CAPÍTULO 10 MEIO AMBIENTE: QUESTÕES PARA A DISCUSSÃO. Mariângela Alice Pieruccini
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1 CAPÍTULO 10 MEIO AMBIENTE: QUESTÕES PARA A DISCUSSÃO Mariângela Alice Pieruccini
2 INTRODUÇÃO Este capítulo procura, em suas breves considerações, apresentar alguns dos atributos necessários para a elaboração e viabilização de iniciativas geo-ambientais integradas na Região Oeste do Paraná. São inúmeras as fontes para a coleta de informações ambientais no Estado do Paraná. Neste sentido, órgãos como o IAP, EMATER, SUDERSHA, MINEROPAR, SANEPAR, SEMA, IBGE, IPARDES, constituem-se em referências obrigatórias para a sistematização destas informações. A presente análise pauta-se em informações obtidas junto aos órgãos acima mencionados, por meio de entrevistas e documentos já elaborados nestas instituições. Uma das dimensões necessárias para as discussões sobre o meio ambiente na Região Oeste do Paraná pode ser construída com a coleta e sistematização das informações disponibilizadas em um Atlas Geo-ambiental da região Oeste do Paraná. Este é um dos desafios que os pesquisadores da UNIOESTE devem responder através de parcerias entre a Pesquisa em Economia, Colegiados de Cursos que atuam diretamente com as questões ambientais e Laboratório de Geoprocessamento. A síntese destas informações é contribuição significativa, principalmente para as iniciativas de educação ambiental desenvolvidas no Ensino Fundamental e Médio. A princípio, considerando a dimensão geoambiental na região Oeste do Paraná são poucas as vulnerabilidades climáticas, embora grande parte dos solos tenha sofrido alterações por conta do intensivo processo de mecanização a partir de De forma geral, os recursos hídricos são abundantes. A água, nesta Região, não pode ser considerada fator limitativo tanto à condição humana, quanto às atividades agropecuária e industrial. Entretanto, considerando as iniciativas dos municípios, ainda são necessários avanços para a elaboração de uma política integrada de recursos hídricos a nível regional. A flora e a fauna vêm sofrendo a ação predatória do homem em busca de sua sobrevivência. O ecossistema regional com pouca proteção, ameaça a sobrevivência de muitas espécies vegetais e animais e criando riscos à ocupação humana.
3 340 A flora regional, rica e diversificada na floresta Estacional Semidecidual também sofreu pressão antrópica nos últimos 50 anos. No interior, predominam as pastagens, com vegetação de pequeno porte. Neste contexto, é o Parque Nacional do Iguaçu, o último grande remanescente deste tipo de floresta no Sul do Brasil. Com aproximadamente ha, significa um dos mais importantes patrimônios desta região. No que se refere aos recursos naturais, cabe acrescentar que este vem permitindo a utilização intensiva das atividades econômicas na região. Quanto à captação e armazenamento das águas, caracteriza-se o problema da contaminação da água por dejetos. Ainda são verificadas construções inadequadas de fossas, lançamento de esgoto não tratado em rios e riachos. Neste sentido, interessa conhecer o número de doenças de veiculação hídrica recorrentes na região. (Cólera, diarréia e gastrointerites, outras doenças intestinais, Leptospirose, Hepatites, Esquistossomose). Quanto aos serviços de saneamento, o Estado do Paraná possuía, no ano de 2000, 44,1% de domicílios atendidos pelos serviços básicos, (Curitiba, 69,4%) frente aos dados do Brasil, com 61,8% dos domicílios servidos por água tratada, esgoto e coleta de lixo. (CUNHA e PASSOS, 2001). Segundo CUNHA e PASSOS, (2001), entre 1989 e 1991 o país investia 0,28% do PIB (Produto Interno Bruto) em saneamento, a rede de água cresceu 5,9% ao ano e a de esgoto 4,8% ao ano. Na década de 90 os investimentos despencaram para 0,13% do PIB. Uma das conseqüências disso é o aumento de 21% nas mortes de crianças até 4 anos, registrado entre 1997 e Portanto, são as famílias mais pobres as que mais sofrem com a falta de saneamento. Outro aspecto importante na questão ambiental, principalmente urbana é a coleta e tratamento do lixo. Como categorias de materiais existentes: (plástico, metais, restos de alimentos e papéis). Deve-se atentar para o necessário levantamento dos diferentes destinos do lixo (aterro sanitário, incineração e lixão), possibilidades de reciclagem (vidro, papel e metal) e produção de compostos para adubagem e gás natural (a partir de restos de alimentos e de papel). Além do lixo, esgoto e queimadas, outras formas de poluição podem ser verificadas na região. Os agrotóxicos: pesticidas, herbicidas e fungicidas (mistura ao solo e à água
4 341 incorporadas aos vegetais). No que respeita aos recursos ambientais, ao meio ambiente e à ordenação do espaço regional, podem ser apontados como principais resultados desta prévia prospectiva RESULTADOS DE UMA PRÉVIA PROSPECTIVA a) Com padrões de clima inalterados, a Região Oeste do Paraná deverá possibilitar o contínuo aumento da produção agroalimentar. Entretanto, haverá a necessidade de fomentar ações voltadas à agroecologia. b) A crescente urbanização e o aumento da demanda por água decorrentes das atividades industriais ainda, num cenário de médio prazo, possivelmente serão atendidas pelas potencialidades dos recursos hídricos regionais. Atenta-se para a satisfação desta demanda, a ênfase em programas específicos de controle da poluição ambiental; c) Os demais recursos naturais, em especial a flora, deverão sofrer os efeitos combinados da degradação do solo e da antropização mesmo que atenuados pela parcial introdução de tecnologias eco-sensíveis nas atividades produtivas e por medidas de caráter mais abrangente de controle ambiental; Diante deste quadro, a dimensão geoambiental contempla a utilização racional e a conservação dos recursos naturais, aliadas à proteção do meio ambiente, patrimônio insubstituível da comunidade regional. Considera-se necessário neste sentido, o zoneamento ecológico-econômico da região, orientando para a reorganização do meio rural e a modernização de uma agropecuária agroecológica; para o processo de urbanização em sentido amplo nele incluídas as atividades produtivas das cidades; e para a infra estrutura econômico e social. Estes são fatores capazes de condicionar e impulsionar, em caráter permanente, o desenvolvimento regional.
5 342 Ressaltam-se neste contexto os recursos hídricos. Buscar sua preservação, a ampliação da oferta e a otimização de seus múltiplos usos. A delimitação deve obedecer as bacias hidrográficas microrregionais. Também devem ser contemplados aspectos voltados à conservação de solos, ampliação da biodiversidade e controle ambiental. Merecem destaque: a) otimização dos recursos hídricos isto preconiza o gerenciamento integrado das águas. Fator condicionante para a vida, sua disponibilidade é grandemente afetada pelo desperdício e má utilização. Apesar de sua abundância, na região Oeste, à exceção de Itaipu Binacional, ainda são incipientes as iniciativas para uma adequada institucionalização do gerenciamento das águas, tanto de superfície como subterrâneas, objetivando conduzir a um aproveitamento ótimo do potencial e ao uso racional das águas. Cabe, nesta otimização, a obtenção de padrões desejáveis de sustentabilidade hídrica, evitando o desperdício na agricultura e indústria. Enquanto estratégias articulam-se 3 componentes: O componente físico, compreendendo reservatórios, açudes, canais, poços, adutoras, sistemas de distribuição, estações de tratamento, não isoladas, por município, mas num contexto de política mais ampla, que prevê a otimização da oferta de água ao nível de cada bacia; O Lago de Itaipu 29 bilhões de m2 de água doce, com 25% da Energia Elétrica produzida no país potencial hídrico para produção orgânica. O balanceamento entre a oferta e a demanda de águas superficiais e subterrâneas através de institucionalização e planejamento adequados (capacidade de reservação), de medidas legais, regulatórias e de sistema de tarifação; e a manutenção e melhoria da qualidade da água, através de prevenção e controle da poluição. A poluição hídrica reduz a disponibilidade efetiva de água para diversos usos, em especial para o abastecimento humano. b) conservação dos solos; isto sugere, fundamentalmente a otimização da utilização sustentável para fins produtivos dos solos, conforme suas aptidões (respeitando as diretrizes de um zoneamento ecológico-econômico regional).
6 343 A ação prioritária neste sentido implica em um mapeamento agropedológico regional, para as unidades espaciais de intervenção com melhor potencial de resposta produtiva, ou com áreas em situação crítica de vulnerabilidade. A parte leste da região necessita rever sua condição produtiva, principalmente no que tange às áreas de pecuária. Há que se pensar no desenvolvimento de um sistema de informações geográficas com dados sobre as condições do solo e dos recursos hídricos. A adaptação das atividades produtivas a formas de uso dos solos de adequada sustentabilidade, caracterizando a modernização da agropecuária, com rentabilidade suficiente para cobrir os custos de recuperação dos solos desgastados; Atuação corretiva nas áreas identificadas como críticas no que respeita à degradação dos solos, especialmente naquelas em processos de desgaste mais acentuado, seja mediante o manejo dos recursos existentes, seja através dos programas de reflorestamento. A proteção da cobertura vegetal, o reflorestamento e o florestamento, conduzidos quer pelos órgãos públicos, quer pela iniciativa privada. (tanto na proteção dos mananciais como para finalidades econômicas, assegurando a renovação permanente da vegetação). O estímulo a novos modelos de exploração agropecuária; preconizando a orientação conservacionista, desestimulando as formas tradicionais atualmente prevalecentes. A criação de mecanismos de estímulo ao mercado de produtos orgânicos com garantias à produção, principalmente para as médias e pequenas propriedades agrícolas. c) ampliação da biodiversidade; é a fonte permanente de riqueza e bem-estar, envolvendo, de uma parte, a geração de conhecimento sobre a flora e a fauna e sua aplicação produtiva. É fundamental a transformação nas práticas agropecuárias tradicionais, com a introdução de tecnologias ecossensíveis, economicamente eficientes e compatíveis com modelo de organização da vida rural que articule e integre as atividades agro-silvopastoris.
7 344 a existência do Parque Nacional do Iguaçu é um dos elementos mais importantes desta biodiversidade. O aumento de áreas averbadas, as reservas indígenas existentes na região também podem constituir-se em importantes condicionantes desta ampliação, com potencial sustentabilidade ambiental. A recuperação, criação e manutenção das unidades de conservação, localizadas em áreas representativas dos variados ecossistemas regionais, identificadas com fundamento em estudos biogeográficos. O Parque Nacional do Iguaçu deve ser reforçado em sua infra-estrutura e capacidade de pesquisa, criando-se unidades complementares. A promoção do turismo ecológico pode constituir-se em fonte de renda capaz de financiar a manutenção das áreas de preservação, bem como o esforço da pesquisa. O desenvolvimento de centros de conservação da flora e fauna. Em associação com empresas interessadas, do cultivo de plantas nativas, bem como para a introdução, adaptação e disseminação de espécies vegetais exóticas. d) proteção e controle ambiental; constitui-se numa das formas mais eficazes para a preservação e proteção dos mananciais, bem como para assegurar a boa qualidade da água. Particularmente são necessárias ações para proteção e renovação dos ecossistemas das bacias hidrográficas, em particular das matas ciliares; racionalização da ocupação e do uso do solo, bem como de seu manejo adequado, de forma a otimizar impactos indesejáveis sobre os recursos hídricos, tais como erosão e assoreamento; e proteção das nascentes das águas. A agroecologia é um dos atributos que mais poderá contribuir para a sustentabilidade ambiental na região. O controle dos efeitos ambientais nocivos decorrentes das atividades industriais, especialmente sobre a poluição das águas e do ar; O controle dos impactos ambientais da urbanização, em especial nas cidades de Cascavel e Foz do Iguaçu, buscando-se a redução da poluição gerada pelos meios de
8 345 transporte e pela ausência ou deficiência de saneamento básico e ambiental. Este último impacto também deve ser considerado nos pequenos municípios da região. O controle dos impactos ambientais das atividades agropecuárias, em particular os decorrentes do uso inadequado de agrotóxicos e os causadores de degradação dos solos. Esclarecimento da sociedade sobre os efeitos ambientais das atividades humanas, através da educação ambiental, bem como o estímulo à participação comunitária em seu controle. Estas relações, em conjunto, preservam a qualidade do meio ambiente. Neste sentido, há que se ressaltar o necessário equilíbrio na extração dos recursos naturais, particularmente dos não renováveis. As necessidades relacionadas ao desenvolvimento econômico vinculamse à esta preservação (condicionantes do desenvolvimento industrial e agroindustrial, opções energéticas, grandes projetos de modernização agrícola, infra-estrutura de transportes e turismo). É a sociedade regional a responsável por seu meio ambiente. Isto sinaliza uma ruptura com o passado, rejeitando os modelos de exploração destrutiva dos recursos naturais praticados até hoje, buscando, ao contrário, sua proteção em benefício desta e das futuras gerações.
9 346 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA e PASSOS, 2001 A ser complementada posteriormente.
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