MEMÓRIA IFC CAMPUS CONCÓRDIA: 50 ANOS DE REGISTROS E RELATOS
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- Adriana Fartaria Lagos
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1 MEMÓRIA IFC CAMPUS CONCÓRDIA: 50 ANOS DE REGISTROS E RELATOS Mary Anne dos SANTOS; Sílvia Fernanda Souza DALLA COSTA; Nelsi SABEDOT; Edimar Sérgio da SILVA; MARIBEL Barbosa da CUNHA; Nauri Inês Fontana; Shyrlei Benckendorf; Alessandra Carine PORTOLAN. Introdução O Instituto Federal Catarinense é um dos estabelecimentos de ensino mais tradicionais de Concórdia. Desde sua criação como Colégio Agrícola passou a ser um diferencial da educação regional, pois oferecia a qualificação necessária para atender a carência de mão-de-obra especializada em toda a área agrícola, mas especificamente junto às agroindústrias. O presente trabalho relata as atividades realizadas no contexto do projeto de extensão que teve como intuito realizar um resgate fotográfico e de relatos orais acerca dos 50 anos de história do IFC Campus Concórdia, comemorados no mês de maio do ano de 2015, passando pela fase de Ginásio Agrícola; Colégio Agrícola, Escola Agrotécnica e Instituto Federal, a partir de Dentre seus objetivos, elencou-se resgatar registros da história oral dos sujeitos envolvidos na trajetória da escola; apurar a história oral da instituição, contando com a participação dos docentes e discentes da escola, egressos e comunidade, com depoimentos que representem a passagem das gerações; compilar objetos históricos para exposição referente aos 50 anos da instituição; estabelecer maior articulação entre a escola e a comunidade, criar a cultura da preservação dos arquivos e valorizar a Educação; e, promover a reflexão sobre o papel da escola na comunidade. Dentre suas principais justicaficativas constava a necessidade de organizar acervo de imagens e registros que remontassem os 50 anos do educandário, por meio da compilação de materiais existentes no campus, bem como coleta de depoimentos com passagens da história. Material e Métodos A pesquisa possui caráter qualitativo e documental. Inicialmente, fez-se um mapeamento de ex-alunos e ex-servidores (professores e funcionários), com o intuito de reconstruir memórias. Por meio de pesquisa documental nos arquivos escolares, realizou-se uma coleta de registros fotográficos, separando-os por décadas e por assuntos. Desses elencou-se imagens
2 representativas que foram trabalhadas, digitalizadas e ampliadas para exposição. Organizouse ainda mapas e documentos como atas, documentos oficiais de criação, relatórios, etc. Também, buscaram-se objetos que constituíram a história desses 50 anos, os quais foram coletados nos diversos setores da instituição, limpos, organizados e classificados segundo as informações do setor de patrimônio. Dentre esses, alguns objetos didáticos pedagógicos utilizados nas primeiras décadas da escola (projetores de slides, compassos de madeira, relógio ponto, máquinas de datilografar, móveis, etc.), quadros e convites de formatura e acervo de inúmeras situações que apontam para a organização didática e estrutural de cada época. Foram realizadas algumas entrevistas semiestruturadas, organizadas por temáticas, com os sujeitos envolvidos no processo: ex-professores, ex-alunos e ex-servidores, representantes de cada uma das cinco décadas de história. As entrevistas foram ouvidas e transcritas, material que ainda está em fase de coleta de novas entrevistas para posterior transcrição e análise dessas. Como produto, foi realizada uma exposição para a comunidade concordiense, em espaço público (Galeria Municipal das Artes), do material compilado e organizado, remontando a trajetória da instituição na cidade, no mês de maio de A partir de junho o material passou a ser exposto na Biblioteca do IFC Campus Concórdia, para visitação da comunidade interna, sendo que, na sequência, visa-se à organização de um memorial que compile tais objetos, registros fotográficos e registros da história oral que contem a história do IFC Campus Concórdia e dos sujeitos que a compõem. Resultados e discussão i. Aspectos da História Oral A história oral centra-se na memória humana e sua capacidade de rememorar o passado enquanto testemunha do vivido. Não é somente a lembrança de um certo indivíduo, mas de um indivíduo inserido em um contexto familiar ou social. De certo modo, toda memória é coletiva e se constitui um elemento essencial da identidade, da percepção de si e dos outros. Filtramos nossas lembranças, ativando aquilo que queremos, que nos é significativo.
3 Talvez não possamos impedir que certas lembranças aflorem, mas podemos controlar a forma como essas lembranças sairão da esfera do íntimo, do privado, e ganharão vida própria no público. ii. A constituição e trajetória do IFC Campus Concórdia Na década de 1960, a região de Concórdia SC tinha como palco de sua ação econômica a agricultura e a produção de suínos, dados a fundação e funcionamento da Empresa Sadia S/A no município, desde Foi em 1961 que, o então senador Attilio Francisco Xavier Fontana, fundador da Sadia S/A, em encontro com o então presidente Jânio Quadros, ressaltou a ele a importância da implantação de uma escola técnica na região de Concórdia. A partir de então, delineou-se a seguinte trajetória Atendendo a solicitação, o presidente baixa decreto oficializando a criação do Ginásio Agrícola, ofertando, no primeiro momento, o Curso de Agropecuária. Figura 1- Formandos (Ginásio agrícola Concórdia) A Escola tornou-se Colégio e os alunos passaram a fazer o que se denominava colegial profissionalizante, formando-se então Técnicos em Agropecuária Passou a se denominar Escola Agrotécnica Federal (status de Autarquia).
4 Figura 2- Sala de aula e equipamentos pedagógicos final da década de Por meio da Lei , de 29 de dezembro de 2008, passou a integrar o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense, denominando-se IFC Campus Concórdia. Assim, o IFC surge no contexto do novo contexto da Rede Tecnológica Federal, originado da integração das escolas agrotécnicas de Concórdia, Rio do Sul e Sombrio, mais os colégios agrícolas de Araquari e Camboriú, que eram vinculados à Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC). iii. O resgate da história do IFC por meio do relato de seus sujeitos Para exemplificar o trabalho de coleta de relatos e transcrição, apresentamos um excerto da entrevista concedida no dia 22 de maio de 2015, pelo ex-diretor Celso Lemos, que foi o segundo diretor da instituição e que trabalhou desde o início da década de 1970, conforme relata: Exemplo de transcrição 01: E - (...) para coletar seu depoimento, sua história na instituição, gostaria que o senhor se apresentasse primeiramente e depois a gente começa a conversar C.L Exatamente! Então gostaria de dizer que é uma grande honra e satisfação estarmos aqui dando esse depoimento, e falar alguma coisa que a gente guarda na nossa memória. Eu sou natural da cidade de Bom Jesus no Rio Grande do Sul, bem no interiorzão, naquele tempo que se nascia na própria casa, hoje é galpão naquele tempo era casa. Metade era para os bovinos, metade era para a família, ali que eu nasci então, em Bom Jesus. Eu, Celso Luís Lemos, vim para a instituição recém transformada de ginásio agrícola para colégio agrícola, nos idos de 1971, se não me engano foi no próprio mês de Maio que cheguei nessa escola. (...) [grifo nosso]
5 Dos materiais, foram catalogados e organizados, com placas de identificação como a figura 3 a seguir: Figura 3- modelo de placa de identificação INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Compasso de madeira Data da aquisição: Patrimônio nº3922 O objeto em questão era um compasso usado no ensino de geometria, bem rústico, que apontava para as poucas tecnologias que auxiliavam o trabalho docente n o início da instituição. Infelizmente foram poucos os objetos mais antigos encontrados, pois muita coisa foi extraviada ao longo dos anos, bem como dado baixa, como afirmavam os servidores e encaminhados para setores de descarte e reciclagem. A busca in loco desses materiais apontou para o grupo de trabalho sobre a necessidade e urgência de formar de preservar a cultura e os registros institucionais, para que possam servir como memória para as próximas gerações. Conclusão É fundamental preservar a memória daqueles que não têm lugar nos manuais de história, salvaguardar os seus testemunhos e depoimentos. (BENJAMIN,1992). O trabalho ainda está em desenvolvimento, mas desde seu início tem levantado elementos que serviram para relembrar a trajetória da instituição e a função social que desempenhou em cada época na região. Referências ARENDT, H. Entre o passado e o presente. São Paulo: Perspectiva, BENJAMIN, Walter. Teses sobre a Filosofia da história: sobre arte, técnica, linguagem e política. Lisboa: Relógio d Água, 1992, p FERREIRA, A.G.Z. Concórdia: o rastro de sua história. Concórdia-SC: Fundação Municipal de Cultura, 1992, 240 p. FERREIRA, M. M.; AMADO, J. Usos e abusos da história oral. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, FOUCAULT, M. Resgatando a história popular. In: Revisa Pós-História, Assis, São Paulo- SP, 1993, p MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de história oral. Petrópolis: Loyola, 2005, 248p. SOUZA, M. C. C. Escola e memória. São Paulo: Editora da Universidade São Francisco, 1997, 196 p.
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