CIDADANIA, INTERAÇÃO E EMPODERAMENTO: PROMOÇÃO EM TRABALHO DE EXTENSÃO NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO FÉ E ALEGRIA 1
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- Nicholas Orlando Peres Benke
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1 CIDADANIA, INTERAÇÃO E EMPODERAMENTO: PROMOÇÃO EM TRABALHO DE EXTENSÃO NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO FÉ E ALEGRIA 1 GLÁUCIA REJANE DE JESUS SILVA 2 BRUNA SILVA RIOS 3 LUÍS CARLOS DO NASCIMENTO 4 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ (UESC) RESUMO Explana as formas de como alcançar o papel social do ser cidadão. Para tanto, é utilizado o método indutivo, com leituras de fontes bibliográficas e percepção da realidade, alcançada em trabalho de extensão na instituição do Fé e Alegria. A pesquisa cientifica foi realizada em trabalhos desenvolvidos com leituras e produções de textos que, de forma substancial, possibilitaram melhor percepção da necessidade de mudanças no tecido social, motivando a promoção do empoderamento das pessoas no ambiente alvo da atuação na atividade de extensão. A cidadania sempre foi colocada em plano apartado da sociedade, com o que restou negada, por vezes, a concepção correta de ser cidadão. Concluiu-se que a cidadania associada ao empoderamento social traz a temática para o plano fático de forma mais eficaz. Palavras-chave: comunidade; associativismo; aprendizado. INTRODUÇÃO A cidadania sempre foi vista como uma forma de adquirir o direito a eleger os substanciais representantes da nação, aproximando o voto (direito político) com a ideia de cidadania (fusão de todas as prerrogativas inerentes ao ser humano). Nesse ponto esboça-se 1 Artigo apresentado como parte do trabalho de Iniciação Cientifica, orientado pelo Prof. Luís Carlos do Nascimento. 2 Acadêmica do curso de Direito da Universidade Estadual da Santa Cruz, galreganne@hotmail.com 3 Acadêmica do curso de Direito da Universidade Estadual da Santa Cruz, buuh_rios@hotmail.com 4 Professor de Direito Processual Civil do curso de Direito da Universidade Estadual da Santa Cruz, luiscanascimento@hotmail.com.
2 2 este trabalho, demonstrando que a cidadania abrange uma série de direitos e, que a garantia da cidadania é também o anseio de conquista de tais prerrogativas. A junção cidadania e empoderamento faz-se, necessariamente, na busca por efetivação dos direitos assegurados por um Estado e no esclarecimento acerca da importância do associativismo para melhoria do quadro comunitário do país. Diante desse enfoque, quer-se mostrar a relevância da pesquisa cientifica consubstanciada em um trabalho extensivo, voltado à apuração das necessidades primárias e fundamentais da comunidade de um bairro ilheense, procurando medidas, efetivas, que venham a minorar tais carências. 1 Cidadania: a ideia de como construir um ser cidadão O conceito da palavra cidadania teve origem na Grécia Antiga, com o propósito de designar o cidadão que tinha participação nas decisões políticas do Estado. Com o passar do tempo e surgindo uma maior complexidade nas questões sociais de cada país, a cidadania passou a ser tema discutido no âmbito organizacional da educação. No Brasil, o tema cidadania em seu aspecto educacional passou a ser ministrado nas escolas através das disciplinas de Educação Moral e Cívica EMC e Organização Social Política Brasileira OSPB, instituídas pelo Decreto Lei 869/68. Tais disciplinas eram obrigatórias e tinham a sua doutrina atrelada ao regime autoritário, ao nacionalismo militar exacerbado e à manutenção da Nacionalidade Brasileira. Com o advento da redemocratização essas disciplinas passaram a ser abolidas da grade escolar. Cidadania é o exercício dos direitos individuais, sociais e políticos, instituídos em uma Constituição, de grande relevância e consubstanciado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao falarmos de cidadania, devemos cogitar que atuar como cidadão significa não só ter o esclarecimento das prerrogativas inerentes ao ser social, mas, fazer valer esses direitos. Nessa linha de raciocínio, Pedro Demo (2006) elucida que ter plena cidadania é um dos esforços da educação de um país evoluído. De grande repercussão internacional e, principalmente nos países mais abastados, como é o caso do nosso, a cidadania passou a ser discutida em grandes debates de cunho
3 3 educacional, por fazer parte da integração desenvolvimento e educação de um conjunto social. Com o foco na questão do ser cidadão, o juiz Jarbas Bezerra (2014, online): O progresso de qualquer nação não reside apenas em uma educação voltada ao conhecimento científico, mas também, a uma formação educativa para a cidadania, tendo por objetivo a mudança gradual da realidade brasileira. (online) Não raras vezes, associou-se a amplitude do termo cidadania com o direito político de votar, cujo exercício exige idade qualificada, visando a eleição de representantes para os mais variados cargos eletivos do país. Essa associação infelizmente ainda é cultivada pelo povo brasileiro, que se vê atrelado com pouca educação de qualidade e a imposição de fenda para o esclarecimento da sociedade. Esse quadro pragmático é, com apoio de alguns doutrinadores, como Manoel Jorge e Silva Neto (2006), extraído do art. 1º da Lei nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular LAP), que, em seu parágrafo 3º, aponta que a prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com o documento que a ele corresponda (BRASIL, 2014). Essa linha inteligível não é defendida por Covre (2002) que propõe o conceito e a materialidade da cidadania como sendo a repleta e palpável realização dos direitos civis, políticos e sociais, nos quais se encontra a satisfação almejada pelas mais complexas formas de sociedade. O empoderamento social surge com a ideia de tangenciar os direitos humanos conquistados, com a efetivação da cidadania e necessariamente, buscando a possibilidade discursiva entre os diversos seios comunitários. Nesse diapasão, é sustentada a tese de Oliveira e Nascimento (2014, online): O empoderamento, portanto, surge como um meio capaz de mobilizar a sociedade civil para que promova seus direitos e dialogue com o Poder Público para efetivá-los. 1.1 Papel social em comunidade ilheense Contempladas as reflexões a partir da abordagem dos direitos de cidadania, cabe destacar o projeto de extensão desenvolvido por um grupo de pesquisa do curso de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz, que levou, à comunidade de um bairro Iilheense, noções de cidadania, direitos sociais, políticos, associativismo; sempre colocando em
4 4 destaque a temática do empoderamento, como meio eficaz na busca da efetivação desses direitos. As oficinas, realizadas no Bairro Nossa Senhora da Vitória, na Fundação Fé e Alegria, foram desenvolvidas de forma dinâmica, voltadas principalmente para a conscientização da comunidade local para a importância da organização social na luta pelos direitos. Durante o projeto, buscou-se levar à instituição parte do conhecimento adquirido como forma de instruir os pais das crianças acolhidas na escola, membros da associação de moradores e os professores, estimulando-os a se organizarem para que esses direitos não fiquem apenas no papel, mas sim, transformá-los em uma realidade próxima. Dessa forma, com o intuito de tirar a temática do plano conceitual e aproximá-la do plano fático, a pesquisa da iniciação científica encontrou meios de tornar-se mais efetiva. 2 Empoderamento Social: relevância comunitária e efetivação da cidadania Em termos históricos, a construção do empoderamento e seus múltiplos sentidos advêm de várias origens, sendo multifacetado. Vasconcelos apud Kleba e Wendausen (2009), pondera que o referencial teórico sobre o qual se assenta a noção de empoderamento não é novo, mas uma reapropriação e reelaboração de tradições já existentes. Maria da Glória Gohn (2004) concorda no sentido de que o significado da categoria empowerment não tem um caráter universal. Segundo a autora, pode referir-se ao processo de mobilizações e práticas destinadas a promover e impulsionar grupos e comunidades, impulsionando seu crescimento, autonomia; como poderá referir-se a ações destinadas a promover a integração dos excluídos, carentes e demandatários de bens elementares à sobrevivência, serviços públicos, atenção pessoal etc. O conceito de empoderamento tem-se multiplicado em diversos campos do conhecimento, como também em comunidades, escolas, entre outros. Significa aumento do poder, da autonomia pessoal e coletiva de indivíduos, principalmente daqueles submetidos às relações de dominação. Aproximando-o do conceito de autonomia, refere-se à capacidade de pessoas e grupos decidirem sobre aquilo que lhes diz respeito, desenvolvendo assim, recursos de
5 5 visibilidade e influência que consequentemente gerem a capacidade de decisão, tudo isso, respeitando a participação e a distribuição equitativa de poder. Para alguns estudiosos, o empoderamento possibilita a aquisição da emancipação individual e também da consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política. Devolve poder e dignidade a quem desejar o estatuto da cidadania, e principalmente a liberdade de decidir e controlar seu próprio destino com responsabilidade e respeito ao outro. À medida que o empoderamento torna-se termo de uso frequente, é utilizado sob várias perspectivas, entre elas, no aprofundamento da democracia, em um processo colaborativo com a comunidade e seus cidadãos individualmente. Através desse processo, pessoas transformam-se em sujeitos ativos, que lutam por mais autonomia e autodeterminação, questionando assim, de forma crítica, aquilo que já foi instituído (KLEBA; WENDAUSEN, 2009). De modo didático, Rute Baquero define o empoderamento em três níveis diferentes, sendo estes, o empoderamento individual; organizacional e comunitário. O individual diz respeito ao aumento da capacidade dos indivíduos influírem na sua vida, resultando na autoconfiança. O organizacional significa contribuir com as decisões da organização melhorando seu desempenho. O empoderamento comunitário capacita os grupos sociais desfavorecidos para a articulação de seus interesses e participação comunitária, visando conquista plena dos direitos de cidadania, defesa de direitos e influenciar ações do Estado. (BAQUERO, 2012, p ). Em todos os níveis, encontra-se presente o processo da integração, até mesmo no individual. A interdependência entre as mudanças que ocorrem em nível pessoal, grupal e estrutural é que garante consistência ao processo de empoderamento (KLEBA; WENDAUSEN, 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS O Empoderamento, na discussão proposta, perpassa noções de democracia, direitos humanos e participação, mas não se limita a estas. Por tratar-se de um termo polissêmico, tem suas vertentes em diversas áreas do conhecimento, envolvendo noções de cidadania, interação, equidade, entre outros. Requer mais do que trabalhar em nível
6 6 conceitual. Para que seja eficaz, envolve o agir; em dimensões não só individuais, mas também coletivas. Como sintetiza (GOHN, 2004, p ), estamos vivendo um novo momento na trajetória do associativismo brasileiro e não podemos perder de vista que essas novas redes associativistas também estão contribuindo para o empoderamento dos setores populares em nossa sociedade. Uma sociedade democrática só é possível com a participação dos indivíduos e grupos sociais organizados. A autodeterminação é fundamental na busca da cidadania e da equidade, e o empoderamento figura como propulsor no sentido de tornar a cidadania uma realidade próxima e efetiva. Referências: BAQUERO, R. V. A. Empoderamento: instrumento de emancipação social?: uma discussão conceitual. Revista debates, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p , jan./abr GOHN, Maria da Glória. Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais. Saúde e Sociedade, São Paulo, v.13, n.2, p.20-31, maio-ago KLEBA, Maria Elisabeth; WENDAUSEN, Agueda. Empoderamento: processo de participação social e democratização política. Saúde e sociedade, São Paulo, v.18, n.4, p , OLIVEIRA, João M. S. F.; NASCIMENTO, Luís C. Cidadania e direitos humanos citadinos: a perspectiva do empoderamento social. Iniciação Centífica CESUMAR, v.16, n.1, p , RIBEIRO, Jarbas. Tribunal do Norte: educação, informação = cidadania Disponível em: < Acesso em: 20 jul
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