PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <
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- Helena Monteiro Aragão
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1 PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: < Efeito da taurina sobre o desempenho de leitões na fase de creche Oliveira, E. F.¹, Antunes, R.C.², Osava, C.F.³ ¹Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. ²Professor Adjunto da Famev, Universidade Federal de Uberlândia ³Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. INTRODUÇÃO Na suinocultura intensiva, a fase de creche é o período mais crítico na produção de leitões¹. Os processos de desmame que causam estresse aos leitões, associados aos fatores de riscos ligados ao meio ambiente e ao manejo na fase de creche, favorecem a multiplicação dos agentes infecciosos no intestino, os quais determinam à ocorrência de diarréia. A desidratação conseqüente a essa diarréia é a maior causa de perda de peso destes leitões,
2 atrasando seu desenvolvimento e gerando perdas econômicas posteriores²,³. O desenvolvimento do leitão nessa fase é fundamental, pois se o mesmo, não ganhar peso rapidamente, tende a ter o crescimento retardado por todo período subsequente de crescimento e engorda¹. O ganho de peso nos dez primeiros dias após o desmame são de grande importância para este ganho de peso subseqüente e influenciam na eficiência de utilização da ração até o abate 4. A cada aumento de 50g por dia no peso ganho no período de crescimento pós-desmame garantem uma redução de dez dias na idade ao abate na terminação do animal 5. O estresse está intimamente ligado à ocorrência de afecções. Mudanças na estrutura e função do intestino delgado pode ser conseqüência do estresse psicológico imposto no desmame, mas pode também ser confundido com o baixo nível de ingestão voluntária de alimento 6. A taurina, aminoácido sulfurado, está diretamente ligada à manutenção da concentração de cloro, assim como ação na bomba de sódio e potássio das células, participando ativamente do controle e manutenção do potencial de membrana, ph da célula e homeostasia da água intracelular 7. A partir dessas propriedades descritas, a taurina surge como uma possível alternativa contra a ocorrência de desidratação do leitão em sua fase de vida mais crítica, a primeira semana de creche. O controle da ocorrência de diarréia garante a manutenção do peso dos leitões 6. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado nas dependências de uma granja, no município de Ituiutaba - MG. Foram utilizados 600 leitões, machos
3 castrados e fêmeas da mesma linhagem genética (Landrace x Large White), com o mesmo peso médio inicial (4,515 kg), desmamados com 20 dias e divididos em 30 baias; cada baia continha 20 animais do mesmo sexo. As baias possuíam bebedouro tipo chupeta instalada em ângulo de 45º e com altura regulável (altura mínima de 0,27 m). O comedouro é do tipo automático (0,62X0,37 m). A inclusão da taurina foi feita nas ração 1, fornecidas na fase inicial de creche. Nas primeiras duas semanas de creche os leitões foram alimentados com a ração A (do dia zero ao dia 15) e no período seguinte com a ração 2 (do dia 15 ao dia 32). Foram utilizados cinco tratamentos, com seis repetições para cada tratamento (seis baias). A ração em questão foi adicionada, de taurina, nos seguintes níveis: TA: Ração com 1,5 kg de taurina por tonelada; TB: Ração com 2,5 kg de taurina por tonelada; TC: Ração com 3,5 kg de taurina por tonelada; TD: Ração com 4,5 kg de taurina por tonelada; TE: Ração sem adição de taurina. As rações foram fornecidas na forma farelada, formuladas por uma empresa parceira da granja. O manejo alimentar foi mantido de forma que os leitões tivessem alimentação à vontade e o preenchimento dos comedouros era feito de acordo com o consumo.as pesagens foram realizadas na entrada de creche (dia zero do experimento), ao final do período de suplementação de taurina (dia 15 do experimento) e na saída de creche (dia 32 do experimento). Foi utilizada uma balança mecânica TOLEDO MGR 3000 para realizar as pesagens, sendo feitas por baia e em seguida calculados as médias de cada tratamento. A determinação de ganho de peso médio diário (GPMD) e da conversão alimentar (CA) foram feitas por baia. O ganho de peso será mensurado pela fórmula: GPMD = PT PN/dias do experimento,
4 onde: PT é o peso total e PN peso no início do experimento e conversão alimentar pela fórmula: CA = kg de ração consumida/ ganho de peso. A mensuração do consumo de ração foi feita com a pesagem da mesma, anteriormente ao preenchimento dos comedouros. Cada comedouro tinha capacidade para 25 kg de ração. O dia de preenchimento dos comedouros foi anotado para a determinação do tempo de consumo dessa ração. Os comedouros foram considerados vazios quando apresentavam ração apenas na bandeja dos leitões. A taxa de perdas de ração, entre a mistura e transporte das rações até os comedouros, mais o desperdício por parte dos leitões, foi considerada 2,5%. Foi aplicada a Análise de Variância para a análise estatística dos dados relacionados ao ganho de peso e a conversão alimentar. O nível de significância foi estabelecido em 0,05, em uma prova bilateral. Quanto à incidência de diarréia, foram feitas observações dos leitões, duas vezes ao dia, diariamente, durante todos os dias de experimento, pela manhã e pela tarde, por um único observador. A incidência de diarréia foi avaliada seguindo o escore: 0 - sem diarréia, 1 fezes moles, 2 - fezes líquidas, 3 fezes líquidas e com desidratação. Foi considerado diarréia quando o valor dois ocorrer por dois ou mais dias seguidos 9. Para a incidência e gravidade da diarréia e a mortalidade foi utilizado o teste quiquadrado a 5%. A hipótese testada para a incidência de diarréia foi entre o número total de leitões com ou sem diarréia, independentemente do tipo. A mortalidade de leitões foi observada nesse período sendo que todos os leitões mortos passaram por necropsia e as possíveis causas de morte classificadas para possibilitar posterior comparação com os índices de mortalidade da granja anteriores ao experimento Foi
5 utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso com cinco tratamentos e seis repetições. Cada repetição (baia) foi constituída por 20 animais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação ao ganho de peso (GP) todos os tratamentos obtiveram resultados estatisticamente iguais tanto na pesagem realizada logo após o termino da adição de taurina tanto quanto a realizada ao final do período de creche. O GP ao final da adição de taurina foi de 5,09 kg no TA, 5,13 kg no TB, 5,12 kg no TC, 5,10 kg no TD e 4,54 kg no TE. Não havendo assim diferenças estatisticamente significativas (> 0,05). Da mesma forma o GP ao final do período de creche não apresentou diferenças estatísticas, sendo que os desempenhos foram 12,65 kg no TA, 12,12 kg no TB, 10,86 no TC, 11, 06 no TD e 10, 88 no TE. No que diz respeito à conversão alimentar é possível dizer que novamente não houve diferenças estatisticamente relevantes nos dados, já que o consumo da ração foi igual para os tratamentos (500 kg de ração no período de 15 dias), assim como o GP citado acima. Entretanto o valor atribuído a essa conversão alimentar (CA) foi 0,81, valor este muito abaixo de esperado. Foi atribuído a este resultado ao baixo peso dos leitões ao desmame (média inicial de 4,515kg) e a não ingestão de ração nas primeiras 48 horas após o desmame, fato este observado durante a realização do experimento e que é determinante para desempenho dos leitões, pois a ingestão da taurina ocorreu em quantidades significantes apenas após o período de estresse máximo dos leitões, os primeiros dois dias após desmame 6. A boa CA não pode ser relacionada à ingestão de taurina, pois o TE apresentou resultados semelhantes aos demais tratamentos. A
6 ocorrência de diarréia foi de 4,6% sendo que os níveis relacionados às categorias foi de 3,3% de diarréia leve, 1,3% de diarréia moderada e 0% de diarréia severa e desidratação. Estes resultados foram considerados positivos, mas não foi possível comparação com dados anteriores porque esta mensuração não é realizada na granja em seu manejo comum. A mortalidade neste período foi de 0,8%, a possível causa de morte relacionada com estes animais, a partir da necropsia dos animais, foi principalmente a Doença do edema. A taxa de mortalidade anterior ao experimento no inicio no ano de 2007 foi 1,10%. Figura 1. Efeito da taurina sobre o ganho de peso de leitões na fase de creche. Kg Inicial FINAL DA ADIÇÃO Saída de creche Fases do experimento Tratamento A Tratamento B Tratamento C Tratamento D Tratamento E MÉDIA TOTAL
7 Tabela 1. Efeito da taurina sobre a conversão alimentar dos leitões na fase de creche. Ração consumida / GPM/Leitão Conversão Tratamento Leitão (kg) (kg) Alimentar (g/g) A 4,16 5,09 0,81 B 4,16 5,13 0,81 C 4,16 5,12 0,81 D 4,16 5,10 0,81 E 4,16 4,54 0,91 TOTAL 4,16 4,94 0,83 CONCLUSÃO Pode-se concluir, que a suplementação de taurina na ração de leitões recém desmamados, não promoveu diferenças significantes entre os tratamentos, nos quais foram avaliados o ganho de peso e a conversão alimentar e que não houveram relações entre a adição de taurina e a ocorrência de diarréia e a mortalidade. Necessitando-se assim maiores estudos sobre a adição de taurina para os fins propostos inicialmente. REFERÊNCIAS 1. MORÉS, N. SOBESTIANSKY, J., WENTZ, I., MORENO, A.M., Manejo do leitão desde o nascimento até o abate. In: SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I.; SILVEIRA, P.R.S. (Eds.) Suinocultura intensiva. Produção, manejo e saúde do rebanho. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, P MORÉS, N., SOBESTANSKY, J., JUNIOR BARIONI, W., MADEC, F., COSTA DALLA, O.A., PAIVA, D.P., LIMA. G.M.M., AMARAL, A.L., PERDONO, C.C., COIMBRA, J.B.S, Fatores de risco associados aos problemas dos leitões na fase de creche em
8 rebanhos da região sul do Brasil. Embrapa, BERTOL, T.M., BRITO, G.B., Níveis de proteína bruta na dieta após o desmame e desempenho em leitões, Pesq. Agropec. Brás, Brasília, v. 34, n 6, p , jun CLOSE, W. Leitões desmamados. In: Premier Pig Program Workshop 1: Leitões desmamados. Campinas, SP. Anais, cap.5, WALTERS, R. How important is feed intake? Pig International, v 33, n 9 p 27-30, October MORÉS, N., AMARAL, A.L, Patologias associadas ao desmame, In : Resumos do X Congresso Nacional da Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos, Porto Alegre, p , GUIZOUARN, H., MOTAIS, R., GARCIA-ROMEU, F., BORGESE, F. Cell volume Regulation: the role of taurine loss in maintainning membrane potential and cell ph. Journal of Physiology, v. 523, n. 1,.p NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of swine. 10.ed. Washington, D.C.: National Academic Science, p MORÉS, N., Fatores que limitam a produção de leitões na maternidade. Periódico técnico informativo Embrapa-CNPSA e RHODIA-MÉRIEUX, Ano II, n.9, agosto de 1993.
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