AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM
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- Pedro Henrique Castanho Gil
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1 AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DA SILVA *, Thalita Folmann PUCPRthalitadasilva@ig.com.br BÉRGAMO **, Regiane Banzzatto, Resumo A presente pesquisa teve como intuito estudar a prática dos professores e da equipe pedagógica de duas instituições privadas, analisar o planejamento dos docentes e a proposta de cada instituição e verificar os dados a luz do referencial teórico a fim de compreender as diferentes concepções sobre inteligência, contextualizando-as historicamente, discorrer sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas, identificar o espectro das Inteligências propostos por Howard Gardner, e entender o processo de Aprendizagem no contexto escolar, fundamentado na contribuição da teoria das Inteligências Múltiplas. Diante de todos os teóricos que apresentaram suas teses com referência à inteligência conferida ao indivíduo, Gardner (1985) elabora a teoria de que a inteligência é considerada a capacidade do sujeito na resolução de problemas e na elaboração de estratégias, podendo ser dividida em oito: musical, lingüística, lógico-matemática, interpessoal, intrapessoal, cinestésico-corporal, espacial e naturalista. Admitiu não existir uma única inteligência e sim, múltiplas inteligências relacionadas entre si e que podem e devem ser estimuladas. Portanto, para que o sujeito seja reconhecido em sua inteligência, se faz necessário que consiga resolver conflitos, apresentando estratégias adequadas para a resolução conforme o valor cultural estabelecido em seu meio e não somente apresentar respostas para testes padronizados, sem considerar o momento de aplicação e outros fatores determinantes para o desenvolvimento da inteligência. Constatou-se que outras habilidades demonstradas pelos alunos deveriam ser analisadas e estimuladas no ambiente escolar e não apenas as capacidades referentes à compreensão e raciocínio tão valorizadas na educação. Portanto, para que o professor forme cidadãos, pessoas preparadas para aprender a aprender, se faz necessário, que compreenda o verdadeiro significado de inteligência e como acontece o processo de aprendizagem pelo aluno. O processo educativo, quando significativo é aquele que considera o educando em todas as suas particularidades, sendo este capaz de aplicar o conhecimento adquirido em situações práticas. Palavras- chave: Inteligências Múltiplas; Processo Ensino e Aprendizagem; Ação docente. * Autora da pesquisa, professora do Ensino Fundamental na rede privada de Curitiba, pedagoga, formada pela PucPr em 2006, contemplada com o prêmio Marcelino Champagnat, aluna de disciplina isolada do Mestrado em Educação- PucPr, integrante do Grupo de Pesquisa Aprendizagem e Ensino (GAE) coordenado pela Professora Doutora Evelise Labatut Portilho. ** Professora orientadora.
2 536 Introdução Por muito tempo acreditou-se que a inteligência, ou seja, a capacidade do indivíduo aprender era um fator hereditário, podendo inclusive ser medida. A maneira para medir a inteligência das crianças acontecia por intermédio de testes padronizados, verificando desta forma o Quociente de Inteligência(Q.I.), calculando capacidades verbais e não verbais, incluindo memória, compreensão e solução de problemas. O processo ensino e aprendizagem ocorre com o sujeito da aprendizagem, que é o aluno e muitas vezes a preocupação maior da escola está em definir paradigmas, desconsiderando este sujeito, ocupando-se no estabelecimento de métodos deixando de considerar as potencialidades destes educandos. Nesta perspectiva, questionou-se: Quais as possíveis contribuições na consideração das inteligências múltiplas para a aprendizagem? A postura do docente diante das individualidades dos alunos vem sendo respeitada e avaliada no processo educativo? Como os professores das séries iniciais podem contribuir para o desenvolvimento das inteligências múltiplas de seus alunos? Por muito tempo o aluno inteligente era aquele que apresentava bom rendimento em áreas específicas do conhecimento, sabe-se que hoje, os alunos possuem características próprias e suas habilidades também são individuais podendo o saber ser associado a novos saberes, quando o docente em sua prática pedagógica considera as múltiplas aprendizagens do educando. Assim há a necessidade de desenvolver a inteligência na criança para que esta venha apresentar suas habilidades e, não classificar os indivíduos, privando-os de desenvolver outras capacidades, diagnosticando apenas as habilidades que lhes foram estimuladas. Desta forma considera-se a importância de desenvolver uma proposta de pesquisa a fim de compreender a teoria das inteligências múltiplas elaborada por Howard Gardner e analisar os benefícios da mesma na prática da sala de aula, no processo ensino e aprendizagem. A pesquisa visa comprovar os benefícios para o desenvolvimento cognitivo do aluno, ampliar conhecimentos sobre o assunto proposto, enriquecer a prática pedagógica apresentando subsídios para um ensino centrado no aluno e compreender se o desenvolvimento das múltiplas inteligências, no contexto da sala de aula, contribuem para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.
3 537 Fundamentação Teórica Diante de todos os teóricos que apresentaram suas teses com referência à inteligência conferida ao indivíduo, Gardner (1994) elabora a teoria de que a inteligência é considerada a capacidade do sujeito na resolução de problemas e na elaboração de estratégias, podendo ser dividida em oito: musical, lingüística, lógico-matemática, interpessoal, intrapessoal, cinestésico-corporal, espacial e naturalista. Admitiu não existir uma única inteligência e sim, múltiplas inteligências relacionadas entre si e que podem e devem ser estimuladas. Os testes que avaliam o desempenho, testes de QI, apontam resultados que auxiliam psicólogos e educadores, segundo Anastasi & Urbina (2000) que mostram-se favoráveis a aplicação de testes, mas complementam afirmando que estes precisam de modificações para tornarem-se auxiliadores no processo do desenvolvimento cognitivo. Ressalvam a mudança na utilização da nomenclatura inteligente, que para eles poderia um sujeito ser avaliado conforme as habilidades, facilidades que apresenta, ao invés de referir-se ao sujeito como inteligente, sim, dizer que a criança tem facilidade para tais habilidades. Para Antunes (1998), os testes de QI não contribuem para o desenvolvimento cognitivo do sujeito, uma vez que a aprendizagem do sujeito ocorre não somente por questionamentos, respostas e resultados, mas por experiências, ações para adaptar-se ao meio, capacidade de resolver problemas, criar estratégias, entre outras qualidades consideráveis para um aprendizado significativo. Gardner, em 1985, desenvolveu a teoria das Inteligências Múltiplas com o objetivo de modificar a concepção de que a capacidade de uma pessoa ou seu potencial em sua vida depende do resultado de testes de QI, ou seja, das respostas certas apresentadas em testes padronizados. Surge então, no século XXI, uma corrente de estudiosos que definem a concepção de inteligência acreditando que o ambiente e a educação podem transformar, modificar as capacidades apresentadas, através dos estímulos oferecidos para o desenvolvimento de outras inteligências que os indivíduos possuem. Assim estão subdivididas as habilidades do ser humano lógico-matemática, lingüística, musical, interpessoal, intrapessoal, corporal-cinestésica, espacial e naturalista.. Estas não se encontram em apenas alguns indivíduos, ou são apresentadas isoladamente, mas todas as pessoas possuem estas inteligências, sendo que certas capacidades podem ser mais acentuadas que outras, resultantes dos estímulos oferecidos para tal desenvolvimento.
4 538 A hipótese de que as pessoas com elevados índices nos testes teriam sucesso, posteriormente, foi desconsiderada, uma vez que indivíduos que apresentaram números menores tiveram mais sucesso na vida do que os alunos vistos como inteligentes, nesta concepção. (Gardner, 1994) Como afirma Sternberg (2000 p.74): Mas se continuarmos a confiar no QI e em vários outros testes como as únicas formas de avaliar a inteligência, privaremos muitas de nossas crianças da instrução e das oportunidades necessárias de realmente se tornarem mais inteligentes. Assim, o papel da escola enfatizando os alunos rápidos e eficientes e o desempenho dos alunos em testes padronizados, não garante o sucesso deste na sociedade, especialmente numa sociedade em constantes modificações, em que o indivíduo precise resolver problemas e elaborar estratégias, não apenas relacionadas às habilidades lingüísticas e lógico-matemáticas priorizadas pelo sistema escolar. Mettrau & Mathias (1998) destacam o papel da prática pedagógica no desenvolvimento das capacidades dos alunos. O professor que envolve o aluno no processo de aprendizagem, criando um relacionamento afetivo para com ele, torna possível a construção do conhecimento. Para Armstrong (2000), já no planejamento da aula, o educador, na maioria das vezes inconscientemente, utiliza de estratégias que estão relacionadas às inteligências múltiplas mais desenvolvidas no decorrer da sua vida. A escolha de metodologias que priorizam determinada habilidade corresponde a afirmação feita pelo autor. Portanto, para que o professor forme cidadãos, pessoas preparadas para aprender a aprender, se faz necessário, que compreenda o verdadeiro significado de inteligência e como acontece o processo de aprendizagem pelo aluno, respeitando-o em suas individualidades, considerando suas capacidades. O processo educativo, quando significativo é aquele que considera o educando em todas as suas particularidades, sendo este capaz de aplicar o conhecimento adquirido em situações práticas. Este processo não é uma tarefa fácil, requer do profissional da educação um trabalho centrado no aluno, priorizando o seu desenvolvimento enquanto sujeito ativo do conhecimento.
5 539 Pesquisa de Campo: Objetivos da pesquisa A presente pesquisa, apresentada como Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, teve como intuito estudar a prática dos professores e da equipe pedagógica de duas instituições privadas, analisar o planejamento dos docentes e a proposta de cada instituição e verificar os dados a luz do referencial teórico. Contexto pedagógico O trabalho foi realizado no 2º semestre de 2005, concluído no 2º semestre de 2006, em duas instituições da rede privada de ensino em Curitiba, no estado do Paraná. Uma escola atende Educação Infantil e a outra escola alunos da Educação Infantil ao Ensino Superior, ambas abrangendo alunos de nível sócio-econômico médio. A pesquisa de campo contemplou os estudos envolvendo o corpo docente e equipe pedagógica, analisando o planejamento dos docentes e a proposta pedagógica de cada instituição, de acordo com este trabalho sobre as múltiplas inteligências. No Projeto Político Pedagógico da escola, denominada EA, sua filosofia visa a formação do educando baseado no sócio-cosntrutivismo, uma vez que a criança está constantemente em mudança e por fazer parte de uma sociedade, interagindo com adultos. e esse desenvolvimento ocorre através da interação e de experiências vividas. A escola atende 147 (cento e quarenta e sete alunos) de Educação Infantil, possue 10 (dez) professores regentes e 10 (dez) auxiliares, atendentes infantis. A Segunda instituição participante, identificada como EB, atende, considerando de 1 a a 3 a série, 385 alunos (trezentos e oitenta e cinco), com 9 (nove) professores regentes, 1(um) professor multidisciplinar, 2 (dois) professores não-regentes e 2 (duas) estagiárias de Pedagogia. A Proposta Pedagógica está pautada na concepção filosófica, teológica e educacional de homem como ser histórico e social, tendo como missão promover a formação do ser humano e a construção da cidadania, de acordo com os princípios franciscanos, produzindo, sistematizando e socializando o saber científico, tecnológico e filosófico. Metodologia da pesquisa Diante da proposta em estudar a prática dos professores e da equipe pedagógica de duas instituições privadas, analisar o planejamento dos docentes e a proposta de cada instituição e verificar os dados a luz do referencial teórico foi realizada uma pesquisa
6 540 qualitativa, pois segundo Mazzotti e Gewandsznajder (1999, p.147) este tipo de pesquisa prioriza o processo de investigação, ou seja, há um planejamento prévio, mas o que irá definir qualitativamente a pesquisa é o momento investigativo. Para tanto, seguiu-se as seguintes etapas: Contato com direção das escolas. Análise do Projeto Político Pedagógico. (APÊNDICE A) Análise do planejamento de aula. (APÊNDICE B) Questionário para os professores. (APÊNDICE C) Desta forma, a análise realizada a partir do contexto do aluno, envolvendo o encaminhamento do professor, o ambiente escolar, a relação do professor com o aluno e a prática do docente no cotidiano escolar confrontou-se com a teoria, possibilitando resultados positivos para a interpretação dos dados e verificação da importância de considerar as inteligências múltiplas no processo de ensino e aprendizagem. Apresentação e análise dos dados O planejamento do docente Conforme estudo relacionado ao planejamento nas instituições participantes da pesquisa, constatou-se que o período de tempo em que os docentes realizam o planejamento de aula é específico em cada instituição. Uma escola organiza o planejamento por semana e na outra o planejamento é realizado quinzenalmente. Após a realização do planejamento de aula faz-se necessário um acompanhamento, este definido pelos profissionais que atuam na escolas, participantes da pesquisa, durante a realização da entrevista (APÊNDICE C) serem de responsabilidade da coordenação ou assessoria pedagógica. A organização das atividades escolares de acordo com a proposta pedagógica segue determinado encaminhamento definido pelas instituições pesquisadas, argumentado por seus professores. Por intermédio de experiências concretas, um trabalho considerando as múltiplas inteligências no programa escolar favorece o aprender a aprender, uma vez que os professores vão além de práticas pedagógicas comuns e desenvolvem técnicas para que cada habilidade possa ser estimulada e valorizada no ambiente escolar.
7 541 Armstrong (2000, p.66) afirma que Essencialmente a teoria das IM oferece um meio de planejarmos aulas diárias, unidades semanais ou temas e programas mensais ou anuais de tal maneira que todos os alunos terão suas inteligências aproveitadas pelo menos parte do tempo. Assim, a teoria oferece subsídios para uma aprendizagem significativa para o aluno, considerando o que ele é capaz de realizar e estimulando outros aspectos que ainda não apresenta em seu desenvolvimento, considerando que as estratégias de ensino devem ser organizadas de modo a atender a diversidade em sala de aula. A proposta pedagógica Na proposta pedagógica de cada instituição de ensino há a definição da concepção seguida pela escola. Nas duas escolas participantes é evidente a preocupação com a formação do sujeito para atuar na sociedade, experiências práticas do aluno e o desenvolvimento das diferentes manifestações artísticas e culturais, ou seja, as habilidades de cada indivíduo. Assim definem a concepção de escola adotada Em sua prática pedagógica vale ressaltar a importância do currículo escolar atendendo aos interesses de cada educando, na proposta pedagógica de cada instituição escolar. Consequentemente um currículo de interesse para o aluno resultará num processo de aprendizagem eficiente e positivo tanto para o educador quanto para o aluno. As inteligências múltiplas na proposta da escola Diante do questionamento a respeito do que vem a ser inteligência na fundamentação teórica os profissionais citaram que a inteligência é vista como uma capacidade inata, geral e única que permitirá ao indivíduo uma melhor performance em diferentes áreas de atuação e, ainda na outra instituição, não há uma definição para inteligência, pois o sucesso, em termos de aprendizagem escolar, depende do empenho do aluno, da mediação do professor, da organização de um ambiente de aprendizagem, do estabelecimento de relações e estímulo para a pesquisa, para a formulação de hipóteses. Assim, a inteligência é a capacidade do indivíduo resolver um problema de maneira a selecionar uma ação apropriada para a cultura vigente, como aponta Antunes (1998, p. 11), a inteligência é o produto de uma operação cerebral e permite ao sujeito resolver problemas e, até mesmo, criar produtos que tenham valor específico dentro de uma cultura.
8 542 Os docentes participantes No questionamento (APÊNDICE C) realizado, todos os professores possuem formação em nível superior, com exceção de três desses nove docentes que responderam estarem concluindo a faculdade. Dentre os cursos superiores encontra-se, na maioria, a formação em Pedagogia, uma única entrevistada está terminando o curso de Psicologia. Com relação ao tempo em que os professores estão exercendo a profissão, constatouse que um professor apresenta menos de 6 anos e os demais entre 6 anos até 21 anos de carreira no magistério. A prática pedagógica Em sua prática pedagógica os professores encontram algumas dificuldades em trabalhar com a individualidade dos alunos, como também, ao suporte pedagógico oferecido ao professor os docentes e apontaram as ações apresentadas pelas pedagogas para subsidiar o processo educativo, oferecendo subsídios para que o docente ofereça um trabalho considerando as individualidades. Para Armstrong (2000), já no planejamento da aula, o educador, na maioria das vezes inconscientemente, utiliza de estratégias que estão relacionadas às inteligências múltiplas mais desenvolvidas no decorrer da sua vida. Provavelmente as inteligências das quais o professor não utiliza em sala de aula e que esquiva-se em seu planejamento de aula são aquelas que foram trabalhadas num menor grau em seu processo de aprendizagem ou então que não foram despertadas, ressalta Armstrong (2000). A prática pedagógica e a teoria A respeito da teoria das Inteligências Múltiplas, elaborada por Gardner (1994), no questionamento realizado, dentre as argumentações apresentadas citaram que a teoria de Gardner veio ampliar as possibilidades de aprendizagem dos alunos, estas que não se limitam apenas nas linguagens ou no raciocínio lógico-matemático. As inteligências que menciona provam e justificam a eficiência de uma pessoa em um aspecto e não tanto em outro. Relataram que as múltiplas inteligências quando apresentadas pelo educando, favorecem o seu desenvolvimento intelectual e a sua atuação na sociedade, possibilitando ao sujeito resolucionar problemas e enfrentar desafios.
9 543 Gardner em 1985, desenvolveu a teoria das Inteligências Múltiplas com o objetivo de modificar a concepção de que a capacidade de uma pessoa ou seu potencial em sua vida depende do resultado de testes de QI, ou seja, das respostas certas apresentadas em testes padronizados. Estes testes avaliavam o indivíduo no que se refere à lógica e à lingüística, desconsiderando outras habilidades do sujeito (GARDNER, 1994). Considerações Finais Diante do estudo realizado à respeito da inteligência no indivíduo, foi possível compreender a concepção de inteligência como sendo a capacidade do mesmo em resolver conflitos partindo de estratégias por ele elaboradas. Essa inteligência no indivíduo não está relacionada somente à uma área do conhecimento, mas são habilidades em diferentes áreas denominadas por Gardner (1985) de Inteligências Múltiplas, divididas em sete: lingüistica, lógico-matemática, musical, cinestésica-corporal, espacial, interpessoal e intrapessoal. Nesse contexto evidencia-se a aquisição de novas habilidades e de estímulos pelos quais esse indivíduo participa no seu período escolar, nas suas atividades em sala de aula. Desse modo percebeu-se a preocupação das instituições em dar ênfase à formação do sujeito para atuar na sociedade, considerando as particularidades de seus alunos pautadas em concepções visando a formação integral. Afirmaram que no Plano Curricular da escola há a consideração das diferentes competências que devem ser consideradas em seus alunos. Sendo assim, a ênfase não é atribuída aos conteúdos, mas às situações do cotidiano do aluno e de suas necessidades individuais. Para atender às necessidades individuais dos alunos, a coordenação/assessoria pedagógica acompanha o planejamento docente, oferecendo sugestões e subsídios para as atividades em sala de aula e acompanhando o desenvolvimento das atividades por meio de visitas periódicas. Essas atividades seguem o plano curricular, seguem um encaminhamento proposto pelo Projeto Político Pedagógico à fim de orientar a prática docente e que tem sido um norteador dessas escolas em suas práticas de ensino. No que se refere às Múltiplas Inteligências, essas não constam no Projeto Político Pedagógico das escolas, mas ambas as consideram na prática da sala de aula, uma vez que o professor reconhece as capacidades de seus alunos e estimula habilidades que precisam ser desenvolvidas.
10 544 Além do trabalho docente, outro fator de grande significância e que é preocupação das duas instituições diz respeito ao ambiente físico, pois nas duas instituições há a preocupação com o trabalho do professor, o envolvimento do aluno no processo de aprendizagem, como o currículo escolar e com metodologias que auxiliem o professor na percepção das múltiplas inteligências. Conforme os relatos, há preocupação com as particularidades de cada aluno e com o trabalho docente, pois é por meio da prática do professor que o aluno poderá desenvolver suas habilidades e colocar em prática suas capacidades. Dessa maneira, as realidades pesquisadas não visam as classificações de QI na prática pedagógica, mas consideram a inteligência inata do sujeito, outras habilidades a serem desenvolvidas e do sucesso na aprendizagem depender do seu interesse, do ambiente escolar e da ação docente. Assim, a inteligência é inata, mas também pode ser desenvolvida para outras áreas que não foram estimuladas e, também, é importante a formulação de hipóteses pelo aluno, como é referido nas palavras de Gardner (1985) a capacidade do sujeito na resolução de problemas e na elaboração de estratégias. A prática pedagógica dos professores resulta positivamente nas duas realidades, pois apresentam interesse na atualização e capacitação profissional para que a aprendizagem do aluno seja significativa e que suas ações considerem a individualidade do aluno, uma vez que recebem orientação da coordenação/assessoria pedagógica, mas que em algumas situações o docente tem que encontrar por ele mesmo subsídios para sua ação como cursos e trocas de experiências com os profissionais. Além da busca por subsídios para a aprendizagem de seus alunos, outro fator que foi possível diagnosticar se refere a realização desse trabalho individual, definido pela proposta das escolas, diante das particularidades dos alunos, da heterogeneidade da turma, do número de alunos em sala, da parceria com a família e da necessidade de mais profissionais, como apontou uma das instituições, para auxiliarem no processo de aprendizagem. Há o interesse do docente em atender as individualidades de cada aluno, mas existem entraves para esse atendimento individual, muito embora verificou-se em relatos as estratégias positivas que alguns professores utilizam para que a aprendizagem possa acontecer de acordo com a proposta das escolas.
11 545 Dentre as estratégias que relataram, algumas são sugeridas por Armstrong (2000) e outras ainda precisam fazer parte da prática do professor, pois favorecem um trabalho individualizado, considerando as múltiplas inteligências. Os professores conhecem a teoria e mencionaram a importância da mesma no processo educativo e como o resultado de um trabalho considerando as Inteligências Múltiplas na sala de aula é positivo para o aprendizado do aluno, para sua vivência em sociedade, pois possibilita ao mesmo conhecer suas capacidades motivando-os em suas realizações. O trabalho com as Múltiplas Inteligências só é possível quando o professor tem entendimento do que é um trabalho que considera as Inteligências Múltiplas e de como essa teoria pode transpor-se para a prática tornando o aprendizado eficaz para cada educando. Assim, considerando a necessidade de conhecer cada educando, reconhecer suas capacidades e estimular suas habilidades, o docente contribui para a formação integral do sujeito. Para a escola o importante não deve ser a valorização dos alunos nas habilidades verificadas anteriormente pelos testes de QI, mas valorizar o aluno que é capaz de apresentar suas habilidades, de criar soluções para a resolução de problemas, esse aluno é o que pode ser considerado inteligente, pois na verdade cada sujeito tem uma determinada inteligência, habilidade direcionada para alguma área do conhecimento. Esta valorização por parte da escola acontece quando os professores desenvolvem atividades em que os alunos possam apresentar suas habilidades e/ou desenvolvê-las. A elaboração de atividades considerando as Inteligências Múltiplas acontece quando o docente conhece a importância de tal teoria e a coloca em prática. Quando o professor se interessa em oferecer um trabalho individualizado e quando professor e coordenação caminham juntos em prol de um aprendizado visando as particularidades de seus alunos e atendendo as necessidades de cada indivíduo, professor e aluno, no processo educativo. REFERÊNCIAS ANASTASI, Anne; URBINA, Susana. Testagem psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, ANTUNES, Celso. As inteligências múltiplas e seus estímulos. Campinas: Papirus, ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis: Vozes, 1998.
12 546 ARMSTRONG, Thomas. Inteligências Múltiplas na sala de aula. São Paulo: Artmed, 2000 BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis: Vozes, FONSECA, Vitor da. Aprender a aprender. Porto Alegre: Artmed, GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, GOLEMAN, Daniel. Trabalhando com a inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Pedagógica e Universitária Ltda, MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, MAZZOTTI, Alda Judith A.; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. ed. São Paulo: Pioneira, METTRAU, Marsyl.B.; MATHIAS, Miguel Tavares. O papel social da prática pedagógica do professor na promoção das capacidades sócio-cognitivo-afetivas do alunado. Revista Tecnologia Educacional, vol.26, YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.
13 APÊNDICES 547 APÊNDICE A - ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 1. Qual a concepção da escola? 2. No PPP consta dados referentes ao trabalho a ser realizado com as diferentes habilidades do aluno em sala de aula? 3. Segundo o Projeto Pedagógico da instituição como deve acontecer o processo ensino e aprendizagem? 4. De acordo com a fundamentação teórica da escola, o que vem a ser inteligência?
14 548 APÊNDICE B ANÁLISE DO PLANEJAMENTO DE AULA 1. O planejamento é realizado: ( ) semanalmente ( ) diariamente ( ) quinzenalmente 2. Há orientação na realização do planejamento pelo professor? 3. Como são organizadas as atividades escolares? 4. Como acontece o acompanhamento das atividades realizadas e elencadas no planejamento? 5. Há preocupação com as diferentes habilidades apresentadas pelos educandos? 6. O trabalho desenvolvido considera as múltiplas inteligências durante o processo de aprendizagem? 7. Todos os alunos realizam as atividades propostas?
15 APÊNDICE C 549 QUESTIONÁRIO PARA O PROFESSOR DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 1. Qual sua formação? 2. Quanto tempo de profissão? 3. Tempo de conclusão do Ensino Superior? 4. Após a conclusão do ensino superior, participou de cursos de pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado)? Caso afirmativo, indicar quais: 5. Com qual freqüência realiza cursos de extensão? E, quais seriam as prioridades buscadas nestes cursos? QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO 1. Como os professores são orientados na ação educativa em relação às particularidades de seus alunos? 2. Quais as dificuldades encontradas na prática docente diante das individualidades no aprendizado dos alunos? 3. Como tem sido o suporte pedagógico oferecido ao professor para que ofereça um trabalho considerando as individualidades dos educandos? 4. Qual sua opinião a respeito das Inteligências Múltiplas, teoria elaborada por Howard Gardner (1994)? 5. Para você, esta teoria tem importância no processo ensino e aprendizagem?
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