ITZCHAK RABIN. Realização: Eitan PoA - Central Educativa da Agência Judaica

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1 ITZCHAK RABIN Realização: Eitan PoA - Central Educativa da Agência Judaica Outubro de 2005

2 INTRODUÇÃO Dez anos se passaram desde esse terrível momento. Fomos surpreendidos com uma notícia dolosora: Ytzhak Rabin, o Primeiro Ministro de Israel foi assassinado!!! Todo o mundo parou em sinal de que um grande homem havia sido morto. Os judeus choraram sua amargura e sua vergonha. grande tristeza. Perder um líder é sempre uma grande dor, perder um grande homem é sempre uma Foi um momento tão marcante, que sua importância não conhece tempo e nunca, por mais anos que nos separem desse fato, nunca o esqueceremos! Ytzhak Rabin Z l ( ) ORIGEM Aos 18 anos, o pai de Yitzhak Rabin, Nehemiah Robichov, que morava na Rússia, foi viver em Chicago fugindo da pobreza. Lá, ele trabalhou como alfaiate e tornou-se sionista. Foi, então, à Palestina, onde tentou alistar-se no exército. Por ter sido rejeitado no primeiro teste médico, Robichov trocou seu nome para Rabin e, na segunda tentativa, conseguiu entrar para combater no batalhão judaico da Palestina, que apoiou os britânicos no final da Primeira Guerra Mundial. A mãe de Rabin, Rosa Cohen, era filha de um rabino anti-sionista, que tinha trânsito livre entre a aristocracia russa e era conselheiro de uma princesa. Rosa estudou num colégio cristão e apoiou a Revolução Comunista de 1917, mas cansou-se dos bolcheviques e emigrou para a Palestina, onde se tornou uma líder comunitária, sindicalista e arrecadadora de dinheiro para a força de defesa secreta, a Haganá (embrião do Exército atual). Ytzhak Rabin nasceu em Jerusalém, em 1922, quatro anos após o general britânico Allenby ter encerrado meio milênio de domínio turco-otomano na Palestina.

3 Rabin passou a infância em Tel-Aviv e cursou com a irmã Rachel, uma escola de trabalhadores avançada para a época, onde os alunos discutiam com os professores o currículo de ensino. Colegas da época lembram de Rabin já com o temperamento ríspido e tímido, que o tornou famoso. carreira militar. Em seus planos havia a idéia de prosseguir os estudos, mas as circunstâncias o levaram à O MILITAR Sua carreira militar começou em 1940 quando entrou para o Palmach, na Haganá, a força de combate de elite. Durante a Guerra de Independência ( ), ele comandou a Brigada Harel, que abriu a estrada de apoio a Jerusalém. Mais tarde, foi oficial de operações do Palmach, membro da delegação para conversações de cessar fogo em Rhjodes e C.O. na Brigada do Neguev. Pelos vinte anos que se seguiram como oficial da força de defesa, Rabin serviu como Comandante de Operações do Comando do Norte ( ) e Chefe do Pessoal de Comando ( ). Em 1967 o General Rabin foi Comandante das forças terrestres, aéreas e navais, que lutaram e venceram a Guerra dos Seis Dias. Aposentou-se da Força de Defesa em primeiro de janeiro de O POLÍTICO Pouco tempo depois, Rabin foi indicado para Embaixador nos Estados Unidos. Na primavera de 1973, ele retornou a Israel e se tornou ativo no Partido Trabalhista, sendo eleito membro do Knesset, o Parlamento, em dezembro de 1973 e indicado para Ministro do Trabalho em abril de 1974.

4 Em junho de 1974, após a renúncia do Governo e a Guerra de Yom Kipur, Ytzhak Rabin foi eleito Chairman do Partido Trabalhista e Primeiro Ministro. Durante sua gestão, acordos de separações de forças foram assinados com o Egito e a Síria (1974), seguidos por um acordo completo com o Egito em Também em 1975, foi assinado o primeiro memorando de entendimento entre Israel e os Estados Unidos. Em julho de 1976, o Governo de Rabin deu a ordem para a delicada Operação Jonathan, libertando os passageiros da Air France, seqüestrados em Entebbe, Uganda. Rabin renunciou do cargo de secretário geral do Partido Trabalhista em abril de De maio de 1977, quando o líder do Likud, Menachem Beguin, tornou-se Primeiro Ministro, até a formação do Governo de União Nacional, Rabin foi um membro de oposição do Knesset pelo Partido Trabalhista e membro do Comitê de Defesa e de Relações Exteriores. No Governo da União Nacional ( ), Rabin foi Ministro de Defesa. Em janeiro de 1985, ele defendeu a retirada das forças israelenses do sul do Líbano. Posteriormente, conseguiu implementar essa idéia e estabeleceu uma zona de segurança ao longo da fronteira norte de Israel. Rabin foi eleito representante do Partido Trabalhista em fevereiro de 1992, liderando o partido à vitória no Knesset nas eleições deste mesmo ano. Em julho de 1992, novamente, se tornou Primeiro Ministro e Ministro de Defesa. Em setembro de 1993, assinou com o líder da OLP, Yasser Arafat, o termo conjunto de Declaração de Princípios Israelense-Palestino em Washington, e em maio de 1994, o acordo de Autonomia Palestina na Faixa de Gaza e em Jericó. Em outubro de 1994, o acordo de paz entre Israel e Jordânia foi assinado pelos Primeiros Ministros dos dois países, em Aravá, na fronteira, na presença do Rei Hussein da Jordânia e do Presidente Clinton dos Estados Unidos. Em setembro de 1995, Rabin assinou o acordo de entendimento

5 Israelense-Palestino, expandindo a Autonomia Palestina na Cisjordânia e Faixa de Gaza, permitindo, inclusive, uma autoridade eleita e um Conselho Palestino. ÚLTIMOS MOMENTOS Tel-Aviv, 4 de novembro de Manifestação pela paz, num ato que reuniu mais de 100 mil pessoas em Tel-Aviv (na antiga Praça dos Reis, agora Praça Rabin). Naquela noite, Rabin comandou a última virada estratégica da guerra interna pela paz. Entoou a canção Shir lashalom enquanto a multidão se impunha de forma cabal às inúmeras manifestações contra a devolução de terras. Aviv Guefem, autor da música Livkot Lechá (Chorar por você), sobe ao palco e a dedica a todos aqueles que morreram e não verão a paz chegar. Canta, desce do palco, abraça Ytzhak Rabin, lhe dá um beijo e poucos minutos depois, assiste seu assassinato. O estudante universitário Ygal Amir, judeu de origem iemenita e formação religiosa ultranacionalista, disparou três balas, que se estilhaçaram com o contato do corpo do principal herói de um país lotado de heróis. Duas balas acertaram o alvo, na coluna e no peito de Rabin. Ele chegou a ser operado, mas não resistiu. Dói, mas não é grave. Foi a última frase do primeiro ministro Ytzhak Rabin, às 21:50 hs. A DESPEDIDA Mais de 1 milhão de pessoas, quase um quinto da população de Israel, seguiram o cortejo fúnebre de Ytzhak Rabin.

6 Uma semana depois do crime, a praça do último comício estava coberta de branco pela cera das velas que arderam incessantemente em homenagem ao primeiro - ministro assassinado. Mais de 40 líderes mundiais acompanharam o enterro. Mais significativa do que a presença dos líderes ocidentais foi a presença dos líderes árabes. Pela primeira vez desde 1967, pisaram em Jerusalém o rei Hussein, da Jordânia e o presidente egípcio Hosni Mubarak. Nunca pensei que este momento fosse chegar, em que eu choro a morte de um irmão, colega e amigo, um soldado que nos combateu, a quem respeitávamos, como ele nos respeitava disse o rei Hussein. Mais do que todas as implicações políticas, a dimensão humana da tragédia foi explicitada pela neta de Rabin, Pessoas importantes elogiaram você, mas eles não sentiram o afeto caloroso de suas mãos nem o meio-sorriso que dizia tanto ÚLTIMO DISCURSO Permita-me dizer que estou profundamente comovido. Desejo agradecer a cada um de vocês por ter vindo hoje aqui opondo-se à violência e manifestando seu apoio à paz. Este governo, que tenho o privilégio de encabeçar com meu amigo Shimon Peres, decidiu dar uma oportunidade à paz, uma paz que solucionará quase todos os problemas de Israel. Fui militar durante 27 anos. Lutei quando a paz não tinha possibilidades. Creio que agora as tem, e muitas. Devemos aproveitar isto em nome de todos os que estão aqui presentes e em nome dos que não estão aqui, que são muitos.

7 Sempre acreditei que a maior parte do povo quer a paz e está disposto a assumir riscos por ela. Com sua presença vocês demonstram, junto a muitos outros que não estão aqui, que o povo realmente deseja a paz e se opõe à violência. A violência destrói os cimentos da democracia israeli, a violência deve ser censurada e isolada. Esse não é o caminho do Estado de Israel. Em uma democracia pode haver diferenças, mas a decisão final deve ser tomada em eleições democráticas, como nas eleições de 1992, que nos outorgou um mandato para fazer o que estamos fazendo. E seguiremos assim. Quero dizer que estou orgulhoso de que representantes dos países com os quais temos firmado a paz estão presentes hoje conosco e seguirão do nosso lado: Egito, Jordânia e Marrocos, que nos abriram o caminho para a paz. Desejo agradecer ao Presidente do Egito, ao Rei da Jordânia e de Marrocos, que enviaram para cá representantes para participar conosco em nossa marcha pela paz. Mas, mais que tudo, nos mais de três anos de existência desde governo, o povo israelí tem demonstrado que é possível fazer a paz, que a paz abre as portas a uma economia e uma sociedade melhores, que a paz não é só uma pregação. A paz está antes de tudo em nossas orações e é também a aspiração do povo judeu, uma genuína aspiração pela paz. Sabemos que há inimigos da paz que estão tratando de nos atacar com o objetivo de torpedear o processo de paz. Quero dizer sem rodeios, que temos encontrado um sócio para a paz também no povo palestino. A OLP, que era nossa maior inimiga, já não se dedica ao terrorismo. Sem sócios para a paz, esta não pode existir. Exigiremos que dêem tudo de si para a paz, assim como nós daremos, a fim de solucionar o aspecto mais complicado, mais prolongado e carregado de emoções do conflito árabe israeli: o problema palestino israeli. Este é um caminho cheio de dificuldades e dor. Para Israel, não existe caminho sem dor, mas o caminho da paz é preferível ao caminho da guerra.

8 Isto os digo como ex-militar, como um homem que é hoje ministro da defesa e vê a dor das famílias e os soldados das forças de defesa israelis. Por eles, por nossos filhos, e como no meu caso, por nossos netos, quero que o governo busque exaustivamente cada abertura, cada possibilidade de promover e obter a paz global. Inclusive com a Síria será possível fazer a paz. Esta manifestação deve enviar uma mensagem ao povo israeli, ao povo judeu de todo o mundo, aos muitos povos do mundo árabe e, de fato, a todo o mundo, de que o povo israeli quer a paz e a apóia. Por tudo isso, lhes digo obrigada. MANIFESTAÇÕES APÓS SUA MORTE Eu estou com medo sobre o tipo de país que eu vou encontrar quando acordar amanhã (Um estudante de segundo grau, citado pela revista Time) de traidor? Onde estavam vocês nos dias em que radicais vinham à nossa casa chamar a meu marido (Lea Rabin, a manifestantes na frente de sua casa) Adeus velho irmão, adeus. Nós vamos continuar a levar a mensagem da paz para perto e para longe, como você quis em vida e como nos legou com sua morte (Shimon Peres, no enterro de Rabin)