificação de sua estabilidade, aprimorando o conhecimento e reconstruindo seu significado. Os Mapas Conceituais apresentam possíveis estratégias facilitadoras e podem simbolizar a estrutura conceitual do conhecimento do indivíduo. São representações gráficas de um texto específico que tem por finalidade relacionar conceitos e transformar o texto escrito em um texto visual. São caracterizados por objetos (representados por figuras geométricas) e palavras ou frases de ligação, sendo estas colocadas entre os objetos a fim de dar sentido aos mesmos. As frases e as palavras de ligação são as principais características que os diferenciam de outras formas de representação visual. Para Lima (2004: 2) o mapa conceitual é: Uma forma de diagrama especificamente direcionado para fornecer uma linguagem visual parecida com as características da linguagem natural do texto, no sentido de que eles possam estar sujeitos às limitações sintática e semântica, e sua capacidade de representação pode variar de uma forma muito informal a uma forma extremamente formal. É válido salientar que não existe Mapa Conceitual "correto", cada aprendiz externalizará seus conceitos de maneira única, resultado da reflexão da sua própria maneira de ver, sentir e agir. Os mapas conceituais têm por objetivo representar relações significativas entre os conceitos na forma de proposições. Ou seja, um mapa conceitual é um recurso de representação esquemática por meio de uma estrutura bidimensional de proposições. É uma ferramenta pedagógica capaz de evidenciar significados, levando os conceitos a se tornarem um conjunto, uma teia que se forma a partir das relações entre estes conceitos que evoluem o cognitivo de quem o utiliza.
5 3. CONSTRUÇÃO E BENEFÍCIOS A sua construção pode ser elaborada por meio de softwares próprios (Cmaptools, Inspiration, Kidsinspiration, C-tools e Axon), em folhas de papel e editores de texto; envolve alguns itens como: leitura de textos, escolha e agrupamento de conceitos e a utilização de setas-direção. O processo de construção do mapa conceitual envolve etapas semelhantes às da análise facetada: (a) seleção: escolha do assunto e identificação das palavras-chave ou frases relacionada; (b) ordenação: organização de conceitos do mais abstrato para o mais concreto; (c) agrupamento: reunir conceitos em um mesmo nível de abstração e com forte interelacionamento; (d) arranjo: organização de conceitos na forma de um diagrama; (e) link e preposição: conexão de conceitos com linhas e nomeação de cada linha com uma proposição (Lima, 2004:7). Este recurso resume e representa a informação com mais agilidade além de propiciar o desenvolvimento de estratégias. O uso do Mapa Conceitual apresenta diversos benefícios: estimular o desenvolvimento cognitivo e criativo; envolver ambos os hemisférios cerebrais (analítico e criativo); ajudar na revelação das falhas e compreensão; promover o pensamento reflexivo; organizar o conhecimento; auxiliar na habilidade intelectual e estratégica e promover o desenvolvimento lingüístico. Para Torres e Marriott (2006a: 2). Os mapas conceituais pela sua construção cuidadosa demandam concentração e raciocínio e estimulam os dois lados do cérebro, o analítico e o criativo, ajudando o aluno a atingir um nível elevado de cognição já que o conhecimento organizado (e não amontoado) facilita a assimilação, a retenção e a recuperação da informação, promovendo o processamento da informação da memória de curto prazo (ou memória imediata - que tem um limite de capacidade de processamento de apenas cinco a nove unidades) para a memória de longo prazo. Um mapa de conceitos vai além do esquema convencional: mostrando as relações entre os próprios conceitos, incluindo relações bidirecionais, é constituído por nós (normalmente círculos onde se inscrevem os conceitos) e ligações (linhas) que representam as relações entre os conceitos. Como vantagens do mapa conceitual podemos citar (a) a definição de uma idéia central, através do posicionamento do assunto no centro do diagrama; (b) a clara indicação da importância relativa de cada idéia; (c) a facilidade para encontrar os links entre as idéias-chave; (d) a visão geral de toda a informação básica numa mesma página; (e) e em decorrência, revocação e revisão mais eficientes; (f) a inserção de novas informações sem atrapalhar a estrutura informacional; (g) a facilidade para acessar a informação em diferentes formatos e diferentes pontos de vista; (h) a facilidade de compreensão da complexidade de relações entre as idéias; (i) a facilidade para se verificar contradições, paradoxos e falhas no material organizado. (Lima, 2004: 7). Segundo Harpold (apud Okada, 1999: 2) os mapas nunca são meramente descritivos, eles são dispositivos heurísticos que localizam informações particulares. São embutidos de valores e julgamentos dos indivíduos que o constroem, o reflexo da cultura que eles vivem. Assim, os mapas, estão situados dentro de um contexto histórico e refletem objetivos hegemônicos.
6 Os mapas conceituais também têm sido utilizados para realizar a avaliação da aprendizagem, pois professores e alunos podem organizar seu trabalho relacionando conceitos, analisando conteúdos e evidenciando a forma pela qual a construção do conhecimento foi realizada. Esta ferramenta de avaliação é tanto somativa quanto formativa sendo na formativa sua maior relevância. São úteis também na elaboração de materiais didáticos. Possibilitam planejar e desenvolver pesquisas e trabalhos tanto a nível individual quanto coletivo tendo uma forte característica ao chamado trabalho colaborativo. O uso desta tecnologia não garante a melhoria da educação, mas a utilização correta pode potencializar o aprendizado. 4. BREVES CONSIDERAÇÕES Levando em consideração que no processo ensino/aprendizagem ferramentas que propiciem melhorias neste âmbito são muito importantes, os mapas conceituais têm seu valor e devem ser explorados como uma maneira alternativa de estruturar a informação. É uma ferramenta capaz de identificar e simplificar o entendimento de uma informação em diversas ocasiões. Por permitir uma maior organização das informações levam o aluno a um maior envolvimento na aprendizagem, pois o discente constrói representações e elabora conclusões. Fator que permite ao professor avaliar sua atitude enquanto educador, bem como formular metas para potencializar o processo ensino/aprendizagem. Por meio dos mapas conceituais produzidos pelos alunos pode-se avaliar os objetivos educacionais. Como recurso didático, o uso do mapa conceitual estimula o indivíduo a aplicar e a sistematizar os conhecimentos prévios, associando-os ao novo conhecimento podendo ser trabalhado em grupo, desta forma, compartilhando seu significado e complementando-o. 5. REFERÊNCIAS AMORETTI, M. S. M., TAROUCO, L. M. R. Mapas Conceituais: modelagem colaborativa do conhecimento. Informática na Educação: Teoria e Prática, 2000, V.3, nº1, setembro. FERREIRA, A. B. H.; Dicionário da língua portuguesa. 1993, 3 ed; Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro. LIMA, G. A. B.; Mapa Conceitual como ferramenta para organização do conhecimento em sistema de hipertextos e seus aspectos cognitivos. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte, 2004, v.9 n.2, p , jul./dez.. MANRIQUE, A. L.. A afetividade manifestada por professores participantes de um processo de formação em geometria São Paulo. MOLINA, A, et al. Potencializar a capacidade de aprender e pensar São Paulo: Madras.
7 MOREIRA, Marco Antonio. A Teoria de Educação de Novak e o modelo de ensino-aprendizagem de Gowin Fascículos do CIEF, Série Ensino- Aprendizagem, Porto Alegre: IF/UFRGS, n. 4, p NOVAK, J.D., GOWIN, D. B. (1984). Learning how to learn. New York, N.Y.: Cambridge University Press. (traduzido em Português pela Plátano,1999) NOVAK, J. D., GOWIN, D. B. Aprender a aprender Tradução de Carla Valadares. 2. ed. Portugal: Plátano Edições Técnicas. 212p. OKADA, A.; et al; Mapeando informação, trilhando e construindo redes de significados: notas sobre uma experiência de pesquisa e docência em educação online. Disponível em: Acesso em: 06/09/2006. OKADA, A.; et al; Um guia para construção do conhecimento em ambientes virtuais de aprendizagem. Disponível em: Acesso em: 06/09/2006. SILVEIRA, F. P. R. A. A Aprendizagem Significativa Na Formação de Professores de Biologia: O Uso De Mapas Conceituais. São Paulo-SP.
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