A institucionalização de crianças e adolescentes: um outro olhar do contexto familiar e comunitário
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- Camila Sales de Santarém
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1 Grupo de trabalho: GT III: Políticas de proteção de direitos de meninos, meninas e adolescentes na América Latina. A institucionalização de crianças e adolescentes: um outro olhar do contexto familiar e comunitário Alexsandro Claudio do Nascimento (Assistente Social da Aldeia da Criança Alegre). Marceli Matoso da Silva (Mestre em Serviço Social e Membro do Conselho Diretor da Aldeia da Criança Alegre). Resumo O trabalho desenvolvido pela instituição Aldeia da Criança Alegre na região rural do município de Nova Friburgo no Estado do Rio de Janeiro, tem como objetivo atuar no enfrentamento da questão social no que tange o direito da criança e do adolescente, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente/1990 (ECA) e o Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária (2006). Dessa forma a instituição vem remodelando seu projeto de atendimento visando atender a crianças e adolescentes e suas famílias. Abstract The work of the Children's Village institution Alegre in rural Nova Friburgo municipality of the State of Rio de Janeiro, aims to act in confronting social issues regarding the right of children and adolescents, as recommended by the Children's and Adolescente/1990 (ECA) and the National Plan of family and community (2006). Thus the institution is reshaping your design service to meet the children and adolescents and their families. Palavras- Chave: Criança e Adolescente, Abrigo e Convivência familiar e Comunitária. Keywords: Child e Adolescent, Shelter and Family and Community Living. 1. Introdução A Aldeia da Criança Alegre Kinderdorf Rio é uma organização não governamental, sem fins lucrativos com atuação em todo o Estado do Rio de Janeiro, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade social, visando dar apoio a ações e projetos voltados para crianças e adolescentes. A instituição iniciou suas atividades no ano de 1968 e teve como principal finalidade, durante 30 anos 1
2 desenvolveu um trabalho de Família Substituta Institucional, além de atividades de apoio ás famílias junto à sociedade. O trabalho de Família Substituta Institucional" foi realizado nos Municípios de Nova Friburgo e Bom Jardim que oferecia atendimentos na modalidade de CASA- LAR, conforme Lei n de 18/12/1987, na qual o casal social tem a função de garantir à convivência familiar de crianças e adolescentes institucionalizados devendo cuidar da alimentação, higiene, saúde, vestuário e demais necessidades. A partir de 1990, com a promulgação do ECA(Estatuto da Criança e do Adolescente), uma nova política de atendimento a criança e ao adolescente, foi efetivada, o que não incluía a Família Substituta Institucional. Consequentemente perante o Conselho Tutelar, Juizado e Promotores, a Aldeia da Criança Alegre passou a ser caracterizada como abrigo, e sua missão de proporcionar uma família substituta a crianças e adolescente era desconsiderada. Frente ao avanço legal e a necessidade de concretizar as medidas preconizadas no ECA, a Aldeia da Criança Alegre buscou outras formas de garantir a direito da criança e do adolescente a convivência familiar e comunitária, reconstruindo assim seu projeto de trabalho, deixando de atuar na modalidade de Família Substituta Institucional. 2. A Casa-lar e a construção de uma nova política de atendimento a crianças e adolescentes Aldeia da Criança Alegre iniciou suas atividades na Alemanha, com o trabalho de missionários das comunidades do Padre Leppich em Oberhausen em A proposta inicial era a criação de uma instituição para assistir crianças abandonadas no Brasil, através do oferecimento de cursos para jovens Escola de ofícios em países subdesenvolvidos, mais especificamente no Brasil. O prosseguimento dessa idéia foi possível com a fundação de uma associação oficial que inicialmente foi chamada Sociedade para a Promoção da Escola-Ofício Brasília. Essa associação começou com sete sócios, sendo o Padre Herman Josef Wüste, o gerente geral. O objetivo de construir uma escola de ofícios para jovens esbarrou com as normas da legislação brasileira, o projeto foi substituídos pela criação de uma 2
3 instituição para crianças órfãs e abandonados. A escolha se deu principalmente em virtude do conhecimento da situação de marginalização em que vivia a metrópole do Rio de Janeiro, consequentemente houve a preocupação com o futuro das crianças que cresciam nesse ambiente. Com a reformulação do projeto, a associação adquiriu uma área de 137 metros quadrados em Nova Friburgo, para a construção da primeira Aldeia. Após algumas reformas, a área estava pronta para receber as crianças, que no início totalizavam dezesseis. O padre Herman Josef Wuste, juntamente com seu irmão, deu início ao trabalho assistencial, posteriormente um grupo de brasileiros colaborou na regularização da entidade, bem como na assistência às crianças. As primeiras casas-lar, então surgiram inicialmente no bairro de Amparo, distrito de Nova Friburgo, em 28 de julho de Durante 30 anos desenvolveu seu trabalho no sistema de Casa Lar, nesta modalidade existia a figura do casal social ficando responsável pelas crianças. A figura da mãe social era a pessoa responsável pelos cuidados básicos com as crianças e adolescentes, com quem a criança aprenda a viver e desenvolver suas potencialidades, valores e autonomia. A mãe social assumia a responsabilidade pelo cuidado e bem-estar de crianças e adolescentes que não são seus filhos biológicos. O pai social era um funcionário indireto da instituição, isso porque apesar de não ser contratado, podendo exercer atividades fora dos limites da Aldeia, também tinha um papel importante na vivência das crianças e adolescentes, em geral, o pai social quem exerce maior autoridade na casa, bem como o apoio ao trabalho da mãe social em diferentes frentes. Acreditava-se oferecer uma vida em comunidade, proporcionando o atendimento às necessidades de segurança, alimentação, saúde, lazer e principalmente de afeto. Nesse momento a filosofia da Aldeia era de proporcionar um ambiente familiar dentro da instituição, por conta disso acreditava-se existir uma verdadeira família substituta, nos padrões de família nuclear burguesa. Ao analisarmos o trabalho desenvolvido pela Aldeia da Criança Alegre podemos perceber uma grande contradição nessa ideologia institucional, em entender que seria possível proporcionar um vínculo familiar para as crianças e adolescentes abrigados. Essa contradição se faz presente quanto à ideologia da 3
4 Família substituta institucional, pois as mães sociais possuem com a instituição um vinculo profissional. Sendo elas regidas pela legislação trabalhista brasileira. Outro importante fato está ligado ao da responsabilidade legal, pois a guarda dessas crianças e adolescentes abrigados é de responsabilidade de um representante legal da instituição, que geralmente é um membro da diretoria no caso da Aldeia. Esse modelo de atendimento Casa-Lar foi desenvolvido e até mesmo apresentando com um diferencial no atendimento ao ser comparado com os grandes abrigos predominantes no Brasil. Em 1990 com promulgação do ECA ocorre um redirecionamento legal nas formas de atendimento a criança e ao adolescente. Consequentemente passou a ser exigido um menor tempo de abrigamento e um maior investimento no trabalho com as famílias para que as crianças e adolescentes não fossem retiradas do ambiente familiar. Aldeia da Criança Alegre era referencia não só na Região Serrana do Rio de Janeiro, mais no Estado, recebia crianças de vários municípios, chegou a abrigar 280 crianças/adolescentes na década de 1980 e inicio dos anos A partir do ECA, com a busca da implantação de uma outra política passou a não receber muitos encaminhamentos, reduzindo significadamente o seu atendimento com o passar dos anos. Com a mudança na política de atendimento à criança e ao adolescente aldeia passou a receber constantes fiscalizações, pois era considerado um abrigo de longa permanência e a partir de então a legislação previa a institucionalização em curto período, sendo necessário um estudo da situação de cada criança a cada seis meses. No ano de 1997, por exigência do Juiz da Vara da Infância e Juventude do município de Nova Friburgo, foi contratada a primeira assistente social para compor a equipe técnica da instituição, dando inicio a profissionalização nos estudos de caso das crianças e adolescentes institucionalizados. Dentre os principais objetivos desta determinação foi tentar minimizar o viés assistencialista muito presente na missão institucional. Após o ECA e com a intensificação da fiscalização no cumprimento desta legislação, a Aldeia sofreu impactos no seu modelo de atendimento. Esses impactos 4
5 contribuíram para repensá-lo de seus objetivos ou até mesmo buscar outra forma de atender as crianças e adolescentes. Aldeia não vinculava a sua identidade ao modelo de atendimento considerado abrigo e sim uma Família Substituta Institucional. Acreditava ser uma família, desconsiderando críticas tais como: o ambiente institucional não se constitui no melhor ambiente de desenvolvimento, pois o atendimento padronizado, o alto índice de criança por cuidador, a falta de atividades planejadas e a fragilidades das redes de apoio social e afetivo são alguns dos aspectos relacionados aos prejuízos que a vivencia institucional pode operar no individuo Carvalho (2002: pag. 22). O ECA marca uma mudança de paradigma referente à política de institucionalização de crianças no Brasil. A prática centenária de institucionalização de crianças devido à sua condição de pobreza fica estabelecida em caráter excepcional e temporário. A ênfase é colocada no direito a convivência familiar e comunitária, sendo o abrigamento a medida de última instância devendo ser acionada na impossibilidade da criança permanecer com sua família (Rizzini, 2006). A medida de abrigo a partir do ECA tem como objetivo a ruptura com práticas de internação do passado em grandes instituição e orfanatos, uma vez que busca garantir a convivência familiar e comunitária e a preservação dos vínculos familiares. A primeira grande mudança no trabalho desenvolvido pela Aldeia da Criança Alegre foi à do acompanhamento da criança e do adolescente não mais dentro da Casa-Lar e sim na família biológica após as reintegrações. Como forma de garantir a convivência familiar e comunitária. O projeto de Reintegração Familiar: desafios e limites interface com a Politica de Assistência Social No final dos anos 90 foi marcado por muitas dificuldades para as instituições que trabalhavam na modalidade de abrigo, principalmente em adequar ou até mesmo reformular sua missão aos princípios do ECA. O objetivo principal do trabalho da Aldeia da Criança Alegre era oferecer às crianças e adolescentes a possibilidade de conviver em uma família social, e também de criar vínculos afetivos importantes para o seu desenvolvimento, 5
6 O projeto de acompanhamento a jovens emancipados e crianças reintegradas surge a partir do ano 2000 com inúmeras reintegrações realizadas por determinação judicial, onde não ocorreu um trabalho marcado por ações importantes, que exigia a participação de diversos atores sociais e um trabalho com foco na criança/adolescente e na família de preparação de aproximação. Por descordar com a forma que essas reintegrações foram concretizada, a Aldeia buscou implementar um trabalho de acompanhamento as crianças e adolescentes no seu contexto familiar e comunitário. Este projeto desenvolveu-se com o foco de integrar novamente a criança e o adolescente a sua família biológica, ou seja, juntar o que foi separado, reconstruir vínculos interrompidos. A Aldeia da Criança passa a olhar para a família de origem (pais, irmãos, avós, tios, primos) ou extensivas como possuidora de potencialidade para o exercício de função de proteção. Assim percebe-se uma mudança radical no foco do trabalho da instituição, passando a existir um olhar ampliado considerando o contexto familiar e comunitário, indo além do muro institucional. Consequentemente foi uma experiência de muitos desafios e de busca de articulação com as políticas públicas para concretizar a garantia de direitos as famílias das crianças e adolescentes reintegradas. No entanto, na efetivação do projeto de acompanhamento familiar, o trabalho com a rede socioassistencial do município, se tornou um grande entrave para essa proposta desenvolvida pela Aldeia naquele momento, pois conceitos como o da cidadania não pode ser observado na atuação dessa política no atendimento a essas famílias no município. É preciso ressaltar que a própria política de assistência ainda não estava consolidada, por isso também um desafio nesse trabalho de acompanhamento familiar. Os aparelhos de assistência naquele momento encontravam-se baseados no PAIF (Programa de Atendimento Integrado a Família), implantados primeiramente na cidade do Rio de Janeiro. O PAIF foi à pedra fundamental da nova política de assistência social no Brasil era um programa co-financiado pelas três esferas de governo (Federal, 6
7 Estadual e Municipal), corresponde a Proteção Social Básica que é voltada para o atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade social e tem o objetivo de promover a emancipação das mesmas. Incorporam os conceitos de centralidade na família, articulação intersetorial e descentralização da gestão expressos na Política Nacional de Assistência Social/SUAS. Estas configuram as principais diretrizes para a implantação do programa que vem sendo desenvolvido através dos Núcleos de Atendimento à Família (NAF). O NAF constitui, portanto, o espaço físico para o desenvolvimento da metodologia de acompanhamento às famílias, na lógica de atendimento integral proposta pelo PAIF. Assim o PAIF tinha como proposta inicial: fortalecer, prevenir, promover e contribuir na melhoria, presentes na descrição do serviço apontando para seu caráter antecipador à ocorrência de situações de vulnerabilidade e risco social, de modo a ofertar às famílias uma forma de atendimento que, como a própria denominação do serviço traz, proteja as famílias. Proteção que além do enfrentamento das vulnerabilidades e riscos sociais, atua também no desenvolvimento de potencialidades, a partir do reconhecimento de que ninguém está desprovido de tudo: uma família que está sobrevivendo na vulnerabilidade detém ativos importantes. Nessa direção é preciso identificar e fortalecer os recursos disponíveis das famílias, suas formas de organização, participação social, sociabilidade e redes sociais de apoio, entre outros, bem como dos territórios onde vivem. Esse apoio às famílias e aos seus membros deve ser realizado através da articulação eficiente da rede de atendimento das diferentes políticas públicas, a fim de garantir o acesso a serviços de educação, de saúde, de geração de trabalho e renda, de cultura, de esporte, de assistência social, dentre outros (Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária, 2006). Por meio de um acompanhamento mais sistemático após as reintegrações, a equipe da Aldeia percebeu que as famílias ainda encontram inúmeras dificuldades para proteger e educar seus filhos. Os mesmo motivos que justificaram a necessidade do abrigamento ainda permaneciam. Diante dessa informação a Aldeia buscou estabelecer uma conexão com as políticas públicas. 7
8 Durante o dez anos de atuação nesse projeto a Aldeia acompanhou 260 famílias, que possuíam algum vínculo direto com a instituição. Dessas famílias atendidas pela Aldeia 80% delas ainda residiam no município de origem. Outros pontos relevantes desse levantamento estavam ligados a questão do trabalho e da moradia. Quanto à situação de trabalho 68% dos responsáveis encontravam-se desempregados, 24% encontrava-se em trabalho informal e apenas 8% encontravam-se empregados com vínculos empregatícios. No que se refere aos responsáveis dessas famílias 75% eram chefiadas por mulheres, 22% por avós e 3% eram chefiadas por casais. No que tange a situação de moradia 37% das famílias acompanhadas vivam em situação de posse irregular dos imóveis, isso gerava uma grande instabilidade na família, pois corriam o risco de perde o imóvel que estavam ocupando. A violência e o alcoolismo apesar de serem os grandes motivos de encaminhamentos das crianças e adolescentes atendidos pela Aldeia não se apresentava como foco principal nesse levantamento, podemos entender que isso é reflexo da falta de políticas públicas no atendimento básico dessas famílias. Outro fator importante que se apresentava nesse nosso trabalho de acompanhamento as famílias era que a demanda por cesta básica dessas famílias era uma necessidade primária do nosso trabalho. Pois naquele momento a política de assistência não estava baseada na transferência de renda, os programas disponíveis nos PAIFS, ainda estavam muito incipientes. Com o avanço da PNAS e o fortalecimento do Sistema Único de Assistencial Social (SUAS), foi sendo criadas outras estruturas como o CRAS passando a ser o executor direito da proteção social básica tendo como objetivo prevenir situações de risco por meio de desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Ou seja, o CRAS será a porta de entrada das famílias a proteção social que deve garantir a segurança de sobrevivência (a garantia que todos tenham uma forma monetária de garantir sua sobrevivência); segurança de acolhida (segurança primordiais: direito a alimentação, ao vestuário e ao abrigo) e a segurança de vivencia familiar ou segurança de convívio (PNAS, 2004). 8
9 As novas regras das legislações atuais da assistência social, dentre elas a PNAS e SUAS, provocam, de maneira geral, expectativas e demandas, por uma nova lógica de gestão, por mais recursos, por melhores condições de trabalho, mais profissionais contratados, capacitação, novas estruturas físicas, com a implantação de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), dentre outros. Outra expectativa está relacionada às mudanças nos processos de trabalhos, no desenvolvimento de novas competências e saberes, dentre elas o trabalho social com famílias Teixeira, 2010, 8). Após 10 anos de trabalho com as famílias das crianças e adolescentes reintegrados da Aldeia novamente passa por um processo de redefinição do foco de atuação institucional quando percebe-se que estava ocorrendo uma duplicidade de trabalho da instituição com a política de assistência social. A partir de um avanço legal e da concretização de uma política pública mais efetiva com as famílias, a Aldeia da Criança Alegre inicia um novo projeto buscando contribuir na garantia a convivência familiar e comunitária. A partir de 2014 surge o projeto denominado Portas Abertas, sendo esse estruturado em três pilares, o do esporte, da cultura e da Educação, que tem como objetivo garantir as crianças, adolescentes e suas famílias, sendo este assunto abordado em outro momento. Consideração Finais Ocorreu uma mudança de Apesar de saber que a retirada da criança/adolescente da família de origem aconteceu porque alguns dos seus direitos foram violados no passado e que, por algum motivo, seja de ordem emocional, social, econômica ou do descuido, a família não estava conseguindo promover os cuidados dessas crianças, e acredita-ve que ela nunca iria conseguir ou reunir novamente condições de rever seus filhos a assistência social historicamente quando trabalhava com famílias pobres era no sentido de tomá-la como irregulares, culpadas e incapazes. Os serviços de inclusão eram quase inexistentes, bem como os benefícios eram poucos generosos, cabendo às famílias realizarem os serviços de assistência, cuidados, educação e socialização de seus membros, perdendo a guarda 9
10 definitiva ou temporária destes quando não conseguiam evitar a situaçãoproblema. Essa tendência não se restringiu à assistência social antes de 1988, sendo constantemente atualizada, mesmo com as tentativas de mudanças nas últimas décadas. Em uma breve análise da PNAS podemos destacar que a priorização da família como estruturadora das políticas de assistência não é novidade, embora pareça haver um deslocamento na forma e nos objetivos que a tornam como referencial, diferentemente do passado. No entanto, as políticas mais recente até 2005, apesar de terem como alvo de suas ações a família, essa centralidade vem de encontro da perspectiva neoliberal que além de considerar a família como fonte privada de proteção social também se constitui como instrumento de controle social (Cavalcanti in: Souza, 2007). Cabe destacar que a atenção à família, a partir da incapacidade e falência, tem sido alimentada pela centralidade de recursos em programas de apoio sociofamiliar que visam atender as faces mais cruéis dos problemas relacionados à infância e juventude. Os programas estão voltados nas dificuldades cotidianas das famílias na perspectiva de dar-lhes sustentabilidade, e superar os momentos críticos de sua existência, Mioto (2004). Podemos dizer que a PNAS foi implementada muito recentemente, estando em fase de implementação. No entanto, ela apresenta uma potencialidade considerando a sua focalização na família e na proteção social básica e de complexidade, podendo assim, futuramente contribuir para o ordenamento das ações de assistência social, diferente do passado, consolidando como uma política pública. Frente a atual realidade do Brasil, com certeza ainda permanece a necessidade da implementação de leis e políticas sociais que ajudem a construir laços de solidariedade, familiar e comunitária, recuperando o social em face da crescente individualização fomentada pelo próprio mercado. Há, portanto, a necessidade de combater formas gritantes de exclusão e vulnerabilidade, que ameaçam nosso sentido de sociedade. Há necessidade de pensarmos as políticas públicas enfatizando a importância das leis como suporte para a luta de família no 10
11 que diz respeito sobretudo à afetividade e vínculos sociais, se comprometendo em contemplar as dimensões e ao mesmo tempo não negar a pluralidade dos arranjos familiares concretos no planejamento das políticas públicas. Referencias bibliograficas BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Lei Orgânica da Assistência Social (PNAS). Brasília: MDS\SNAS, BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Brasília: MDS\SNAS, Lei n de 18/12/1987 VERONESE, J.R.P. & COSTA. M.M.M. Violência doméstica: quando a vítima é criança ou adolescente uma leitura interdisciplinar. Florianópolis: OAB/SC Editora TEIXEIRA, MARIA SOLANGE. Trabalho social com famílias na Política de Assistência Social: elementos para sua reconstrução em bases críticas. Revista Serviço Social. Londrina, n.1, p. 4-23,
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