Por que usar Jogos e Simuladores para Educação? Desenvolvimento de Competências e de Convicção

Transcrição

1 Por que usar Jogos e Simuladores para Educação? Desenvolvimento de Competências e de Convicção Os responsáveis pelo desenvolvimento do conhecimento e da sabedoria nas organizações têm cada vez mais ferramentas, incluindo técnicas tradicionais como apostilas e instrutores, e técnicas emergentes, como mídias sociais. Quando, portanto, simulações e jogos sérios devem ser usados? A resposta é fácil e direta. Para um número crescente de organizações, a razão principal de aplicar simuladores é desenvolver competências e convicção. Competência é a capacidade de aplicar as habilidades corretas. É aprender a fazer, versus aprender a saber. Aqui, o exemplo original de simulação, o simulador de vôo, é um paradigma. Aprender a fazer requer combinar a interface com o mundo real, e pode ser estruturado em um programa sério ou em um jogo engajador. Este é um objetivo de aprendizado intuitivamente compreensível, que leva a desenhos de simuladores correspondentes previsíveis. Neste jogo sério, soldados se envolvem no processo de descarregar armas pessoais antes de transportálas. O engajamento é rápido e divertido, mas o aprendizado é real e os hábitos são transferíveis. É necessário ter competência para lidar com equipamentos e ferramentas, e também para ser um gerente, líder e inovador. No entanto, para muitas áreas que precisam ser desenvolvidas, ter competência não é suficiente. Normas de segurança ou comportamentos básicos de liderança, como ser colaborativo versus ser diretivo, muitas vezes não são praticados, mas não porque as pessoas não sabem como fazê-lo. Abuso sexual ou violações da ética não ocorrem por falta de competência ou conhecimento. Existe outra categoria de objetivos de aprendizado que é crítica.

2 Redução de Comportamentos Negativos O Valor Incomparável da Convicção Na época em que infinitos conteúdos online estão disponíveis a todos, é cada vez mais importante desenvolver a convicção em uma comunidade, versus apenas competência ou conhecimento vindo de livros. Convicção é a compreensão duradoura e o drive do aprendiz em fazer a coisa certa. O valor dos funcionários (ou clientes ou stakeholders) com convicção é tão grande para as empresas que isto transforma a missão de qualquer responsável por Desenvolvimento. Pessoas que usam a convicção não são inconstantes. Elas se atêm a estas convicções, mesmo em períodos de tédio, cobiça e stress. Elas também têm um poder imenso para levar outras pessoas a adotarem o mesmo alto padrão. E elas improvisam o material para aplicá-lo corretamente a situações que não são abordadas no curso formal. Um exemplo: No The Complete Guide to Simulations and Serious Games (Wiley, 2009), eu apresentei a pré e pósavaliação clínica de 360 alunos que passaram por uma de minhas simulações de liderança Gestores (41.4%) Subordinados (61.9%) Próprio (31.7%) 20.0 Colegas (43.1%) 25.0 Aumento de Comportamentos Positivos 360 avaliações Pré-Uso da Simulação Educacional 360 avaliações Cinco Meses após o Uso da Simulação Educacional Estes resultados nos mostram dois pontos. Primeiramente, todos os participantes, desde os subordinados aos gestores, tiveram um aumento na Convicção a partir da redução de seus comportamentos negativos e do aumento dos comportamentos positivos. Em segundo lugar, o resultado foi medido cinco meses após o programa de aprendizado. As constatações se mantiveram.

3 Um Exemplo de Design: Como os Programas Baseados em Simulações Desenvolvem e até Mudam a Convicção Simulações educacionais, jogos sérios e especialmente mundos virtuais não desenvolvem a convicção automaticamente, é claro. A convicção precisa ser considerada no design. No mundo real, por exemplo, ser pego em um controlador de velocidade não muda a convicção sobre dirigir rapidamente. Passar por um acidente grave, que quase te leva à morte, muda. Quando você tiver de mudar a convicção dos alunos, por exemplo: Deixe o participante experimentar usar seu comportamento tradicional. Em outras palavras, deixe-o fazer o que naturalmente faria se estivesse em um contexto familiar. (A propósito, isto é impossível em um role- play de sala de aula, em que ele tenderá a apresentar o seu melhor comportamento.) Quando ele fizer algo errado, mostre-o as consequências mais aparentes e prováveis de seu comportamento tradicional, mas também mostre consequências de longo prazo, escondidas, e aquelas que são pouco prováveis, mas possíveis (e que podem ser devastadoras). Permita que o jogador experimente emocionalmente as consequências negativas diretas. No simulador premiado criado pela Agência Mundial Anti-Doping, o principal objetivo de aprendizado era criar convicção nos estudantes, e não habilidades. Deixe-o visualizar o "sistema invisível" que representa o fluxo de eventos que as pessoas normalmente não conseguem ver, mas que leva a conseqüências devastadoras.

4 Aqui, como resultado do erro do jogador, o vírus do computador se espalha (em vermelho) do Drive USB para os servidores e mainframes da organização. Permita que o participante repita o cenário (o que significa que estes não podem ser muito longos ou se apoiarem demasiadamente em conteúdos lineares), e depois "descobrir" por si mesmo a maneira correta de fazer as coisas. O jogador pode agora aprender sem nem mesmo ser ensinado. Inclua alguns sinais de feedback para ensinar o jogador sobre quais são os sinais no mundo real que indicam que ele pode estar tendo um comportamento arriscado. Coloque o participante em situações que requerem uma improvisação baseada em no seu conhecimento adquirido. A revisão das ações do jogador e as conclusões não devem ser genéricas, mas sim sob medida. Esta tabela de revisão após a ação mostra a carga cognitiva do jogador enquanto ele dirige (e manda mensagens ou come) em um jogo, com todas as consequências negativas que foram geradas (aumento da velocidade, passagem por um farol vermelho). A característica mais importante do design, é claro, é ele ser honesto. A convicção não pode ser criada se não condizer com a vida real. O famoso advogado Gerry Spence escreveu que um passo crítico no ganho de uma argumentação é estar do lado correto. Da mesma forma, uma pessoa só pode desenvolver convicções em algo que seja real, mesmo que isto não seja imediatamente aparente.

5 Tudo em Menos de Uma Hora, e em Blocos de Cinco Minutos Se alguém quiser desenvolver convicção nos alunos em ambientes acadêmicos, abordando temas como matemática abstrata, ciência baseada em modelos, direitos de igualdade, democracia, agricultura ou sistemas legais, poderá levar um semestre inteiro. Mas nos ambientes corporativos, isto não é mais possível. De fato, antigamente os programas formais de aprendizado no ambiente corporativo duravam uma semana. As pessoas passavam cinco dias intensivos em um lugar reservado para o curso e emergiam em um novo grupo de habilidades. Com o tempo, a tolerância dos funcionários e gestores para um programa formal de aprendizado baixou para dois dias. Depois um dia. Depois meio período. Depois uma hora. Agora provavelmente são apenas quinze minutos de cada vez. Isto tem uma série de implicações. Os cursos devem estar imediatamente disponíveis para os alunos. Eles não podem ficar presos por conta de senhas ou esperando muito para carregar o programa. O tempo de login e procura pelos cursos corretos era aceitável quando a realidade era uma hora, mas dentro de quinze minutos não. Além disso, como deve haver um ganho intelectual para que haja um programa, o conteúdo deve ser extremamente rico. Temos que, como designers, entregar mais conteúdo em quinze minutos do que poderia ser entregue em quatro horas por designers instrucionais há vinte anos. Temos que usar interações ricas, sistemas interessantes e um feedback denso. O valor da produção dos cursos tem de ser altos. Este simulador que desenhei permite que gerentes não financeiros brinquem com conceitos financeiros, e ganhem feedback imediato e visual.

6 Nós, como designers, também temos que ficar mais espertos para conectar estas janelas de quinze minutos. Temos de pensar mais sobre capítulos contínuos e pré-requisitos. Um curso fácil de quinze minutos poderia levar facilmente a três cursos intermediários de quinze minutos. Se fizermos isto rapidamente (e com um conteúdo mais denso e melhor conectado), esta abordagem tem uma série de vantagens se comparada ao modelo antigo. Com as simulações e os jogos sérios, o aprendizado integra-se verdadeiramente à vida. Eu posso fazer um mini simulado de negociação, e depois pegar o telefone e praticar as novas habilidades imediatamente após o curso acabar, ao invés de retornar ao escritório depois de dois dias fora. Com o tempo, os designers pensarão mais sobre criar um ganho imediato, usando o jogador em primeira pessoa e um conteúdo centrado na ação. Além disso, os alunos podem de fato encarar o conteúdo de aprendizado formal como uma quebra em sua rotina de trabalho. Um simulador engajador - que requeira tanto a mente quanto ações - pode ser facilmente uma mudança apreciada no ritmo de um funcionário depois de uma hora preenchendo relatórios de despesa. Finalmente, fazendo conexões inteligentes, os alunos podem, no decorrer de semanas e meses, adquirir uma quantidade enorme de conteúdos enriquecedores. Sem se darem conta, os alunos poderiam cobrir o equivalente a um MBA, porém com mais flexibilidade e de uma maneira mais relevante para a sua vida profissional. Enquanto isso, a diminuição do aprendizado inerente ao antigo modelo pode ser substituída por um aumento do conhecimento aperfeiçoado sobre a vida real. A Razão para o Rápido Aumento de Simuladores para Vendedores O crescimento do desenvolvimento da convicção e a compactação do aprendizado levaram à mudança tectônica do público dos simuladores e jogos sérios. Questões de Compliance, ética e segurança ainda são a principal causa para o uso dos simuladores nas grandes empresas. Mas surgindo rapidamente como segunda maior causa são os simuladores para vendedores. Aqui, para serem efetivos, os simuladores têm levar em conta: 1. Quais são os problemas que os vendedores têm enfrentado? Qual a sua nova visão de mundo? O que podem controlar, e quais são os indicadores do seu balance scorecard? Como é o seu novo cenário de tecnologia e competitividade, e como este mudou de dois anos para cá? 2. Quais são os novos produtos e serviços que estão vendendo? Quais são os produtos e serviços que seus competidores estão vendendo? A mudança no contexto do consumidor significa competidores totalmente novos com novas propostas de valor? 3. Como os novos produtos e serviços resolvem os novos desafios operacionais e estratégicos dos clientes?

7 Os vendedores estão sendo chamados a fazer muito mais do que costumavam fazer. Antigamente eles costumavam ser organizados vertical ou horizontalmente, e agora têm de ser expert em ambos. Além disso, eles têm de mudar de mercado, absorver novos produtos, reagir a novos cenários e topografias, da noite para o dia. Os vendedores têm, além de entender novas realidades, exalar paixão e confiança para seus clientes. Têm de compreender isto de maneira visceral e reflexiva. No passado, isto vinha depois de décadas de experiência. Mas as mudanças de mercado necessariamente requerem uma compactação da experiência. Usar simulações para rapidamente levar os vendedores à sua nova realidade não apenas faz sentido, mas também se mostra cada vez mais necessário. O Resultado: Conforto Pode ser que tenhamos agora alguns programas educacionais que não ensinam nada de novo. Os alunos podem sair deles sem terem aprendido nada (no sentido extrínseco tradicional). No entanto, como resultado do programa, eles podem ser muito mais válidos para a organização e para si próprios. A rapidez no acesso à informação é um marcador de convicção, como foi testado neste jogo simples, em que é necessário identificar a implementação da fala de uma estratégia de liderança antes que ela chegue ao final da tela. A combinação de Competência e Convicção cria Conforto. Esta é a sensação que surge quando se tem a experiência real, especialmente a experimentação. O conforto pode provir do uso de uma nova ferramenta online, da venda de um produto ou serviço de uma nova maneira ou em um novo ambiente, ou da liderança ou gerenciamento de um projeto.

8 A habilidade dos simuladores de criar conforto é única e altamente valiosa. Uma vez que uma organização começa a desenvolver simulações, ela entende porque as maneiras antigas, inclusive as de networking social, falhavam.