Licenciamento comercial online chega a todo país Jornal Negócios Filomena Lança filomenalanca@negocios.pt MODERNIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Transcrição

1 Licenciamento comercial online chega a todo país Jornal Negócios Filomena Lança filomenalanca@negocios.pt MODERNIZAÇÃO ADMINISTRATIVA Contribuintes podem ir ao site do Fisco nos Espaços do Cidadão Os Espaços do cidadão passaram a dar acesso também a serviços do Fisco. Servem para quem não tem net em casa, mas ainda há restrições ao que é possível fazer. A partir deste mês, o Governo espera abrir cinco a dez novos Espaços junto de autarquias e CTT. Tirar uma licença de caça, pedir outra para abrir um furo de água ou tratar da renovação da carta de condução. Estes são alguns dos serviços a que já é possível ter acesso nos Espaços do Cidadão e a que se juntaram agora outros, relacionados com o Portal das Finanças. Exemplos: obter cadernetas prediais, comprovativos de inexistência de dívidas tributárias ou tirar os documentos para pagar o selo do carro, o IMI e atos isolados do IVA ou, também, passar recibos verdes eletrónicos. Os Espaços do Cidadão, recorde-se, visam aproveitar a oferta de serviços públicos online da Administração Pública para, através de parcerias com autarquias ou lojas dos CTT, prestarem um atendimento digital assistido a pessoas que têm dificuldade em lidar com novas tecnologias ou que não têm internet em casa. A Autoridade Tributária foi das últimas a aceder a que os seus serviços pudesse ser disponibilizados desta forma, devido a questões relacionadas com a especificidade 1

2 dos atos em causa - nos espaços do cidadão os funcionários são polivalentes e não exatamente especializados. Assim, os atos permitidos estão ainda a ser protocolados e para já não é possível, por exemplo, verificar ou validar as faturas no portal e-fatura ou entregar as declarações de rendimento. Entretanto os funcionários dos Espaços do Cidadão estão já a receber formação, dada pela Agência para a Modernização Administrativa (AMA) e, neste caso, em colaboração com a Autoridade Tributária e Aduaneira. Entre lojas dos CTT e câmaras e juntas de freguesia, existem atualmente 126 Espaços do Cidadão espalhados pelo País. Já este mês, um protocolo com os CTT abriu caminho à abertura de mais 300, dos quais uma centena até Junho deste ano. Há também vários acordos com autarquias e a previsão é de 500 a 600 até ao final do ano. "A ideia é que esta disseminação seja por todo o País e tenhamos uma rede sustentável e equilibrada, ainda que com parceiros diferentes", sintetiza Cardoso da Costa. Em suma, sublinha, "queremos desaromatizar a relação das pessoas com a Administração Pública e com as filas de atendimento". Neste momento, diz o secretário de Estado, "saímos da fase piloto e passámos à fase da concretização e esperamos abrir cinco a dez por mês a partir de Março." Os parceiros fornecem o espaço e os funcionários e apenas no caso das autarquias é preciso que seja a AMA a fornecer o equipamento informático. No que toca às lojas do cidadão, a evolução será mais lenta. Ainda este mês deverá ser assinado um acordo com 35 autarquias, incluídas nas quatro comunidades intermunicipais onde, no ano passado, arrancaram os projetos piloto do Programa Aproximar (com Espaços do Cidadão, uma Loja do Cidadão por município, transporte porta-a-porta e carrinhas do cidadão). 2

3 O financiamento através de fundos comunitários será fundamental, sendo que ainda não há concursos abertos. E serão ainda dinheiros do antigo QREN que financiarão 13 novas lojas, que abrirão até ao fim do ano, sob pena de o financiamento já não poder ser usado. Já há várias obras em curso e a ideia é que a gestão destes espaços seja feita pelas câmaras municipais, ficando a AMA com a gestão dos serviços propriamente dita. O que é que o fisco admite que seja feito Os serviços do Fisco que podem ser realizados nos Espaços do Cidadão são ainda limitados, uma vez que cada ato vai sendo protocolado à medida que a Modernização Administrativa e a Autoridade Tributária e Aduaneira vão chegando a acordo. A lista inclui, para já, 14 atos (dos mais de 200 que, nas várias áreas, é possível fazer nos Espaços do Cidadão). Desde logo a obtenção de cadernetas prediais e do documento para pagamento do Imposto Municipal sobre Imóveis, sendo também possível solicitar a respetiva isenção. Na área do IRS, será possível obter comprovativos da entrega de declarações e de liquidação do imposto, certidão de residência fiscal ou comprovativo da inexistência de dívidas. Os contribuintes poderão também conseguir o documento necessário ao pagamento do Imposto Único de Circulação (IUC) ou ao pagamento de eventuais dívidas, bem como de coimas, podendo ainda pedir o pagamento a prestações. Outra funcionalidade passa pela obtenção de recibos verdes eletrónicos, as chamadas faturas-recibo. Chave móvel digital já substitui leitor do cartão do cidadão 3

4 A nova funcionalidade associa uma identificação ao telemóvel do utilizador e já está disponível em todos os serviços da Agência para a Modernização Administrativa e da Câmara dos Solicitadores. A chave móvel digital, que associa uma identificação ao telemóvel do utilizador, está já disponível, substituindo o atual sistema de autenticação pelo cartão do cidadão que exige que os utilizadores, por um lado,' se lembrem do pin e, que caso o queiram utilizar em casa, disponham de um leitor de cartões e de um software no computador pessoal. A chave móvel digital permite, entre outras coisas, pedir certidões, efetuar alterações de morada, usar o balcão do empreendedor ou apresentar uma candidatura aos fundos comunitários através do Balcão A nova funcionalidade facilita a autenticação junto dos sites da administração e "funciona como um "home banking"', estando já a funcionar em todos os sites da Agência para a Modernização Administrativa (AMA) e da câmara dos Solicitadores, explicou ao Negócios o secretário de Estado Pedro Cardoso da Costa. Na prática, trata-se da associação da identidade do cidadão ao seu número de telemóvel, o que permite que a pessoa se identifique na internet com o nome de utilizador, palavra-chave por si escolhida e introdução de um código temporário, enviado para o número de telemóvel associado. A ativação exige um registo inicial presencial, ou seja terá de ser o próprio a fazê-lo numa loja do cidadão, estando previsto que "em breve isso venha a ser possível também nos Espaços Cidadão", explica o secretário de Estado da Modernização Administrativa. A ideia é alargar as possibilidades, pelo que dentro de algum tempo a chave móvel digital poderá ser ativada também nas secretarias dos hospitais ou nos serviços de Finanças. Com a ativação, a pessoa recebe uma palavra-passe provisória, que terá 4

5 depois de ser alterada na primeira utilização. Depois, por cada acto em que use a chave móvel recebe palavras-passe temporárias. O objetivo é alargar este modelo a todos os serviços do Estado, desde os portais de contratação pública, ao futuro portal das contraordenações da Agência nacional para a Segurança rodoviária ou ao Portal da Saúde. "Tudo com uma mesma identificação e segurança absoluta", conclui. Carrinhas do cidadão à espera de verbas do Portugal 2020 As Carrinhas do Cidadão, uma das vertentes do Programa Aproximar, aprovado em 2014 pelo Governo, ainda não saíram do papel e estão à espera da nova vaga de fundos comunitários, explicou ao Negócios o secretário de Estado para a Modernização Administrativa, Pedro Cardoso da Costa. A ideia é que sejam uma espécie de Espaços do Cidadão instalados em carrinha, que permitirão levar os serviços até às regiões de menor densidade populacional. O problema é que para adquirir as carrinhas são precisos fundos e o financiamento será feito com os dinheiros do Portugal 2020, através do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, cuja regulamentação foi publicada no início deste mês, mas que ainda não se sabe quando serão lançados os primeiros concursos. Cardoso da Costa explica que, aqui, a filosofia passa por um regime de complementaridade, isto é, as carrinhas do cidadão servirão vários municípios, pelo que serão implementadas ao nível das comunidades intermunicipais. Permitirão, essencialmente, facilitar a vida a quem vive longe dos centros urbanos e dificuldades em se deslocar. 5

6 As carrinhas do cidadão vão conjugar-se com um outro programa, batizado de Portugal porta-a-porta, que tem já alguns projetos piloto, mas que só nos próximos tempos deverá arrancar verdadeiramente, depois da recente aprovação, pelo Governo, de uma alteração legislativa ao regime jurídico do transporte de passageiros. O objetivo aqui é que as autarquias possam ter transporte a pedido, naquelas zonas do País onde não há transporte público porque este, pura e simplesmente, não é rentável para as empresas privadas. As pessoas poderão fazer marcações de véspera para se deslocarem, por exemplo, ao centro de saúde ou às Finanças e o município disponibiliza o transporte, a um preço fixo, com recurso a táxis ou a viaturas próprias. PERGUNTAS A PEDRO CARDOSO DA COSTA Secretário de Estado para a Modernização Administrativa "Licenciamentos em balcão único para todo o País" - Qual é o ponto de situação do balcão único do empreendedor? - O trabalho do Balcão [eletrónico] do empreendedor nunca existiu antes na Administração Pública. É um sítio onde se encontra tudo o que é preciso para uma atividade económica. E não só informação. Empresa na hora, marca na hora, IES, está lá tudo centralizado e acresce agora a matéria dos licenciamentos, que era o grande drama. O licenciamento começou por ser a mudança de paradigma, passando da licença, para a confiança no agente económico com fiscalização à posteriori, ou seja, para a mera comunicação prévia. Entra tudo de forma automática e por computador e a fiscalização é à posterior. Faltava a parte tecnológica, que já está completamente a funcionar em todo o País desde 5 de Janeiro. 6

7 - Integrando todas as câmaras? - Sim. Não estamos a falar de um balcão da Agência para a Modernização Administrativa e de uma ou outra Direcção-Geral, mas sim de um balcão que integra competências de 278 municípios (os das ilhas tem regras à parte por causa das competências regionais). Cada um tem regras próprias porque tem capacidade de regulamentar e pode estabelecer requisitos e taxas diferentes. Portanto, foi preciso integrar a informação dos municípios e depois integrar com os respetivos sistemas informáticos. - Mas esse trabalho já vem sendo feito há algum tempo, não é? - Esta solução entrou em vigor em Fevereiro de 2014, em dez câmaras e depois foi sendo alargada a todas as outras e agora esse trabalho está concluído. Desde 5 de Janeiro, depois de muito diálogo com as câmaras, entrou em funcionamento para todos os municípios. - O que está aqui incluído? - Todo o licenciamento zero, incluindo por exemplo, abertura, alteração de estabelecimento comercial, esplanadas, etc. E também o alojamento local, cuja legislação também mudou recentemente. Neste momento temos 203, em 278 municípios, que já tiveram atos de licenciamento zero. Noutros houve de alojamento local. No total são 22 mil atos de licenciamento feitos até agora. - Este balcão único pode ser usado a partir de casa? - A partir de casa, da empresa, do computador pessoal. Baste ter o cartão do cidadão, com um leitor ou que tenha requerido uma chave móvel digital. Nesta 7

8 matéria Portugal dá cartas, e nós não temos bem a noção. Ter toda a informação disponível e os procedimentos informatizados é importante para investidores externos e, antes disso, para os portugueses, que tem a vida facilitadas. Estamos muito à frente na parte de serviços transacionais. Atos que eu pratico no próprio Portal e não apenas informação. Estamos muito à frente porque a maior parte dos países só tem serviços informacionais. > Jornal Negócios de