ENSINAR E APRENDER SOBRE COMPORTAMENTO ANIMAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A ELABORAÇÃO E PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS
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- João Batista Cabreira de Barros
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1 ENSINAR E APRENDER SOBRE COMPORTAMENTO ANIMAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A ELABORAÇÃO E PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luciana Maria Lunardi CAMPOS 1 Melissa Resende BATISTELA 2 Resumo: Este artigo relata um subprojeto vinculado ao projeto Materiais didáticos para o ensino de Ciências Naturais na Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental.: Produção, elaboração avaliação e divulgação desenvolvido durante o ano de 2004 junto ao Núcleo de Ensino Instituto de Biociências Botucatu. Este subprojeto teve como objetivos elaborar, desenvolver e avaliar materiais didáticos para o tema comportamento animal, visando contribuir para os processos de ensino e de aprendizagem desse conteúdo na educação infantil. Para atingir aos objetivos propostos, foram elaborados, produzidos e avaliados onze materiais didáticos sobre temas relacionados ao comportamento animal, como: habitação, comportamento parental, alimentação. A utilização dos mesmos junto a um grupo de alunos préescolares evidenciou aspectos positivos dos materiais produzidos. Palavras-chave: ensino, recursos didáticos; Ciências Naturais, comportamento animal e educação infantil BREVE HISTÓRICO A Educação Infantil é considerada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação no. 9394/96 como parte integrante da educação básica, tendo por finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, e seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e comunidade. Assim, ela deve definir uma direção para a aprendizagem dos alunos e selecionar conceitos, procedimentos e valores com vistas à formação das mesmas, possibilitando aos mesmos autonomia necessária e a autoconfiança, por meio da ação, da expressão e da reflexão. ((Brasil, 1998 ; Redin, 1998). O direcionamento da aprendizagem, na educação infantil, é proporcionando pelo educador que se relaciona com a criança, para que esta vá se apropriando dos códigos sociais, dos símbolos da linguagem, enfim, da cultura do seu grupo (Brasil, 1998). Nesta perspectiva, o professor deve instigar, conhecer os limites e aspirações dos alunos, ser mediador das relações dentro das salas de aula, apoiador afetivo e organizador dos espaços físicos e das atividades (Oliveira, 1988). 1 Docente do Departamento de Educação Instituto de Biociências UNESP Botucatu; Orientadora 666
2 Para tanto, ele pode adotar diferentes estratégias e metodologias. Estes métodos partem, geralmente, da especificidade da criança que está relacionada com atividades, lucidade, fantasia e imaginação (Redim, 1988). As crianças, em fase pré-escolar, estão em pleno desenvolvimento de suas capacidades de simbolização, através da linguagem, da imaginação, da imitação e da brincadeira em situações cada vez mais diversas. Esta simbolização possibilita à criança o estabelecimento, cada vez maior, da relação entre a realidade e o mundo social (Brasil, 1998) e a utilização de materiais concretos, trabalhos em grupo e brincadeiras possibilita o exercício das capacidades de simbolização da criança e permite sua aprendizagem, pois através do uso dos materiais concretos, a criança se aproxima de uma representação imitativa da realidade, assimilando esta realidade cognitivamente (Macedo, 1988). Os trabalhos em grupo favorecem as relações de troca e afeto com o outro, permitindo o aprimoramento do pensamento infantil devido às interações interpessoais, que são imprescindíveis para a aprendizagem da criança (Brasil, 1998). Em atividades lúdicas, a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação (Brasil., 1998) e descobrir suas emoções e a existência do outro, suas possibilidades e suas limitações dentro de um contexto ameno, que são a essência mesma destas atividades (Pansan et al, 2001). Neste sentido, as brincadeiras de regra como pega-pega, bolinha de gude, jogo com bolas, permitem o exercício destas interações com o outro, facilitando a vida em sociedade, além de aperfeiçoamento dos movimentos físicos (Friedmann, 1988). As interações no brincar possibilitam, através da oferta de objetos e brinquedos que os adultos fazem às crianças, que elas entrem em contato, precocemente, com as propriedades e os usos sociais dos objetos, aproximando-se das múltiplas formas de ser e pensar da sociedade (Brasil, 1998). Isso ocorre, porque as interações infantis, durante as brincadeiras, fazem com que a criança e seus parceiros confrontem suas próprias zonas de desenvolvimento proximal, nos termos de Vygotsky, o que os leva a representar a situação de fora cada vez mais abstrata e a construir novas estruturas auto-reguladoras de ação, ou seja, modos pessoais historicamente construídos de pensar, sentir, memorizar, mover-se, gesticular, etc. (Oliveira, 2002) Assim, ao brincar de faz-de-conta, a criança faz uso de suas vivências, ativando sua memória, para poder interpretar papéis de diferentes pessoas ou personagens que ela já entrou contato. Os objetos perdem sua força determinadora ganhando novos significados na brincadeira 667
3 e, desta forma, a criança passa a perceber que dependendo da situação, o objeto terá uma função própria (Oliveira, 2002). Nas brincadeiras com material de construção, a criança consegue sentir o material, sua forma e textura, percebendo suas propriedades e características e seus usos sociais e simbólicos (Brasil, 1998). Nessa atividade, os materiais são relacionados e transformados em função de diferentes argumentos de faz-de-conta (Brasil, 1998). Portanto, as atividades lúdicas e o trabalho livre e criador oferecem oportunidades para se estimular o desenvolvimento da criança, sustentada pelo oferecimento de sensações agradáveis, que é fundamental para a satisfação psicológica (Rizzo, 1998). Além da preocupação com os tipos de atividades a serem desenvolvidos na préescola, o conteúdo a ser apresentado também deve ser objeto de análise, reconhecendo-se que temas presentes no dia a dia das crianças devem ser utilizados, por despertarem o interesse da criança, tornando a aprendizagem prazerosa. Entre estes temas, destacamos como relevantes aqueles relacionados a Ciências Naturais, pois permitem à criança conhecer mais sobre o mundo em que vive e a si mesma, despertam interesses e respondem a perguntas que surgem no contato com o seu meio físico e social. O ambiente onde as crianças vivem se constitui em um conjunto de elementos naturais indissociáveis, frente ao qual elas se mostram curiosas e investigativas. Desde muito pequenas, pela interação com o meio físico e social no qual vivem, as crianças aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas às suas indagações e questões (Brasil, 1998). Fenômenos naturais, como chuva, por e nascer do sol, nascimento de um animal ou de uma criança são observados pelos olhares infantis que ficam maravilhadas com estes acontecimentos e acabam elaborando teorias próprias, intuitivas, para poder compreendê-los. A descoberta das ciências pode ajudar a substituir explicações intuitivas que as crianças encontram para o desconhecido (Harlan et al, 2002) e despertar a curiosidade, o medo, a emoção, enfim, sentimentos que possibilitam a atenção e, desta forma, favorecem a aquisição do conhecimento. Assim, o estudo de Ciências Naturais, na pré- escola, pode fornecer à criança instrumentos necessários para que ela compreenda melhor os acontecimentos naturais que a cercam e conheça mais sobre si e o mundo, desenvolvendo a capacidade de reflexão consciente e possibilitando melhores condições de entender e atuar no mundo em que vive (Dominguez, 2001). 668
4 Neste sentido, ao ensinar Ciências Naturais, o professor deve selecionar conteúdos e procedimentos e recursos metodológicos adequados aos objetivos propostos, podendo utilizar recursos, como imagens produzidas pelo homem como fotos, mapas, pinturas, filmes, que trazem para a criança informações sobre o mundo próximo e distante a ela (Brasil,1998); apresentar perguntas sobre o assunto estudado, pois por meio de questionamentos, a criança constrói o conhecimento ativamente ( Chen, 2001) e desenvolver conteúdos que instiguem a criança e façam com que ela queira aprender, sendo que isto pode ser conseguido utilizando-se de informações presentes no dia a dia delas. O fato dos animais de todos os tamanhos e condições fascinarem muitas crianças que desejam muito observá-los, tocá-los e cuidar deles (Harlan et al, 2002) contribui para a compreensão do estudo do comportamento animal na pré-escola como relevante, pois esta temática pode suprir necessidades e dúvidas das crianças. Outro aspecto que justifica o estudo de comportamento animal na pré-escola é o fato de que, freqüentemente, as criança misturam idéias ficcionais de faz-de-conta, desenhos animados, histórias infantis e crenças populares, que tratam os animais de forma humanizada e distante da realidade, com informações adquiridas por meio da mídia ou de outras fontes de divulgação científica (Dominguez,2001). Isto pode provocar confusão no pensamento da criança, que acaba por assimilar conhecimentos errôneos sobre o assunto, por exemplo, entendendo que o urso é sempre um animal bonzinho e o lobo é mau. Considerando-se discussões atuais sobre os processos de ensino e de aprendizagem na educação infantil e a relevância do tema Comportamento animal para os alunos nesta faixa etária foi desenvolvida uma proposta que teve por objetivo elaborar, produzidos e avaliar materiais didáticos sobre etologia para a educação infantil. O planejamento, produção e avaliação dos materiais foram realizados em conjunto com a aluna de licenciatura Marcela Nonino. DESENVOLVIMENTO Após análise de conteúdos relacionados aos animais propostos para a pré-escola (Brasil, 1998) e tendo em vista o objetivo favorecer a apropriação de conhecimentos, desmistificar idéias ficcionais sobre o comportamento animal e favorecer a compreensão do mundo animal pelos alunos foram definidos os seguintes temas : Classificação dos animais vertebrados - breve introdução Relação entre mãe e filhote -cuidado parental Habitação - adaptação ao meio Alimentação - cadeia e hábito alimentar Agrupamento na natureza - grupos e organizações sociais 669
5 Estes temas foram escolhidos visando mostrar o comportamento animal, desde o seu nascimento até sua morte, de uma forma geral, não entrando em especificidades, pois estas seriam irrelevantes e inadequados na educação pré-escolar. A seqüência dos temas procurou seguir uma ordem de complexidade das informações, da mais simples para as mais complexas, levando em conta que as estruturas cognitivas são construídas gradativamente (Chen, 2001) e que uma aprendizagem significativa só ocorre quando a nova informação ancora-se em conceitos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva de quem aprende (Ausubel apud Moreira, 1982). Após a definição dos temas, foram realizadas observações semanais, em aula, de alunos pré-escolares, durante três meses, visando o contato com alunos pré-escolares e com a prática pedagógica nesse nível de ensino. Durante esse período, foi desenvolvida uma atividade desenvolvida com o grupo que teve como objetivo coletar dados sobre o conhecimento das crianças a respeito da diversidade de animais existentes. Para isso, foi solicitado a elas um desenho, em uma folha sulfite, de todos os animais que conheciam. Os desenhos representaram animais mais comumente vistos pelas crianças nas ruas, em sua casa e/ou na televisão, entre eles: borboleta, tartaruga, cobra cachorro, gato, leão, porco e pato e indicaram que as crianças já possuíam algumas informações sobre os animais, tornando o seu estudo relevante, pois, segundo PEDRINI (2000), a informação torna-se conhecimento quando esta se relaciona com conhecimentos prévios do indivíduo. A partir do levantamento desses dados e com base na literatura sobre aprendizagem infantil foram elaborados e produzidos onze materiais didáticos correspondentes aos temas propostos: transparências e cd (classificação), vídeo e figuras de animais (Mãe e filhote), painel (habitação), círculo da vida, pega pega diferente (alimentação), vídeo, painel interativo, caixa de vidro e amostras de cupim (agrupamentos sociais). Materiais produzidos: 1. Transparências 2. CD Esses materiais foram confeccionados a partir de fotos de animais: peixe (tubarão, peixe palhaço, raia), anfíbio (sapo, rã, perereca, salamandra), répteis ( jacaré, tartaruga, lagarto; cobra), aves (pingüins, gavião, passariformes, coruja) e mamíferos ( leão, lobo, macaco, onça) extraídas de livros e sites especializados na área. As fotos foram impressas em lâminas de transparência, em impressora HP, com resolução que garantiu as cores e a nitidez dos animais. As fotos também foram reunidas em cd. 670
6 Esses materiais visavam favorecer a apresentação das 5 classes de vertebrados existentes, seus representantes, apontando as semelhanças e diferenças entre os animais da mesma classe e de classes diferentes. 3. Vídeos O vídeo foi elaborado a partir de um documentário sobre nascimentos e cuidados parentais de diferentes animais vertebrados e visa apresentar diferentes comportamentos de cuidado com a prole e esclarecer que esses cuidados estão relacionados ao grau de desenvolvimento do filhote, favorecendo a comparação entre o cuidado parental humano e o dos demais mamíferos. 4. Figuras e jogo de memória Estes materiais são compostos por figuras impressas de animais e seus filhotes, extraídas de livros e sites especializados na área e de figuras desenhadas representando sapo e girino, tartaruga e tartaruga filhote (saindo do ovo), peixe adulto e peixe filhote ; pássaro e seus filhotes no ninho e lobo e lobo filhote, a partir das quais foi montado um jogo de memória. Os materiais tem o mesmo objetivo que o vídeo descrito acima. 5. Painel Este material é composto por : a) um painel contendo uma paisagem de um ambiente natural com os seguintes elementos: árvores de diferentes tamanhos, rio, folhagem e troncos forrando partes do solo e solo descoberto e b) imagens de animais (sapo, cobro, peixes, jabutis, onça, beija-flor, lobo...). Ele foi confeccionado a partir de gravuras coloridas extraídas e livros e impressas em papel gloss. O painel foi impresso em tamanho 0,90X1,00 e as figuras em tamanho aproximado de 15 por 15 cm, em papel gloss e revestidas com papel contat. O objetivo desse material é apresentar, de forma lúdica, os diferentes habitats dos animais e indicar a importância desses habitats para a sobrevivência deles. Entende-se que este material pode ser utilizado após uma explicação sobre as casas do animais, com a distribuição de imagens recortas dos animais aos alunos e solicitação, pelos alunos, da colagem (com fita crepe) de seu animal em seu respectivo habitat representado no painel. 671
7 6. Círculo da vida O material abrange: a) um círculo de madeira de aproximadamente 30 cm de diâmetro, com flechas pintadas com tinta para artesanato, que indicam a passagem da energia, de um ser vivo para outro, na natureza. b) miniaturas de plástico de plantas e animais (herbívoros, onívoros e carnívoros). Ele l tem por objetivo favorecer a explicação, de forma dinâmica, dos diferentes hábitos alimentares dos animais, incluindo o homem, e a importância do ciclo de energia decorrente destes diferentes hábitos alimentares. 7. Pega-pega diferente O material é composto por modelo de orelhas feitas de e.v.a e coladas em tiaras representando os seguintes animais: lobo (4 pares), onça (4 pares) e coelho (7pares); modelo de chifres de veados feito de e.v.a e colados em tiaras (7 pares); modelo de mato feito de e.v.a e colado em tiaras (8 matos) e modelo de cenoura feito em e.v.a (8). Ele permite, através de uma brincadeira, mostrar como ocorre a dinâmica de cadeias alimentares na natureza. A brincadeira pode ser realizada por meio das seguintes etapas: 1 - explicação das cadeias alimentares que serão utilizadas no jogo: mato veado onça e cenoura coelho lobo, 2- _distribuição aleatória das representações dos animais e plantas para as crianças, 3- _ explicação da brincadeira, que consiste em um pega-pega diferente. As crianças que representarão o mato e a cenoura deverão ser pegas pelas que representarão veado e coelho, respectivamente, e, estas, pelos que representarão onça e lobo, respectivamente. Conforme as crianças forem sendo pegas, elas deverão sentar no chão, acabando o jogo quando restarem apenas onças e lobos em pés. O fechamento da brincadeira poderá ser feito através de perguntas às crianças que relacionem o jogo com cadeia alimentar 8. Vídeo Este material foi elaborado a partir de um documentário sobre organizações sociais de animais vertebrados na natureza e apresenta, entre outros animais, as águias que são animais que vivem sozinhos e os leões e as galinhas, que são animais que vivem em grupos organizados, com o objetivo de apresentar as formas de agrupamentos dos animais na natureza tentando relacionar estes agrupamentos com os realizados pelos homens. 672
8 9. Painel Interativo A sociedade das gaivotas. Este painel foi confeccionado em feltro e pintado com tinta para tecido, retratando o habitat das gaivotas (campo aberto, com alguns arbustos e capins). Foram confeccionadas, também, imagens de corvos e gaivotas de diversos tamanhos e posições imprimidas em sulfite, coladas em cartolinas, revestidas com papel contate e recortadas. O material aborda a organização de uma comunidade de gaivotas, com os rituais de corte e os mecanismos de defesas importantes para a proteção dos ovos, dos filhotes e do habitat, contra os predadores como os corvos, visando por meio desta apresentação, explicar outros agrupamentos animais e a importância destes agrupamentos para a sobrevivência destes animais. A explicação sobre a organização das gaivotas pode ser feita por meio de uma história que vai sendo contada conforme as gaivotas vão sendo coladas no painel. Esta história poderá conter: um namoro de duas gaivotas que ocorre da seguinte maneira: o macho abaixa a cabeça para a fêmea num sinal de submissão, macho e fêmea fica de costa um para o outro indicando paz entre eles, o macho regurgita para a fêmea se alimentar e, depois, constrói um ninho para abrigar o filhote do casal. _ um casal de gaivotas protegendo seu ninho; - gaivota expulsando corvos que se alimentavam de ovos e filhotes de gaivota Após a história contado por uma educadora, as crianças poderão colar as gaivotas no painel, construindo suas próprias histórias. 10. Caixa de vidro Este material é composto por : de altura; a) caixa retangular de vidro, medindo 35cm comprimento, 20cm de largura e 15cm b) tubos confeccionados em massa bisquit e pintados com tinta acrílica marrom, representando tocas; c) figuras de marmotas recortadas e coladas em cartolina; d) porção de terra; Com a caixa montada, é possível visualizar animais trabalhando na construção de ninhos, brincando fora das tocas, vigiando e tomando conta e brincando com filhotes, descansando e também animais predadores e outros que convivem com as marmotas e perceber diferentes funções exercidas pelos membros de um grupo. 673
9 11. Amostras de cupim Esse material foi constituído de representantes da sociedade dos cupins (rainha, soldados, operários, e louva-deus) colocados em vidro transparente e conservados em álcool a 70%., visando apresentar os diferentes membros de uma sociedade e suas funções Os materiais elaborados foram utilizados em atividades desenvolvidas, uma vez por semana, com crianças do curso pré II, entre 4 e 5 anos, em uma pré-escola municipal de Botucatu, SP, o que possibilitou uma análise sobre a adequação e pertinência dos mesmos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considera-se que a utilização dos materiais possibilita a visualização dos animais em seus ambientes naturais e sem comportamentos e características estereotipadas, fornecendo subsídios reais para que os alunos construam conhecimento, tendo em vista que em idade préescolar, eles necessitam atuar ainda muito próximos às situações concretas e reais para pensar mais abstratamente (Assis, 1988) Os materiais possibilitam a apresentação de informações sobre as características físicas dos animais, seus comportamentos de caça, de cuidado da prole, de formação de grupo, entre outros, proporcionando um conhecimento real da vida dos animais e contribuindo para a desmistificação de idéias difundidas por faz-de-conta, desenhos animados e histórias em quadrinhos. Os materiais contemplam outras importantes dimensões da educação infantil : a lúdica e a coletiva. Entende-se que o desenvolvimento de atividades com a dimensão lúdica é fundamental para a aprendizagem na fase pré-escolar, pois conforme considerou Lima (1988), elas possibilitam o prazer, a cooperação, a imaginação, a criatividade e a auto-estima, tornando as aulas dinâmicas e proporcionando uma aprendizagem prazerosa, permitindo a assimilação de novos conhecimentos e contribuindo para o desenvolvimento das relações interpessoais, da imaginação, da memória e do raciocínio. A utilização de situações imaginárias é fundamental pois auxilia o desenvolvimento de pensamento abstrato, possibilitando que a criança passe a dirigir seu comportamento não somente pela percepção direta dos objetos ou pela situação que a afeta de imediato, mas também pelo significado dessa situação (Santos, 2002 e Oliveira, 2002). O trabalho em grupo também é importante, tanto do ponto de vista da socialização da criança, como de seu desenvolvimento intelectual (Macedo,1988) 674
10 No entanto, entende-se que a utilização adequada dos materiais depende da identificação do conhecimento prévio das crianças em relação aos animais e aos temas abordados e deve, ainda, possibilitar que elas exponham os conhecimentos adquiridos de forma livre e criadora, o que é importante para o desenvolvimento do pensamento infantil (Rizzo, 1989). Considera-se, ainda, que a utilização dos materiais pressupõe a mediação do professor e o desempenho de sua função de incentivar os alunos, apresentando novos conteúdos, mediando as relações entre eles, propondo atividades lúdicas e coordenando ações. Entendemos que é por meio da constante comunicação entre crianças e adultos, que ocorre a assimilação da experiência de muitas gerações e a formação do pensamento (Oliveira, 1988) e que os materiais didáticos são ferramentas que podem favorecer essa comunicação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGOTTI, M. O Trabalho docente na Pré-Escola. São Paulo: Pioneira Educação, p. ARAÚJO, M. N. Aspectos Práticos e Teóricos da Formação do Educador de Creche/Pré-Escola. Série Idéias - Fundação para o desenvolvimento da Educação, São Paulo: FDE, n.1, 1988, p ASSIS, R. A. O trabalho do Professor na Pré-Escola. Série Idéias - Fundação para o desenvolvimento da Educação, São Paulo: FDE, n.1, 1988, p BATISTELA, M. R. Conhecendo os animais brincando: o estudo do comportamento animal na Educação Infantil. Relatório de Instrumentação. Instituto de Biociências. Unesp. Botucatu, BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental: Referencial Curricular para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, CHEN, Jei-Qui (Org.) Atividades Iniciais de Aprendizagem. Porto Alegre: ARTMED, p. DOMINGUEZ, C. R. C. Roda de Ciências na Educação Infantil: Um aprendizado lúdico e prazeroso Dissertação (Mestrado), Faculdade de Educação da USP, São Paulo. FRIEDMANN, A. Jogos Série Idéias - Fundação para o desenvolvimento da Educação, São Paulo: FDE, n 1, 1988, p HARLAN, J. D.; R., M. S. Ciências na educação infantil: Uma Abordagem Integrada. 7. ed. Porto Alegre: ArtMed, p. KRAMER, S. A Política do Pré-Escolar no Brasil: A Arte do Disfarce. 2. ed. Rio de Janeiro: Achiame, p. LIMA, E. C. A.S. O Jogo e a Criança Série Idéias Fundação para o desenvolvimento da Educação, São Paulo: FDE, n.1, 1988, p LOPES, M. G. Jogos na educação: criar, fazer, jogar. São Paulo: Cortez, MACEDO, L. A Perspectiva de Jean Piaget. Série Idéias Fundação para o desenvolvimento da Educação, São Paulo: FDE, n.1, 1988, p MOREIRA, M.A. & MASINI, E.F.S. Aprendizagem significativa - A teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, p 675
11 NONINO, Marcela Azevedo Conhecendo os animais: o estudo do comportamento animal na Educação Infantil. Relatório de Instrumentação. Instituto de Biociências. Unesp. Botucatu, OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil. São Paulo: Cortez, p. OLIVEIRA, Z. R. Ciranda, Faz-de-Conta e Companhia: Reflexões Acerca da Formação de Professores para Pré-Escola. Série Idéias - Fundação para o desenvolvimento da Educação, São Paulo: FDE, n.1, 1988, p PEDRINI, A. G. Educação Ambiental: Reflexões e Práticas Contemporâneas. São Paulo: Vozes, REDIN, R. Atendimento à Criança Pequena no Brasil. Série Idéias - Fundação para o desenvolvimento da Educação, São Paulo: FDE, n.1, 1988, p RIZZO, G. Educação pré-escolar. Rio Janeiro: F Alves, p SANTOS, C.M. Levando o jogo a sério. São Paulo: Presença Pedagógica, 1998, pp
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