Os Sentidos da Paz: o mesmo e o diferente

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1 GLEICE AMÉLIA GOMES LEMOS Os Sentidos da Paz: o mesmo e o diferente Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Letras da Universidade Católica de Brasília, como requisito para a obtenção de título de Licenciado em Letras Habilitação Português e Suas Respectivas Literaturas Orientadora: Profa. Dra. Mariza Vieira da Silva. Brasília 2007

2 BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Mariza Vieira da Silva Profa. MSc. Dalva Del Vigna Prof. Dr. Maurício Lemos Izolan

3 À minha avó Maria Amélia.

4 Agradeço a minha orientadora, Professora Dra.Mariza Vieira da Silva, que me auxiliou intensamente para a realização desse Trabalho de Conclusão de Curso.

5 ...Acordo num tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar... O cara me pede diploma, num tenho diploma, num pude estudar... E querem q'eu seja educado, q'eu ande arrumado q'eu saiba falar..aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá... (Gabriel o Pensador)

6 Resumo Este Trabalho de Conclusão de Curso teve como objetivo principal compreender os processos de constituição de sentidos sobre a paz na sociedade brasileira e os processos de individualização do sujeito que chamaremos de pacífico, tendo como referencial teórico e metodológico a Análise de Discurso e como corpus de descrição e análise três dicionários da língua portuguesa Michaelis, Aurélio e Houaiss e textos retirados de sites que tinha como tema e objetivo a paz. Buscamos apreender nessas análises a existência de sentidos estabilizados, mas também a possibilidade de rupturas, de deslocamentos. Nesse sentido, o TCC estruturou-se em torno de três Capítulos: um sobre o referencial teórico e a constituição do corpus; outro, centrado na análise de verbetes dos dicionários e, um terceiro, com foco na análise dos sites selecionados. Os resultados obtidos permitiram perceber que o sentido de paz só se produz em relação ao de violência: o positivo pelo negativo; que há um apagamento, silenciamento do que torna inviável a paz, ou seja, as diferenças econômicas, sociais, culturais. Quanto à construção dessa posição de sujeito pacífico um sujeito social, urbano, escolarizado -, também se faz por silenciamentos e por uma ênfase no individualismo. Palavras-chave: Paz - Discurso Sujeito - História.

7 Abstract This final project had as its main goal comprehend the constitution process of the significations about the peace in the Brazilian society and the citizen individualization process that will be called peaceful, having as theoretical and methodological reference the Discourse Analysis and as description and analysis corpus three dictionary of the Portuguese Language Michaelis, Aurélio and Houaiss and texts from websites that had as theme and objective the peace. We intended to apprehend with these analyses the existence of stabilized signification, but also the possibility of breakage it, dislocate it. In this context, this project is structured on three Chapters: one about the theoretical reference and the corpus constitution; another, showing the entries of the dictionaries analysis and, the third, with focus on the selected websites analysis. The gained results allow us to perceive that de peace signification is only visible against the violence signification: the positive for the negative; that there is neutrality, the leashed arguments that make peace impracticable, so, the economics, socials and cultural differences. About that construction of the peaceful citizen a social, urban, lettered citizen -, also is made by leashed arguments and by an individualization emphasis. Key-words: Peace Discourse Citizen History.

8 Sumário Resumo 6 Abstract 7 Introdução 9 Capítulo 1 - Paz: uma análise discursiva 12 Capítulo 2 - A Dicionarização da Paz 19 Capítulo 3 - A Administração da PAz 33 Conclusão 50 Referências Bibliográficas 52

9 9 Introdução Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dá continuidade a uma pesquisa sobre a paz no trânsito realizada no semestre anterior, na disciplina de Análise do Discurso, tendo como corpus um folheto distribuído em uma via pública de Brasília, por uma Organização Não-Governamental (ONG) denominada Rodas da Paz, e como recorte de análise um texto denominado 10 mandamentos para uma convivência pacífica. Neste trabalho, uma questão, contudo, chamou particularmente nossa atenção: a da pluralidade e dispersão (aparente?) do termo e do tema da paz: paz no trânsito, paz na escola, paz na família, paz no trabalho, paz no futebol, paz no casamento. Observamos, ainda, que o tema da paz trazia para a cena enunciativa os temas da violência e da guerra em termos internacionais, nacionais e locais, pelas relações entre o dito e o não-dito, entre a polissemia e a paráfrase. Por outro lado, um poema de Orides Fontela ( ), a que tivemos acesso, naquela época, trazia novos sentidos para a palavra paz, evidenciando a existência de sentidos estabilizados, mas também a possibilidade de rupturas, de deslocamentos. Ele nos permitiu entender melhor o que a Análise de Discurso diz sobre a não transparência do tema, da linguagem, dos sentidos e dos sujeitos, sobre a possibilidade de o sentido sempre ser outro, sobre o fato de não haver ritual sem falha, pois nem a língua, nem os homens são máquinas, são autômatos. Nesse sentido, nos dispusemos a prosseguir por esse caminho e elaboramos este TCC tendo como objeto de estudo o discurso sobre a paz, com o objetivo de compreender os processos de constituição de sentidos e de individualização do sujeito que aí se dão. Partimos da seguinte questão norteadora: Como se dá a formulação e a circulação dos sentidos da paz na sociedade brasileira? Para uma melhor organização e desenvolvimento, este TCC foi estruturado em três capítulos. No primeiro Capítulo, explicitamos o nosso referencial teórico, a Análise do Discurso, e delineamos o modo como construímos nosso dispositivo de análise, uma vez que em Análise de Discurso (AD) este não está antecipadamente pronto. Ele vinha se construindo no trabalho de formulação e discussão do tema, de uma questão norteadora, de contato com a bibliografia da área e da compreensão do dispositivo teórico da AD. Isso nos permitiu delimitar o nosso corpus em torno do discurso do dicionário e do discurso de sites sobre a paz, nas suas relações com outras discursividades.

10 10 No Capítulo seguinte, procedemos à descrição e análise do discurso do dicionário, a partir dos verbetes sobre a paz de três dicionários: Aurélio, Michaelis e Houaiss. Seguindo o funcionamento do dicionário, que nos remete de um verbete a outro, pudemos ir apreendendo os sentidos e as posições de sujeito produzidas neste instrumento de descrição e normatização de uma língua. No terceiro e último Capítulo, descrevemos e analisamos a outra parte de nosso corpus; os sites que têm como tema ou objeto de ação a paz. Considerando o tempo de que dispúnhamos para a realização deste TCC, fizemos alguns recortes dentre todos os sites visitados. Os resultados obtidos evidenciaram que a multiplicidade e a dispersão do tema da paz eram aparentes e serviam como forma de apagamento (dicionários) e de silenciamento (sites) de questões outras aí implicadas, como a diferença e os interesses em jogo de diferentes grupos sociais. Pudemos ainda perceber como se dá o processo de individualização do sujeito pacífico : esse sujeito, moderno, urbano e escolarizado que vive em uma sociedade capitalista. Pudemos, então, concluir que o discurso da paz que recortamos para nossa análise se constitui a partir do oposto do que é proposto, como no caso das ONGs que falam em paz, mas usando como base de seus argumentos a violência. Também concluímos que a paz que os dicionários descrevem não é a mesma paz possível de acontecer na nossa sociedade.

11 11 Capítulo 1 Paz: uma análise discursiva O referencial teórico e metodológico deste TCC é a Análise de Discurso (AD), fundada por Michel Pêcheux na França da década de 60, tendo como base epistemológica os campos da Lingüística, do Materialismo Histórico e da Psicanálise, o que permitiu deslocamentos nas noções de língua, de sentido e de sujeito na leitura e interpretação de textos. Para se fazer a AD, deve-se levar em consideração o simbólico, o social e o histórico do sujeito praticante da linguagem. No Brasil, essa teoria chegou, se difundiu e ganhou suas especificidades, principalmente, com os trabalhos de Eni P. Orlandi e de um grupo de pesquisadores a ela relacionados. Para o desenvolvimento deste TCC, gostaríamos de mencionar alguns textos que sempre estiveram presentes em nossas reflexões, descrições e análises: Lexicografia Discursiva, de Eni P. Orlandi, que se encontra em um livro chamado Língua e conhecimento lingüístico: para uma história das idéias no Brasil (2002), um texto de Marilena Chauí, feito para a Folha de S. Paulo, denominado Uma ideologia perversa, e o texto de José Horta Nunes, denominado Lexicologia e lexicografia, que se encontra no livro Introdução às ciências da linguagem: a palavra e a frase (2006). A AD define-se como uma teoria e um instrumento de/para leitura e interpretação de textos. A Análise do Discurso, segundo Orlandi (1999), não trata da língua nem da gramática, embora esses estudos lhe interessem, mas, sim, do discurso - a prática da linguagem, a observação do homem falando, ou seja, o discurso como efeito de sentido entre locutores. A Análise do Discurso questiona as diversas maneiras de ler, de interpretar, de compreender as manifestações da linguagem pela relação que se estabelece entre o dito e não-dito, mas também entre o dito e o já-dito (histórico). Em outras palavras: Problematizar outras maneiras de ler, levar o sujeito falante ou o leitor a se colocarem questões sobre o que produzem e o que ouvem nas diferentes manifestações da linguagem. (p. 9). É importante saber que a AD não trabalha com a língua como um sistema abstrato, autônomo, mas como um sistema com autonomia relativa, pois existe a história, pois como já foi dito antes, a Análise do Discurso está interessada na prática da linguagem do homem e essa prática está ligada ao mundo. Por sua vez, essas significações e práticas se encontram, ou melhor, se constroem em um contexto social, cultural e histórico em que também constitui o

12 12 sujeito. Assim, para que se interprete, compreenda um discurso é necessário levar em consideração as suas condições de produção: Levando em conta o homem na sua história, considera os processos e as condições de produção da linguagem, pela análise da relação estabelecida pela língua com os sujeitos que falam e as situações em que se produz o dizer. Desse modo, para encontrar as regularidades da linguagem em sua produção, o analista de discurso relaciona a linguagem à sua exterioridade. (ORLANDI, 1999, p. 16) O estudo que interessa à AD é a língua funcionando, através das condições de produção em diferentes épocas e segundo diferentes perspectivas. (idem, p.17) 1. Nesse sentido, a AD não trabalha como a análise de conteúdo, que procura extrair do texto o que ele quer dizer, mas, sim considerando a linguagem como não transparente, devendo o analista dispor de uma teoria para lidar com essa opacidade da linguagem. Portanto ela não está procurando um sentido por trás do texto, ou nas entrelinhas, ela parte da materialidade do texto, da forma como ele se construiu lingüisticamente, para indagar como o texto significa, quais são as condições de sua existência. A AD encara o texto como objeto de descrição e análise, uma materialidade simbólica do discurso. (ORLANDI, 1999) Outro ponto da Análise de Discurso que gostaríamos de considerar aqui é a noção de sujeito como posição, posição essa considerada como um lugar de fala. A AD não lida, pois, com o indivíduo empírico ou com o sujeito intencional, que controla a linguagem e a língua plenamente, e acredita ser a fonte e a origem do que diz. Pêcheux (1990), desde sua primeira proposta de AD, em 1969, a partir do esquema de comunicação, faz esse deslocamento. Ele diz: Fica bem claro, já de início, que os elementos A e B [do esquema de comunicação] designam algo diferente da presença física de organismos humanos individuais. Se o que dissemos antes faz sentido, resulta pois dele que A e B designam lugares determinados na estrutura de uma formação social. [...] Nossa hipótese é a de que esses lugares estão representados nos processos discursivos em que são colocados em jogo. (p. 82) A posição sujeito acontece quando o indivíduo fala de uma posição determinada. Quando a professora está ministrando aula ela está falando na posição de professora, e quando ela fala com o filho que chega tarde em casa Isso são horas? (ORLANDI, 1999) está na posição de mãe. Trata-se de posições construídas historicamente em que já existe aquilo que pode e deve ser dito a partir de tal posição. Não se trata de algo mecânico, em que a 1 Fazem parte das condições de produção do discurso os interlocutores, a situação imediata (aqui-agora) e o contexto histórico mais amplo.

13 13 singularidade não possa ter espaço. Mas, ao mesmo tempo, não é possível negar todos os sentidos ali já construídos e significados para os sujeitos. Dessa forma, a noção de posição de sujeito se dá a partir do lugar social que esse indivíduo ocupa. E é a partir dessas posições que o sujeito produz sentidos, Orlandi (2005) em seu texto do Sujeito na História e no Simbólico explica melhor: O sujeito, na análise de discurso, é posição entre outras, subjetivando-se na medida mesmo em que se projeta de sua situação (lugar) no mundo para a sua posição no discurso. Essa projeção-material transforma a situação social (empírica) em posiçãosujeito (discursiva). (p. 99) Pêcheux (1990) nos alerta que seria ingênuo supor que o lugar como feixe de traços objetivos funciona como tal no interior do processo discursivo; pois este se encontra aí representado, isto é, presente, mas transformado. Nesse sentido, esses lugares estão determinados pelos processos discursivos, mas transformados de acordo com as chamadas formações imaginárias que: Designam o lugar que A e B se atribuem cada um a si e ao outro, a imagem que eles se fazem de seu próprio lugar e do lugar do outro. Se assim ocorre, existem nos mecanismos de qualquer formação social regras de projeção, que estabelecem as relações entre as situações (objetivamente definíveis) e as posições (representações dessas definições). (p.82) Para exemplificar sua teoria sobre formações imaginárias criou um quadro para esboçar a maneira pela qual a posição dos protagonistas do discurso intervém a título de condições de produção do discurso (idem, p.83):

14 14 Em nossa pesquisa realizada em sala no semestre anterior, pudemos compreender esse funcionamento do processo discursivo, ao vermos que interlocutores estavam presentes no folheto sobre a paz, que estava sendo analisado, e as imagens ali construídas. Na análise dos textos de nosso corpus, tivemos oportunidade de novamente observar esse imaginário funcionando nos verbetes de dicionários e nos sites sobre a paz. Pêcheux (1990) também considera o referente (aquilo sobre o que falamos, o ponto de vista do sujeito) como um objeto imaginário. Nesse sentido, é interessante pensar que não estamos falando da mesma coisa quando falamos de paz, nem de sujeito pacífico. O que reafirma que o sentido não está nas palavras, mas na relação entre sujeitos. Daí a noção de discurso da AD: efeito de sentidos entre locutores. Cabe acrescentar que o sujeito e o sentido andam juntos na articulação da língua com a história e que nessa articulação está presente o imaginário e a ideologia. O discurso materializa a ideologia, constituindo-se no lugar teórico em que se pode observar a relação da língua com a história. Esse deslocamento da noção de indivíduo para a de sujeito irá sendo desenvolvida pela AD, evidenciando cada vez mais que o sujeito para se constituir deve se submeter à língua, ao simbólico. Antes do indivíduo chegar ao mundo, a língua de um povo já estava estruturada e significando. É, portanto, o indivíduo que é pego pela linguagem. Daí a AD recusar o conceito de linguagem como instrumento de comunicação; não se trata de algo pronto que o homem pega e usa como quiser. Diz Orlandi (2005, p. 103): É isso que significa a determinação histórica dos sujeitos e dos sentidos: nem fixados ad eternum, nem desligados como se pudessem ser quaisquer uns. É porque é histórico (não natural) é que muda e é porque é histórico que se mantém. Os sentidos e os sujeitos poderiam ser sujeitos ou sentidos quaisquer, mas não são. Entre o possível e o

15 15 historicamente determinado é que trabalha a análise de discurso. Nesse entremeio, nesse espaço de interpretação. A determinação não é uma fatalidade mecânica, ela é histórica. Para AD, somos sempre sujeitos. Somos como indivíduos interpelados pela ideologia em sujeitos; submetemo-nos à linguagem. Uma vez falantes, enquanto sujeitos de uma sociedade determinada, somos afetadas pelas instituições que fazem parte dessa sociedade. Aí é que temos o que chamamos de processos de individualização, de subjetivação. No caso desse TCC, queremos ver como os dicionários, os sites constroem, no movimento do sentido estabilizado e do sentido novo, esse sujeito individualizado, concreto: o sujeito pacífico. As condições de produção que constituem os discursos devem levar, ainda, em conta outras noções da AD, a saber: as relações de sentido, as relações de força e a antecipação. As relações de sentido se referem a relações que os sentidos têm com outros sentidos já existentes, portanto todo discurso faz parte de um outro mais amplo. Quando se fala na posição de mãe, os sentidos que ali se produzem, já existem, apenas os retomamos em nossa fala, ou seja, não há, desse modo, começo absoluto nem ponto final para o discurso. Um dizer tem relação com outros dizeres realizados, imaginados ou possíveis. (ORLANDI, 1999, p.39). O dicionário se constrói estabelecendo de um modo próprio essas relações, possibilitando a estabilização de alguns sentidos, considerados como verdadeiros, literais. Teremos oportunidade de observar isso no próximo Capítulo. Já no mecanismo de antecipação, o sujeito se coloca no lugar do seu interlocutor, ou seja, ele antecipa o sentido que suas palavras produzem (idem, 1999). É o caso de quando se faz um comercial e se procura atingir um certo tipo de consumidor, o sujeito, com a intenção de vender seu produto, irá colocar-se no lugar do consumidor e tentará prever quais as suas necessidades para que este lhe oferte. Os sites que analisamos operam muito com esse mecanismo. Temos também as relações de força que se definem como o lugar a partir do qual fala o sujeito é constitutivo do que ele diz. (idem, p.39). O sujeito-mãe fala de um lugar em que as suas palavras têm autoridade determinada, como o sujeito-polícia, ou um sujeito-professor em relação aos seus alunos. Ou ainda, o sujeito autor de dicionário. Por isso que nossa sociedade é constituída por relações hierarquizadas, são relações de força, sustentadas no poder desses diferentes lugares, que se fizeram valer na comunicação. (idem, p.40). Pêcheux (1990, p. 77) exemplifica trazendo uma cena enunciativa para reflexão: o plenário de uma Câmara de Deputados, dizendo que:

16 16 o deputado pertence a um partido político que participa do governo ou a um partido da oposição; é porta-voz de tal ou tal grupo que representa tal ou tal interesse, ou então está isolado etc. Ele está, pois, bem ou mal, situado no interior da relação de forças existentes entre os elementos antagonistas de um campo político dado.... Uma das noções teóricas que também foram usadas nesse TCC foi a de silenciamento, proposta por Orlandi em seu livro As formas do Silêncio (1993). Ela afirma que para se falar do silêncio é necessário colocar-se na relação do dizível com o indizível (p.11), nos fazendo correr o risco dos seus efeitos que é o de não saber caminhar entre o dizer e o não dizer. Nisso, Orlandi (1993) destacou, no estudo sobre o silêncio, duas partes que considerou como mais importantes: 1.há um modo de estar em silêncio que corresponde a um modo de estar no sentido e, de certa maneira, as próprias palavras transpiram silêncio. Há silêncio nas palavras; 2. o estudo do silenciamento (que já não é silêncio mas pôr em silêncio )... nos mostra que há um processo de produção de sentidos silenciados que nos faz entender uma dimensão do não-dito absolutamente distinta da que se tem estudado sob a rubrica do implícito. (p.12) Ao falarmos sobre o silêncio, é importante acrescentarmos que, Orlandi em seu trabalho, fala de duas formas de silêncio: o silêncio fundante e a política do silêncio (o silenciamento). No caso da política do silêncio, teríamos o silêncio local, que é a censura, aquilo que é proibido dizer em certa conjuntura (é o que faz com que o sujeito não diga o que poderia dizer: numa ditadura não se diz a palavra ditadura não porque não se saiba mas porque não se pode dizê-lo.) (ORLANDI, 1999, p.83); e silêncio constitutivo que é o que nos interessa em nossa análise e se define pelo fato de que uma palavra apaga outras palavras (para dizer é preciso não-dizer: se digo sem medo não digo com coragem ) (idem). Determinado pelo caráter fundador do silêncio, o silêncio constitutivo pertence à própria ordem de produção do sentido e preside qualquer produção de linguagem. Representa a política do silêncio como um efeito de discurso que instala o antiimplícito: se diz x para não (deixar) dizer y, este sendo o sentido a se descartar do dito. Por aí se apagam os sentidos que se quer evitar, sentidos que poderiam instalar o trabalho significativo de uma outra formação discursiva, uma outra região de sentidos. (ORLANDI, 1993, p ) Pensar o silêncio é pensar que não há sentido sem silêncio, este é necessário à significação. O silêncio não aparece como o dito, ele se mantém como tal: em silêncio. De tal forma que não podemos observá-lo senão por seus efeitos (retóricos, políticos) e pelos muitos modos de construção da significação. (ORLANDI, 1993, p.47) Quando se trata do silêncio não temos seus sentidos prontos, temos pistas, através de falhas, fissuras, rupturas que ele se mostra, mas mesmo se o silêncio está lá, ele é efêmero em face do homem, no que

17 17 diz respeito à observação. Assim, sem teoria não se atinge o seu modo de existência e de funcionamento na significação. (idem, p. 48) A partir do nosso dispositivo teórico, da questão norteadora e de nosso objetivo neste TCC, além do trabalho anteriormente realizado com o discurso sobre a paz no semestre anterior, pudemos construir nosso dispositivo de análise em AD, a metodologia se constrói nesse ir-e-vir entre a teoria, o objeto de estudo e os contatos com os textos em que esse discurso se materializa. A construção do corpus e a análise estão intimamente ligadas, como diz Orlandi (1999, p. 63). Nesse sentido, construímos nosso corpus em torno dos discursos de dicionários e de sites de Organizações Não-Governamentais que tratam da paz. Selecionamos três dicionários brasileiros: o de Aurélio Buarque de Holanda, por ser o dicionário monolíngüe mais utilizado no Brasil; o de Michaelis por se dizer politicamente correto (ORLANDI, 2002); e o de Houaiss, por ser o mais moderno, e alguns sites dessas ONGs, que permitiram estabelecermos certos agrupamentos, regularidades. Para fazer a análise dos dicionários, seguimos o padrão de análise que Orlandi (2002) usou para trabalhar o dicionário como discurso, e que aparece descrita e interpretada no artigo Lexicografia discursiva. Dessa forma, na análise dos três dicionários, nós consideraremos assim não a função, mas o funcionamento do dicionário na relação do sujeito com a língua, incluindo, sua relação com a memória discursiva. (p.103) Ainda em relação ao trabalho de Orlandi, também nos cabe acrescentar que lemos os dicionários como textos produzidos em certas condições tendo seu processo de produção vinculado a uma determinada memória diante da língua. (idem, ibidem)

18 18 Capítulo 2 A Dicionarização da Paz A palavra paz tornou-se um lugar comum em nosso dia-a-dia: estamos sempre ouvindo falar dela e também falamos dela em várias circunstâncias de nossa vida social, acadêmica, religiosa; enfim, estamos cercados de discursos sobre a paz. Como compreender a proliferação desses discursos e seus diferentes ou mesmos sentidos? Como se dá o processo de individualização do sujeito nesses discursos? Quem é o sujeito pacífico? Como ele se constrói em diferentes discursividades? No semestre passado, tivemos contato com um poema de uma autora candanga, Orides Fontela ( ), que fala da paz. A poesia é o espaço por excelência de rupturas, de transgressões, de possibilidade de emergir sentidos outros. Achamos que seria interessante trazê-lo logo de início para a análise de nosso corpus, para que ele ficasse ressoando em nossos ouvidos como um contraponto de uma outra discursividade que, talvez, fizesse com que escutássemos melhor os sentidos presentes no dicionário: o lugar do sentido certo e verdadeiro. No momento, então, o convite é para que o leitor leia apenas o poema de Fontela. A Paz não reconstrói: elide a trama e o verbo. A Paz não organiza: explode o núcleo-tempo A Paz Não é letal: vivifica. A paz não apazigua: fere. A Paz não acalma: renova o ser e o sangue. O dicionário é considerado como obra de referência de uma língua (no caso, o Português do Brasil) normatizada e, também, como um objeto histórico e de representação da relação do falante com sua língua, na necessidade de um imaginário de unidade da língua nacional (ORLANDI, 2002, p.103). Assim ao analisarmos o significado da palavra paz,

19 19 procuramos investigar o seu funcionamento no dicionário e remeter os significados ali presentes ao sujeito e à história. Não nos esqueçamos de que o léxico de uma língua é um fato social e está sujeito a forças sociais, criando relações entre sujeitos e possibilitando que as palavras tenham sentidos diferentes (NUNES, 2006). É importante lembrar também que a língua é a base do funcionamento do discurso e apresenta uma autonomia relativa, e que, além disso é um sistema aberto, podendo ter falhas, no sentido de criar possibilidades de novos sentidos. Em se tratando de se pensar no léxico, na falha, uma palavra pode ser substituída por outra, sinônima, mesmo que não seja um sinônimo perfeito. E se as palavras são sujeitas a falhas, equívocos e contradições, então vamos apreender e compreender, através dessa pesquisa, como esse discurso sobre a paz está funcionando nos dicionários. Tomamos como objeto de trabalho três dicionários de língua portuguesa: o de Aurélio Buarque de Holanda, por ser o dicionário monolíngüe mais utilizado no Brasil; o de Michaelis por se dizer politicamente correto (ORLANDI, 2002); e o de Houaiss, por ser o mais moderno. Antes de iniciarmos nossa descrição e análise dos verbetes, lembremo-nos de que o dicionário é organizado ideologicamente de determinada maneira. Há uma estrutura geral: indicação da categoria, da pronúncia, da escrita e dos sentidos, em geral organizado a partir de um sentido posto como principal que seria o literal, e suas variações. (ORLANDI, 2002, p.107). No decorrer de nossa análise poderemos perceber que cada um dos três dicionários analisados tem um sentido posto como principal que seria o literal (idem), e isso irá ser determinado pelo contexto histórico em que cada um foi elaborado, como parte de suas condições de produção. Em Michaelis (1998, p.1574) encontramos: paz sf (lat pace) 1. Estado de um país que não está em guerra; tranqüilidade pública. 2. Tratado que mantém ou restabelece esse estado; Assinar a paz. 3. Repouso, silêncio. 4. Tranqüilidade da alma. 5. União, Concórdia nas famílias. 6. Sossego. Paz armada: respeito recíproco das nações mantido pelos exércitos e esquadras que elas conservam. Paz-de-alma: pessoa bonacheirona, inofensiva, pacífica. Paz-otaviana: grande quietação e sossego, como gozou o mundo romano no tempo de Otávio. Fazer as pazes: conciliar-se. O primeiro e o segundo enunciados definidores estão relacionados ao referente Estado e a uma situação de guerra, estando isso associado a tranqüilidade pública. Logo vem outra definição que nos traz a idéia de paz num sentido estático repouso, silêncio. Poderíamos dizer, então, que a paz existe quando não há movimento nem barulho.

20 20 Um repouso e silêncio que vem precedido de tranqüilidade pública e seguido do enunciado 4: Tranqüilidade da alma. Temos, então, o social e o individual, o público e o privado unidos de uma certa maneira, indicando uma direção ideológica 2 Se pensarmos a posição do sujeito que se forma nessas definições, veremos que ao definir a paz como tranqüilidade pública e, ao mesmo tempo, como repouso, silêncio, podemos supor que haja uma sociedade em que não exista nenhuma forma de agitação. Haveria aí, parece, um paradoxo, pois um lugar público deve ter necessariamente algo como carros nas ruas fazendo barulho com seus motores e buzinas, camelôs gritando e vendendo seus produtos nas ruas, crianças brincando nas praças e cantando músicas de roda, por exemplo. Temos, então, uma definição de paz/tranqüilidade pública difícil de imaginar em um espaço público. Mas, contudo, de acordo com o próprio sistema de construção dos dicionários, vejamos como o próprio Michaelis define tranqüilidade, repouso : tran.qüi.li.da.de sf (lat tranquilitate) 1 Estado de tranqüilo. 2 Paz, sossego. 3 Quietação, serenidade. 4 Repouso do corpo ou do espírito. Antôn: agitação, desassossego. T. pública: estado de segurança, ordem e bem-estar, no seio da coletividade social, que resulta da ação eficiente da polícia preventiva. re.pou.so sm (der regressiva de repousar) 1 Ação ou efeito de repousar. 2 Cessação de movimento ou de trabalho. 3 Descanso, sossego, tranqüilidade. 4 ant V ancoradouro. R. absoluto: imobilidade real sem translação no espaço. R. eterno, Rel: o estado que se segue à morte. R. relativo: imobilidade de um corpo relativamente a outros que com ele estão sujeitos a um movimento de translação. Perturbar o repouso dos mortos: a) desenterrá-los; tirá-los da sepultura; b) injuriar-lhes a memória. Var: repoiso. Ao lermos o verbete referente à tranqüilidade, encontramos que tranqüilidade pública (que também faz parte do verbete que define a paz) é estado de segurança, ordem e bem-estar, no seio da coletividade social, que resulta da ação eficiente da polícia preventiva. A tranqüilidade pública funciona, pois, através da ação da polícia, de forma preventiva, ou seja, pela exclusão do seio da coletividade social os causadores da agitação, do desassossego. Só assim poderá existir segurança, ordem e bem-estar. Há, pois, um sujeito a ser excluído (silenciado) para que tenhamos a paz; um sujeito marcado pela agitação, pelo desassossego. Que sujeitos serão esses? A agitação se dará em que direção? Ele provocará o desassossego de quem? Para quem? 2 Ideologia em AD não se refere a algo oculto, mas a direção de sentidos produzidos, desse modo, o trabalho da ideologia é produzir evidências, colocando o homem na relação imaginária com suas condições materiais de existência. (ORLANDI,1999, p.46)

21 21 Segundo Nunes (2006, p. 163): Ao tomarmos o dicionário como um objeto histórico e social, pensamos sua produção no interior de um complexo de formações discursivas. O recorte operado pelo lexicógrafo será sempre permeado de exclusões, de silenciamentos, devido ao fato de que o discurso se produz com mecanismos de esquecimento e de que a relação entre sujeito e mundo é marcada pela incompletude. Saber disso é um primeiro gesto do lexicógrafo que seleciona uma nomenclatura e formula definições. É sabendo que o sentido pode ser outro que lidamos melhor com a incompletude. Continuando, no verbete referente ao repouso, chama, ainda, nossa atenção, a presença da morte ao associar repouso, logo, a paz, a descanso repouso absoluto interpretando, então a expressão Descanse em paz, em lápides nos cemitérios, como um das definições de paz. Assim, sendo possível repouso (paz) absoluto/a apenas na morte. Lembremos com Nunes (2006, p. 154), que a sinonímia é estabelecida por meio de relações na horizontalidade da língua, remetendo-se uma unidade a outra e atribuindo-se traços de identidade e de diferença. O verbete repouso, proposto pelo Michaelis, evidencia esse fato. O verbete silêncio, contudo, traz alguns novos dados pra se pensar nesse processo de individualização do sujeito pacífico em uma sociedade determinada, desse sujeito que não será excluído, que não irá atrapalhar a tranqüilidade pública. Os enunciados definidores estão centrados no individual, no sujeito. Leiamos, cuidadosamente, o verbete que se segue. si.lên.cio sm (lat silentiu) 1 Ausência completa de ruídos; calada. 2 Estado de quem se cala ou se abstém de falar; recusa de falar. 3 Abstenção voluntária de falar, de pronunciar qualquer palavra ou som, de escrever, de manifestar os seus pensamentos. 4 Taciturnidade. 5 Discrição. 6 Interrupção de um ruído qualquer. 7 Abstenção de publicar qualquer notícia ou fato, de comentar o que é geralmente sabido. 8 Descanso; estado calmo; estado de paz, de inação. 9 Interrupção de correspondência epistolar. 10 Mistério, segredo. 11 Ausência de menção; omissão em uma relação verbal. 12 Suspensão que faz no discurso o orador ou a pessoa que fala. 13 Toque de corneta nos quartéis, e de sineta, nos colégios, para que não se fale nem produza qualquer ruído depois de certa hora da noite. 14 Mús Pausa em que os cantores ou os instrumentos deixam de executar. Antôn (acepção 1): barulho, ruído. interj Voz para mandar cessar o discurso ou a bulha. S. da lei: a) omissão da lei acerca de qualquer circunstância; b) circunstância que, sobre um dado ponto da lei, não foi prevista ou mencionada pelo legislador. S. moral ou S. sepulcral: silêncio absoluto, completo. Passar em silêncio: omitir. Reduzir ao silêncio: obrigar a calar por meio de argumentos convincentes. Certos termos aí presentes parecem muito fortes: recusa de falar ; abstenção voluntária de manifestar os seus pensamentos ; abstenção de publicar qualquer notícia ou fato, de comentar o que é geralmente sabido ; passar em silêncio: omitir ; reduzir ao silêncio: obrigar a calar por meio de argumentos convincentes. Que paz será esta que se

22 22 obtém a custa de tantos silenciamentos? Os argumentos convincentes procedem de quem? Que posição de sujeito pacífico será daí resultante? Voltemos, então, ao verbete paz, nosso principal objeto de análise, que para facilitar a descrição e análise, transcrevemos novamente. Paz sf (lat pace) 1. Estado de um país que não está em guerra; tranqüilidade pública. 2. Tratado que mantém ou restabelece esse estado; Assinar a paz. 3. Repouso, silêncio. 4. Tranqüilidade da alma. 5. União, Concórdia nas famílias. 6. Sossego. Paz armada: respeito recíproco das nações mantido pelos exércitos e esquadras que elas conservam. Paz-de-alma: pessoa bonacheirona, inofensiva, pacífica. Paz-otaviana: grande quietação e sossego, como gozou o mundo romano no tempo de Otávio. Fazer as pazes: conciliar-se. Ainda em relação ao sujeito, vamos encontrar tranqüilidade da alma e paz-dealma, sendo que esta aparece como pessoa bonacheirona, inofensiva, pacífica. E quem é esse sujeito que tem paz-de-alma? O dicionário responde como sendo uma pessoa bonacheirona, inofensiva, pacífica, que para ele significa: i.no.fen.si.vo adj (in+ofensivo) 1 Que não ofende, que não é ofensivo. 2 Que não escandaliza. 3 Que não faz mal. pa.cí.fi.co adj (lat pacificu) 1 Amigo da paz. 2 Que procura a paz. 3 Sem agitações; sereno. 4 Pertencente ou relativo ao Oceano Pacífico. 5 Que é aceito sem disputa ou contestação: Ponto pacífico. bo.na.chei.rão adj +sm (bom+acho+eiro+ão2) V bonachão. Fem: bonac e heirona. Os silenciamentos têm a ver, parece, com ofender, escandalizar ; fazer mal a. A quem essas ações se dirigem? O sujeito deve ser inofensivo em relação a quem e a quê? A definição paz-de-alma nos chamou a atenção no aspecto de individualização do sujeito que vai se formando sobre o discurso da paz. Esta pessoa inofensiva, segundo o dicionário, não ofende, nem escandaliza e não faz o mal; e a pessoa pacífica é aquela que aceita sem disputa ou contestação, que não faz agitações, que é serena. Essa pessoa que possui a paz-de-alma, que aparece nesse verbete, está silenciando algo que é inevitável em qualquer pessoa : a diferença. Nós somos sujeitos diferentes, com ideologias diferentes. Mas, para se ter paz é preciso homogeneizar, apagar essas diferenças que se mostram nos conflitos, nos confrontos, na relação com o outro, com o diferente: não ofender, não escandalizar, não fazer o mal.

23 23 A paz-de-alma parece mostrar um sujeito inoperante em relação a tudo e todos; uma pessoa inofensiva, ou seja, um sujeito que não age, não luta por seus ideais ou por algo em prol da sociedade, ou até mesmo, por interesses individuais, enfim, um sujeito passivo que aceita todas as situações de vida sem reagir. Só assim ele pode ser definido como portador da paz-de-alma : tipo de cidadão ideal para qualquer governo. Esse foco no sujeito e na relação com o outro, irá se expandir no enunciado (5) em que diz União, Concórdia nas famílias. É interessante de se notar, que a questão da paz na família aparece apenas no dicionário Michaelis (dentre os selecionados para essa pesquisa). Para o Michaelis, a palavra união, possui outros sinônimos como: juntamente, união, ligação, junta, emenda, concórdia, aliança, pacto, acordo, laço, vínculo, sociedade, reunião associação. Concórdia nas famílias vem no mesmo enunciado de união, separado apenas por uma vírgula, que por sua vez é especificado pelo espaço em que ocorre a concórdia para que seja sinônimo de paz: nas famílias. A palavra união não está acompanhada de nenhum complemento, podendo assim remeter essa palavra a vários sentidos; mas a palavra concórdia está restrita, a famílias. A concórdia de que fala o sujeito autor desse dicionário só funciona dentro da família e a união pode servir para as outras categorias da sociedade. Gostaríamos de voltar ao enunciado (6), pois ali aparece uma palavra composta de termos aparentemente antitéticos: Sossego. Paz-armada: respeito recíproco das nações mantido pelos exércitos e esquadras que elas conservam. A definição de sossego que o dicionário Michaelis nos mostra, traz sinônimos como: tranqüilidade, calma, quietação. A palavra paz-armada, na sua definição no dicionário Michaelis começa pela palavra respeito ( respeito recíproco... ), e tal palavra, ao procurarmos seu verbete no mesmo dicionário, encontramos que pode ser sinônima de obediência, acoitamento, ou sentimento de medo. E se pesquisarmos historicamente de onde surgiu a expressão paz-armada, também descobrimos que foram duas potências militares que se armaram para um enfrentamento que poderia acontecer a qualquer momento, mas que não acontecia, pois existia o medo do ataque do adversário. O que podemos pensar? Que a paz acontece entre as sociedades imposta pelo medo? Através da obediência ao mais forte? Pelo acoitamento??? Às imposições do outro? A paz-armada parece contradizer todos os outros conceitos que aparece no verbete, nos mostrando uma paz imposta por regime militar, repressão, medo, explicita o que está sendo silenciado nos outros. Nessa expressão paz-armada, acontece o que Nunes (2006, p. 57) aponta como uma contradição, por existirem vários campos lexicais aí funcionando: O lexicólogo traça os critérios de delimitação dos campos lexicais e coloca

24 24 em prática certos procedimentos de identificação. Na fronteira entre os campos, são explicitadas as relações de aliança, contradição, oposição e silenciamento. Vamos passar, agora, para a descrição e análise do verbete paz, conforme se apresenta no dicionário Aurélio, em sua edição de Ausência de lutas, violência ou perturbações sociais; tranqüilidade pública; concórdia, harmonia. O respeito às leis assegura a paz de uma comunidade. 2. Ausência de conflitos entre pessoas; bom entendimento, entendimento, harmonia: vive em paz com os vizinhos e colegas. 3. Ausência de conflitos íntimos; tranqüilidade de alma, sossego: goza de paz absoluta. 4. Situação de um país que não está em guerra cm outro: grandes são os benefícios das épocas de paz. 5. Restabelecimento de relações amigáveis entre países beligerantes; cessação de hostilidade: breve foi a paz entre os dois países. 6. Tratado de paz: assinar a paz. 7. Ausência de agitação ou ruído; repouso, silêncio, sossego: a paz do campo. Paz podre sossego profundo. Fazer as pazes: reconciliar-se; Jogar à paz: jogar bastante a fim de saldar as contas com o parceiro. Ser de boa paz: ter índole pacífica. (FERREIRA, 1999, p. 1520) O verbete começa fazendo referência à violência, às lutas e perturbações sociais diferentemente do anterior que começa com a paz entre os Estados. Há, pois, uma inversão na topicalização dos enunciados definidores das palavras fato a ser notado nos três dicionários - onde o social é tido como sentido principal. Tais referências (violência, lutas, perturbações...) andam sempre com o discurso da paz, pois para se falar em paz é necessário falar da violência 3 e, vice-versa. Esta dualidade está sempre presente nos discursos sobre a paz como veremos neste TCC. Em (1) ausência de perturbações sociais, temos uma definição que nos leva a entender que a paz, em um foco social, pode ser, por exemplo, a ausência de manifestações estudantis, de lutas por direitos da população, por qualquer tipo de manifestação social. Isso pode ser corroborado pela Tranqüilidade pública que também aparece nesse verbete e que nos remete ao mesmo sentido de não haver manifestações públicas. Em seguida vem a palavra concórdia que, segundo o próprio Aurélio, é a harmonia de vontade e/ou de opiniões. Mas Concórdia no Michaelis define-se: paz e harmonia entre pessoas que possuem espírito de compreensão e tolerância. E de acordo com sua etimologia (concórdia): inteligência, acordo. Mas, no verbete que define a paz, do dicionário de Michaelis, a palavra concórdia vem especificada como concórdia nas famílias o que a diferencia do Aurélio que a define com foco no social. Pensemos assim, se a palavra concórdia pode ser sinônima de inteligência, 3 Também podemos perceber que os acontecimentos horrendos e traumáticos em certas sociedades, ou melhor, o discurso de violência/lutas é mais instigante do que o da paz. E percebemos isso ao pesquisar na internet sobre a paz e o que mais se encontra é sobre a violência.

25 25 então os sujeitos que não têm a concórdia nas famílias também não têm inteligência e logo não têm a paz. Temos agora o enunciado (2), o foco é no indivíduo: ausência de conflitos entre pessoas; bom entendimento, entendimento, harmonia: vive em paz com os vizinhos e colegas. Este enunciado, restringe vários sentidos, a começar pela palavra conflitos que remete a entre pessoas. Na palavra entendimento, podemos perceber dois tipos: o bom entendimento e simplesmente entendimento, assim a paz é sinônimo de bom entendimento e de um entendimento qualquer independentemente se é bom ou não. Outro termo que restringe o sentido de paz é harmonia, que vem seguido de uma frase: vive em paz com os vizinhos e colegas. Tal definição de harmonia, logo de paz, restringe seu sentido a : haver harmonia/paz apenas entre vizinhos e colegas, pensando dessa maneira que o dicionário nos direciona a entender que o resto da sociedade não vive em harmonia/paz. É apagado nesse enunciado outros fatores necessários para se viver em paz, pois a paz não se resume em viver em harmonia apenas com vizinhos e colegas, mas sim com todos, considerando as diferenças e aprendendo a lidar com elas. Aparece em seguida, o enunciado (3), mas com relação ao (2) na definição ausência de conflitos que está divido em dois: ausência de conflitos entre pessoas (2) e ausência de conflitos íntimos (3). Mais uma vez apagando o que podemos questionar: Como um sujeito pode não ter conflitos se este existe até consigo mesmo? Como não ter conflitos íntimos? Os conflitos fazem parte do ser humano, pois não pensamos nem agimos da mesma forma. Criam definições para paz em que não existem possibilidades para que ela se concretize. Se a paz for definida de maneira que ninguém consegue alcançá-la, como conseguir promovê-la? Continuando nossa análise. Ainda no enunciado (3), temos a definição: tranqüilidade de alma, sossego: goza de paz absoluta, como no caso do verbete analisado anteriormente no dicionário Michaelis: repouso que pode ser associada a morte, portanto, à paz absoluta que aparece neste verbete do Aurélio reforçando a idéia de que a paz absoluta existe apenas na morte, porque somos sujeitos de conflito e nunca conseguiremos, em vida, ter essa paz que foi definida nesses dicionários. O enunciado que vem em seguida (4) é uma sentença Situação de um país que não está em guerra com outro: grandes são os benefícios das épocas de paz (grifo nosso). Colocamos o termo épocas sublinhado para que possamos trabalhar esse novo sentido da paz que encontramos e que está associado a um estado ou período de tempo, ou seja, a paz é situada historicamente. Por que será que a paz não pode ser algo contínuo? Absoluto em

26 26 todos os sentidos em que ela aparece? Ou melhor, a paz pode ser contínua no sentido de não haver nenhum conflito? Pode haver união em tudo? O que queremos dizer é que não conseguimos ter uma paz contínua porque o homem é um ser histórico em toda a sua relação consigo mesmo, com o outro e com o mundo pode-se ter ou não conflito em relação a algo, isso irá depender das ideologias e da história em que o sujeito se constitui e se individualiza. Na definição (5), temos: Restabelecimento de relações amigáveis entre países beligerantes; cessação de hostilidade: breve foi a paz entre os dois países. Notemos que quando o Aurélio usa os termos restabelecimento de relações amigáveis, percebemos no não dito - que há outros tipos de relações existentes e que, provavelmente, deve ser o oposto das relações amigáveis. Portanto, o restabelecimento de relações amigáveis se dá a partir do seu oposto. A próxima cessação de hostilidade nos levou a analisar um outro verbete, por não ser sido ainda mencionado e acarretar vários sentidos para nossa análise: aquele centrado no sujeito. hostil (i) Adj2g 1. Que se opõe claramente a alguém ou a alguma coisa. 2. Que age como inimigo; agressivo. 3. Próprio de inimigo, pouco amistoso. [Pl.:-tis] hos.ti.li.da.de sf.;hos.ti.li.men.te adv. Ao vermos o enunciado (5) definindo a paz como cessação de hostilidade e ao procurarmos, no mesmo dicionário (Aurélio), o verbete hostil, conseguimos criar uma nova imagem desse termo, pois foi encadeado à descrição outros termos definidores que levam a outros sentidos, considerando que hostil seja sinônimo de: que se opõe claramente a alguém ou a alguma coisa; que age como inimigo; agressivo; próprio de inimigo, pouco amistoso. Pensemos em uma paz que existe com cessação de hostilidade essa hostilidade definida pelo Aurélio. E temos então, um sujeito que não se opõe a nada, que não é inimigo de ninguém, que não é agressivo, um sujeito que o Michaelis define como pacífico. Outro enunciado definidor desse verbete é o da ausência de agitação ou ruído; repouso, silêncio, sossego: a paz do campo. Reparemos que repouso e silêncio aparecem, também, no verbete do dicionário Michaelis, mas diferentemente do dicionário Aurélio aparece com uma especificação marcada pela pontuação : e seguida de a paz do campo, trazendo uma nova dicotomia para a nossa reflexão cidade X campo, urbano X rural, e direcionado o sujeito a entender que encontramos repouso e silêncio apenas no campo. Já o sentido de ausência de agitação ou ruído nos traz a idéia de ausência de alguma coisa: um vazio e, assim, tornando seu sentido negativo. Pois quando se pensa em ausência,

27 27 logo se pensa em não-presença. Acontece então o que Orlandi, em sua obra intitulada As formas do Silêncio, (1993) chama de silenciamento, termo que dentro da teoria de AD tem como definição: O silêncio é assim a respiração (o fôlego) da significação; um lugar de recuo necessário para que se possa significar, para que o sentido faça sentido. Reduto do possível, do múltiplo, o silêncio abre espaço para o que não é um, para o que permite o movimento do sujeito. (ORLANDI, 1993, p. 13) E ela prossegue (p.14) quando diz que o silêncio atravessa as palavras, que existe entre elas, ou que indica que o sentido pode sempre ser outro, ou ainda que aquilo que é o mais importante nunca se diz, todos esses modos de existir dos sentidos e do silêncio nos levam a colocar que o silêncio é fundante. (grifo nosso) Nisso, podemos perceber que quando o dicionário dá um sentido a uma palavra ele logo silencia outros sentidos, no caso, a diferença. Somos diferentes porque somos sujeitos históricos e ideológicos. E o papel da ideologia é produzir evidências, colocando o homem na relação imaginária com suas condições materiais de existência. (ORLANDI, 1999, p. 46). Quando aparece, fazendo parte do enunciado (7), Ser de boa paz: ter índole pacífica já está em um sentido mais naturalizado, pois a palavra índole é o mesmo que caráter algo com que já nascemos. Então para que um sujeito seja de boa paz é preciso que já esteja geneticamente traçado. Em relação ao termo pacífico, termo esse que já foi analisado no dicionário Michaelis, vale a pena retomá-lo: Adj.1.amigo da paz; tranqüilo, pacato. 2. aceito sem discussão ou oposição. (FERREIRA,2001, p.507). Como já discutimos antes, o sujeito pacífico que o dicionário descreve é aquele passivo que aceita sem discussão ou oposição os acontecimentos ao seu redor. No Aurélio, um pouco diferente do Michaelis, esse sujeito pacífico não adquire esse caráter, mas nasce com ele. Ao termos uma visão geral do dicionário Aurélio percebemos que é constante a presença do termo ausência, nos fazendo pensar que a paz não é isso ou aquilo. Na verdade a paz parece ser a ausência de algo, algo é silenciado, mas faz parte desse discurso e Orlandi fala que ao invés de pensar o silêncio como falta, podemos, ao contrário, pensar a linguagem como excesso. E o que está em excesso nesse verbete é a presença da palavra ausência que se complementa com os termos violência/ lutas/conflitos/perturbações/agitação.

28 28 Passemos, então, para o verbete do dicionário Houaiss (2007, p.2158): 1. Relação entre pessoas que não estão em conflito; acordo; concórdia < a p. vigora naquela casa > < é uma pessoa que vive em paz>. 2. Relação tranqüila entre cidadãos; ausência de problemas, de violência < o bom funcionamento da justiça garante a paz> 3. Situação de uma nação ou um Estado que não está em guerra; relação dos países que desfrutam dessa situação < tempos de paz> 4. Cessação total de hostilidade entre Estados mediante celebração de tratado; armistício < os países beligerantes finalmente vão assinar a paz> 5. Estado de espírito de uma pessoa que não é perturbada por conflitos ou inquietações; calma; quietude, tranqüilidade < encontrou a paz na devoção religiosa><sua consciência está em paz> 6. Estado característico de um lugar ou de um momento em que não há barulho e/ou agitação, calma sossego < a paz de um mosteiro> paz podre tranqüilidade resultante da falta de ação, da indiferença ou da estagnação. Paz pública estado de tranqüilidade e harmonia de uma coletividade assegurada pela ordem jurídica; paz social. Jogar à paz. LUD jogar numa só parada ( lance ) tudo que se ganhou do parceiro para que este tenha oportunidade de recuperar o perdido e ficar em paz. Ser de boa paz temperamento tranqüilo, pacifico. ETIM lat. pax, pãcis paz, estado de paz, tratado de paz. SIN/VR ver antonímia de confusão, desinteligência, fúria e rebelião. ANT guerra; ver também sinonímia de confusão, desinteligência, fúria e rebelião. O verbete do dicionário de Houaiss refere-se, diferentemente dos dois primeiros dicionários, à relação entre pessoas, não mais à relação entre Estados ou entre pessoas de uma comunidade. No enunciado (2), o verbete, mais uma vez, faz referência à relação entre cidadãos (indivíduos), e os termos acordo e concórdia que estão no enunciado (1), também fazem parte do mesmo sentido que é o sentido principal que seria o literal para o qual ORLANDI (2002, p.107) chama a atenção. Nos outros dicionários Michaelis e Aurélio -, os enunciados estavam voltados para a paz entre Estado, País, Nação, e a paz no espaço social urbano, respectivamente. Podemos perceber, então, que as condições de produção do dicionário do Houaiss, o mais moderno, estão relacionadas ao sujeito urbano, um sujeito cada vez mais individualista, pelo efeito do capitalismo em que o que importa é o aqui-e-agora. Outro aspecto, que também aparece no Houaiss, são os exemplos, que servem para restringir/delimitar os sentidos. No enunciado definidor 1, temos: 1. Relação entre pessoas que não estão em conflito; acordo; concórdia < a p. vigora naquela casa > < é uma pessoa que vive em paz, o dicionário coloca dois exemplos que irão produzir determinado efeito-leitor: ao lermos o verbete podemos, ou não, nos identificar com tal definição, embora na maioria das vezes nos identifiquemos. No enunciado (2), relação tranqüila entre cidadãos; ausência de problemas, de violência<o bom funcionamento da justiça garante a paz>, aparecem três definições que, por estarem no mesmo enunciado e por terem apenas um exemplo para os três, possuem relação entre sim. Tais definições resumem-se ao funcionamento da justiça, então a relação tranqüila entre os cidadãos, a ausência de problemas e a ausência de violência se resumem em

29 29 um bom funcionamento da justiça para, finalmente, assim, termos a garantia da paz. Mas, pensemos na tranqüilidade. Será que apenas a justiça garante isso? E a ausência de problemas? Será que é possível a ausência de problemas tanto entre cidadãos quanto em uma sociedade desigual como a brasileira? O enunciado (5) que também faz referência ao interior do indivíduo acontece também nos outros dicionários analisados: Estado de espírito de uma pessoa que não é perturbada por conflitos ou inquietações; calma; quietude, tranqüilidade < encontrou a paz na devoção religiosa><sua consciência está em paz>. Novamente podemos pensar no aqui e agora de uma sociedade que não suporta limites, dor e a busca da felicidade, da vida sem sofrimento é uma constante. A depressão é o mal do século. A paz de espírito de uma pessoa acontece quando ela não é perturbada por conflitos ou inquietações. E seus exemplos nos levam ao sentido de que a paz de espírito será encontrada na devoção religiosa aspecto que não fora mencionado nos outros dicionários. Vemos, pois, o discurso religioso fazendo parte, então, dos enunciados da paz 4. O outro exemplo já transforma a paz em estado de consciência, ou seja, a...pessoa que não é perturbada por conflitos ou inquietações possui a consciência em paz. Quando chegamos à definição (6), Estado característico de um lugar ou de um momento em que não há barulho e/ou agitação, calma sossego< a paz de um mosteiro>, o sujeito desloca o significado de paz para o de um lugar ou um momento ; a paz passa a existir em uma localidade geograficamente (um mosteiro funcionando, mais uma vez, o discurso religioso) e, também, algo que acontece através do tempo como minutos, horas, segundos de paz. Ao colocarmos esse sentido em prática podemos imaginar que a paz tem lugar e hora para existir. Retomemos o primeiro enunciado, que diz: a paz é relação entre pessoas que não estão em conflito ; o exemplo: é uma pessoa que vive em paz"; e o terceiro enunciado: Situação de uma nação ou um Estado que não está em guerra. Nesses e em outros enunciados desse verbete há, analisando sintaticamente, a presença da oração subordinada adjetiva restritiva, onde, por exemplo, o sentido de relação entre pessoas se restringe apenas as pessoas que não estão em conflito. Outro aspecto a se notar é a presença constante da negação nos enunciados definidores. E se ao definir a paz, aparece constantemente a 4 É interessante saber que muitas das ONGs e sites sobre a paz usam o discurso religioso como poderemos perceber no segundo capítulo desse TCC.

30 30 restrição e a negação, então a paz é (atualmente) aquilo que restringe e nega alguma coisa. Portanto, a individualização do sujeito se dá pela negação e restrição. Chegamos então, mais uma vez, ao que já foi dito anteriormente: o silenciamento de outros sentidos. Esse silenciamento funciona de diferentes formas. Alguns enunciados definidores aparecem em um dicionário e não aparecem em outros. O Michaelis é o único em que há uma relação entre União, concórdia nas famílias. A palavra união não está no dicionário mais atualizado (Houaiss). Que sentidos são esses que vão mudando a casa instante, mas que não estão perto da realidade em que vive a sociedade que necessita encontrar uma forma de viver a paz? Na teoria de Análise de Discurso, tais questões são respondidas pelo fato de que os sentidos funcionam através da história e:...a Análise de Discurso pressupõe o legado do materialismo histórico, isto é, o de que há um real da história de tal forma que o homem faz história mas esta também não é transparente. Daí conjugando a língua com a história na produção dos sentidos... (ORLANDI, 1993,p.19) Depois desse percurso, talvez seja interessante retomarmos o poema de Orides Fontela que transcrevemos no início do Capítulo e observarmos como ela sabe falar tão bem do que foi silenciado, apagado. A Paz não reconstrói: elide a trama e o verbo. A Paz não organiza: explode o núcleo-tempo A Paz Não é letal: vivifica. A paz não apazigua: fere. A Paz não acalma: renova o ser e o sangue.ao lermos o poema, já percebemos que é um discurso diferente do que encontramos nos dicionários: a autora inverte toda a concepção de paz que vimos até agora. Essa nova discursividade reconstrói o conceito de paz e esses novos conceitos podem ser conhecidos como efeito metafórico que, segundo Pêcheux (1969) em uma citação de Orlandi (1999), é o fenômeno semântico produzido por uma substituição contextual, lembrando que este deslizamento de sentido entre x e y é constitutivo tanto do sentido designado por x como por y. (p.78) Assim a metáfora não é vista como

31 31 substituição de sentido, mas sim de transferência, ou seja, um sentido vai passando para outro diferente, mas essa diferença é sustentada em um mesmo ponto que desliza de próximo em próximo, o que nos leva a dizer que há um mesmo nessa diferença... Tanto o diferente como o mesmo são produção da história, são afetados pelo efeito metafórico. (ORLANDI, 1999, p.79) O que acontece é o resultado do mesmo e o diferente sendo que, aqui prevalece o diferente, a polissemia, evidenciando o que foi silenciado. O que aconteceu foi o deslocamento para outros possíveis sentidos. Vemos aí, também, funcionando o silêncio e não nos esqueçamos de que para a AD o silêncio não fala. O silêncio é. Ele significa. Ou melhor: no silêncio o sentido é. (ORLANDI, 1993, p.33) Portanto o sentido mostrado pela autora pode não aparecer nos dicionários, mas ele existe. Quando ela começa o poema dizendo que a paz não reconstrói - está em nossa memória o discurso que a paz reconstrói, pois após as duas guerras mundiais para que se pudesse reconstruir as cidades destruídas, até mesmo as vidas das pessoas, era necessário que a guerra cessasse e fosse declarada a paz. A autora reescreve essa história/memória ao acrescentar : elide a trama e o verbo, onde além de negar essa memória de reconstrução que a paz nos traz, ela dá uma nova significação para tal conceito. Outra palavra que a autora nega é apaziguar que tem como sinônimo pacificar que também deriva da palavra latina que significa paz; a poeta diz que fere. Podemos pensar em pacificar como tendo o sentido de acalmar o comportamento infantil, mas também de repressão militar. E aí fere. Quando ela diz que a paz não organiza: explode, podemos pensar no sujeito que os dicionários analisados descrevem como pacífico: aquele que não causa perturbações sociais, aquele que não está em conflito consigo mesmo. Pois um sujeito assim jamais iria se alterar: explodir, de acordo com os dicionários. Fontela, nesse verso, nos anuncia que esse sujeito pacífico iria explodir, pois não somos máquinas e somos diferentes uns dos outros. A poesia, um outro espaço simbólico de individualização do sujeito feito de negação, mas agora significando diferentemente: a paz não reconstrói, não organiza, não é letal, não apazigua, não acalma. Uma outra possibilidade de significar o mundo e a si mesmo. Um outro sujeito pacífico.

32 32 CAPÍTULO 3 A administração da Paz Depois de uma nova prática de leitura de dicionários, mediada pela AD, por meio de verbetes que nos ajudaram a compreender os sentidos da paz em nossa sociedade, podemos passar para outra etapa de nossa pesquisa, de acordo com o corpus construído: a descrição e análise de, alguns sites sobre a paz, por onde, na verdade, iniciamos um trabalho na disciplina da Análise do Discurso no semestre passado e onde descobrimos que a paz pode se desdobrar em vários tipos de paz como: a paz na escola, na família, no trabalho, no futebol, no trânsito. Enfim, um tipo de paz para cada necessidade do cidadão da nossa sociedade. Marilena Chauí, em uma matéria feita para a Folha de S. Paulo, intitulado Uma ideologia perversa, em seu Caderno Mais!, de 14 de março de 1999, trata da questão da violência em relação à ética na sociedade brasileira. Ali, ela fala que existe também uma multiplicidade de éticas ética política, ética familiar, ética escolar, ética de cada categoria profissional, ética do futebol, ética da empresa -, o que leva a uma negação de qualquer universalidade e a considerar a ética como competência específica de especialistas. Parece que o mesmo ocorre com a paz. Além disso, ela diz que: Aqui, confunde-se ética e organização administrativa, isto é, a ética é tomada como um código de condutas que define hierarquias, cargos e funções, das quais dependem responsabilidades funcionais para o bom andamento de uma organização. Além de confundir-se com a funcionalidade administrativa, a pluralidade de éticas também exprime a forma contemporânea da alienação, isto é, de uma sociedade totalmente fragmentada e dispersa que não consegue estabelecer para si mesma nem sequer a imagem da unidade que daria sentido a sua própria dispersão. (grifo nosso) Pêcheux, em seu livro Discurso: estrutura ou acontecimento (1990, p. 30), também irá falar de um outro modo, dessa administração do que ele chama de espaços discursivos logicamente estabilizados em que se faz a gestão social dos indivíduos através de uma multiplicidade de técnicas, marcando-os, identificando-os, classificando-os, colocando-os em ordem, em colunas, em tabelas, reunindo-os e separando-os segundo critérios definidos, a fim de colocá-los no trabalho, a fim de instruí-los, de fazê-los sonhar ou delirar, de protegêlos e de vigiá-los, de levá-los à guerra e de lhe fazer filhos.... E ele prossegue, dizendo que as coerções não são impostas ao sujeito somente por algo/alguém externo a ele, mas pelo próprio sujeito que ele chama de sujeito pragmático, isto é, cada um de nós, os simples particulares face às diversas urgências de sua vida. (p. 33) Podemos, então, nos perguntar como esse desdobramento da paz reflete um modo de gestão

33 33 desse sujeito moderno, urbano, escolarizado da sociedade capitalista? Que sentidos aí se produzem? Até que ponto temos o mesmo sob a forma do diferente nesses espaços discursivos da paz? A grande maioria dos sites a que tivemos acesso, pertence às ONGs Organizações não Governamentais, evidenciando uma pluralidade, também, dessas organizações, que vêm crescendo de forma assustadora. Os sites foram os que se seguem Estudos para a paz: Programa Paz na Escola: A paz na família: Paz no casamento: 677ccf509fb9 e516dbf86b A paz no trabalho: Projeto paz no futebol: Paz no trânsito: Origens religiosas da palavra paz: Site de palavras de paz: mandamentos do Papa- A lista acima contém sites de ONGs sobre a paz e sites em que, independentemente de seu conteúdo, tratam de algum tipo de paz, como acontece no site da paz na família, que pertence a uma empresa que atua no fornecimento de equipamentos para indústria de processamento de carnes. Portanto, é importante sabermos as condições de produção que se dão em tais tipos de paz, para que se compreenda os sentidos e sujeitos que aí se constituem. Os discursos das ONGs, voltados para a paz, têm como contraparte necessária a violência, mostrando, por exemplo, exemplos de atos de violência contra as pessoas, como acontece com o discurso do dicionário, em que não se pode falar de paz sem falar de violência. No Aurélio, por exemplo, a estrutura e o funcionamento do verbete paz é marcado pela palavra ausência : ausência de luta, de violência, de perturbações, de conflitos, de agitações, de ruídos. Chauí, no texto anteriormente, mencionado, ao mostrar que a ética está sempre vinculada também à violência, diz que esta significa:

34 ) tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de algum ser (é desnaturar); 2) todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém (é coagir, constranger, torturar, brutalizar); 3) todo ato de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada positivamente por uma sociedade (é violar); 4) todo ato de transgressão contra o que alguém ou uma sociedade define como justo e como um direito. Conseqüentemente, a violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e intimidação pelo medo e o terror. Podemos observar que o foco, nessa forma de conceber a violência, está centrado no sujeito, apagando o econômico, o social e o político. Trata-se de um modo de individualização desse sujeito moderno, urbano, escolarizado. Por outro lado, a mesma autora chama a nossa atenção para o que é apagado, silenciado, quando a violência, logo a ética, (no nosso caso, a paz), está centrada em ações do e para o sujeito, apagando a violência estrutural da sociedade brasileira: uma sociedade que estruturou suas relações sociais e intersubjetivas nos moldes da escravidão, seja dos índios, seja dos africanos. Para ela, o que está sendo apagado nessa relação entre violência e ética, seria o dispositivo em que a violência é caracterizada apenas como crime contra a propriedade e a vida, seria o dispositivo jurídico. Fala também do dispositivo sociológico que considera a violência como um momento de deficiência na sociedade em que os grupos sociais menos desenvolvidos, ou melhor, atrasados, entram em atrito com os grupos sociais mais desenvolvidos. Outro dispositivo é o da exclusão onde os sujeitos são divididos em os violentos e os não-violentos e, por último, a violência como um acidente, ou como algo que acontece do nada, e que percebemos isso quando os meios de comunicação se referem à violência com as palavras surto, onda, epidemia crise, isto é, termos que indicam algo passageiro e acidental. (CHAUI, 1999) Em se tratando da relação entre violência e paz, o que estará sendo apagado, silenciado nos discursos dessas ONGs? Orlandi, em seu livro as As formas do silêncio (1990), irá mostrar como isso funciona em termos de Análise de Discurso: O funcionamento do silêncio atesta o movimento do discurso que se faz na contradição entre o um e o múltiplo, o mesmo e o diferente, entre paráfrase e polissemia. (p.17). A autora prossegue sua análise dizendo que para se compreender a linguagem é preciso entender o silêncio para além de sua dimensão política... chegando a hipótese de que o silêncio é a matéria significante por excelência, um continuum significante. O real da significação é o silêncio (p.31) No decorrer desse capítulo vamos percebendo que esse silenciamento que, segundo Orlandi, significa, e que também é discurso está silenciando coisas diferentes, como os

35 35 interesses capitalistas e a presença constante da violência como sustentação para se promover a paz. E dado o tempo que dispúnhamos para o trabalho, resolvemos selecionar alguns sites e dividi-los em grupos que tivessem algo em comum. Analisamos, pois, três grupos: a) a paz na relação entre o discurso religioso e o discurso social; b) a paz no discurso voltado para o desenvolvimento financeiro: negócios/mercado. c) a paz tendo como foco a não-violência. Fazem parte do primeiro grupo os seguintes sites: a paz na família: hobi.com.br/albano/mandamentos.html; e paz no trânsito: 5. Falamos da presença do discurso religioso pelo o fato de eles trazerem para a cena enunciativa os 10 mandamentos de forma explícita. Como contraponto a estes sites, analisamos também as Diretrizes para o cuidado pastoral da estrada, elaboradas pelo Papa Bento XVI: Para compreender a paz em relação aos negócios/mercado, trabalhamos os seguintes sites: a paz no trabalho: noticia.php?news_id=303&acao=ler; e a paz no futebol: noticia.asp?id=373. No terceiro grupo, trabalhamos com os seguintes sites: paz.org ; e, por último, uma nova discursividade: uma piada tendo como referente a paz no casamento : pic.php?t=182&sid=adbf550a677ccf509fb9e516dbf86b80, nos trazendo um outro sentido que, mesmo no contexto da comédia, não deixa de ser fato que acontece na sociedade. Comecemos nossa análise com o primeiro grupo, aqueles que se estruturam tomando como referência explícita os 10 mandamentos. Dez mandamentos para a paz na família e os Dez mandamentos do Trânsito, produzindo um efeito de consenso nos que têm acesso a esses discursos. No discurso religioso, os mandamentos são um conjunto de regras que devem ser seguidas para que os fiéis alcancem a salvação eterna. No caso dos discursos que estamos analisando, o objetivo está voltado para a vida social da população, mas de diferentes maneiras. Vamos começar nossa descrição e análise com os mandamentos para a paz na família. Abaixo segue um quadro com os dez mandamentos para a paz na família: 5 Utilizamos neste TCC um folheto contendo os 10 mandamentos..., que foi analisado em trabalho realizado para a disciplina Análise do Discurso no semestre passado. Naquela época, o folheto podia ser encontrado no site: Atualmente, ele já não se encontra ali.

36 36 10 Mandamentos para a Paz na Família 1. Tenha fé e viva a Palavra de Deus, amando o próximo como a si mesmo. 2. Ame-se, confie em si mesmo, em sua família e ajude a criar um ambiente de amor e paz ao seu redor. 3. Reserve momentos para brincar e se divertir com sua família, pois a criança aprende brincando e a diversão aproxima as pessoas. 4. Eduque seu filho através da conversa, do carinho e do apoio e tome cuidado: quem bate para ensinar está ensinando a bater. 5. Participe com sua família da vida da comunidade, evitando as más companhias e diversões que incentivam a violência. 6. Procure resolver os problemas com calma e aprenda com as situações difíceis, buscando em tudo o seu lado positivo. 7. Partilhe seus sentimentos com sinceridade, dizendo o que você pensa e ouvindo o que os outros têm para dizer. 8. Respeite as pessoas que pensam diferente de você, pois as diferenças são uma verdadeira riqueza para cada um e para o grupo. 9. Dê bons exemplos, pois a melhor palavra é o nosso jeito de ser. 10. Peça desculpas quando ofender alguém e perdoe de coração quando se sentir ofendido, pois o perdão é o maior gesto de amor que podemos demonstrar. O primeiro aspecto a se notar diz respeito às condições de produção em termos de seus interlocutores. Esses mandamentos para a paz na família, como já dissemos foi encontrado em um site de uma empresa que atua no fornecimento de equipamentos para indústria de processamento de carnes de nome Electra Tecnologia. Tal site não tem nenhuma ligação aparente com o que podemos chamar de discurso sobre a família, mas como já dissemos que os sentidos não estão escancarados e que quando usamos um discurso apagamos outros e também, que a linguagem funciona histórica e ideologicamente, então podemos afirmar que a relação dessa empresa com o discurso da paz na família é o consumo 6, pois quem compra carne, quem consome, quem dá lucro é a família. O site não tem logotipos, nem imagens; um site simples com o nome e telefone de contato da empresa, mas que contêm os 10 mandamentos para a paz na família. Por que a família não está em paz? E se a família não está em paz é porque os mandamentos que são listados não estão em prática. O mandamento (2), por exemplo, diz Ame-se, confie em si mesmo, em sua família e ajude a criar um ambiente de amor e paz ao 6 Nos comerciais de televisão sempre que o produto é alimentício os cenários são construídos com famílias que estão aparentemente felizes. Portanto, para se vender comida ou algo do gênero, é necessário utilizar no imaginário do público alvo desse consumo: a família.

37 37 seu redor. Se o dito significa em relação ao não dito poderíamos fazer uma paráfrase e dizer que na família não se ama, algo que chocaria, pois no imaginário, família é sinônimo de amor. O discurso da paz na família traz sentidos voltados para sujeitos que têm como prioridade na vida a sua família; o pai, a mãe, responsáveis por adquirir o que há de essencial para a família, como a comida. Conforme Orlandi (1999), a ideologia trabalha colocando o indivíduo na relação imaginária com suas condições materiais de existência. No mandamento (9), Dê bons exemplos, pois a melhor palavra é o nosso jeito de ser., é interessante os termos jeito de ser, pois está relacionado ao natural do homem, como ele nasce. Se associarmos isso ao que é dito nos dicionários, podemos dizer que esse jeito de ser está ligado ao sujeito pacífico, inofensivo, bonacheirão que o dicionário Michaelis define como sendo o que não ofende, que não escandaliza, que não faz mal, ou, que é aceito sem disputa ou contestação. Tal sujeito é aquele que permite que a família esteja em paz. Podemos identificar, inicialmente, como discurso principal, o discurso religioso servindo como principal efeito ideológico. Mas, ao caminharmos na análise, observamos que ele está, na verdade, dominado pelo discurso econômico (vender carne). Observamos, ainda, analisando o mandamento 3 reserve momentos para brincar e se divertir com sua família, pois a criança aprende brincando, e a diversão aproxima as pessoas, a presença de uma discursividade que estimula o individualismo e não a convivência coletiva. Teremos, então, cada família fechada em si mesma. Isso acontece no discurso do dicionário Houaiss que tem como sentido principal o indivíduo e não a convivência social. E se pensarmos o que diz Orlandi a respeito de que os sentidos funcionam por paráfrase, podemos dizer que esse discurso da paz na família, mais uma vez, diminui o que podemos chamar de humanização, ou seja, quando afunilamos certos conceitos, estamos individualizando-os. Através do discurso religioso, o sujeito (pensando ser autônomo e livre nas decisões) se submete aos interesses do mercado, no caso, aos interesses de uma indústria de carnes. Podemos concluir que esse discurso individualiza, restringe as ações do sujeito a funcionar apenas dentro da família, assim excluindo a sociedade como algo mais amplo em que exerceria sua cidadania. Passemos agora para o folheto sobre a paz no trânsito que foi entregue nas ruas do Distrito Federal e também estava disponível no site da ONG Rodas da Paz, uma ONG Rodas da Paz voltada para os ciclistas: a paz no trânsito para os ciclistas.

38 38 Por que o trânsito precisa de paz ou de convivência pacífica? Outra questão. No trânsito só existem ciclistas e motoristas? E os pedestres? A ONG é voltada para a segurança dos ciclistas no trânsito, então o seu discurso será sempre em benefício dos ciclistas, portanto os pedestres e os próprios motoristas não têm vez nesse discurso. Outra característica interessante presente no folheto, ou seja, mais uma fragmentação. Ele é dividido em cinco mandamentos para os ciclistas e cinco mandamentos para os motoristas. Se afirma, também, que para se ter uma convivência pacífica no trânsito deve-se obedecer a tais mandamentos que aparecem no folheto, sustentados por uma chamada É LEI, que está em um círculo pontilhado que nos lembra uma placa de trânsito. Tendo abaixo uma frase Com respeito, a gente vai longe. Interessante lembrar que em nossa análise dos dicionários, a palavra respeito, que aparece fazendo parte dos enunciados definidores de paz, nos trazia outros sentido: obediência, acoitamento, ou sentimento de medo, transformando essa frase-slogan em um discurso autoritário, levando-nos ao que Orlandi (1999, p.31) chama de interdiscurso que é definido como aquilo que fala antes, em outro lugar, independentemente. Ou seja, é o que chamamos de memória discursiva: o saber discursivo que torna possível todo dizer e que retorna sob a forma do pré-construído, ou jádito que está na base do dizível sustentando cada tomada da palavra.. Discurso religioso, discurso jurídico, discurso da moral. Qual será o dominante? O processo de individualização do sujeito que se dá no discurso da paz no trânsito estará marcado principalmente por qual dessas discursividades? Será um sujeito jurídico, um sujeito

39 39 da moral ou um sujeito religioso que se espera produzir para se ter uma convivência pacífica? Uma convivência pacífica de sujeitos pacíficos. O discurso da ONG Rodas da Paz silencia outros sentidos (carência de transportes coletivos, lucro das empresas automotivas), de diferentes maneiras (dividindo os mandamentos, vendo o trânsito da perspectiva só dos ciclistas, etc), individualizando e restringindo as necessidades do sujeito que precisa da paz no trânsito, mas não como tendo direitos e deveres sujeito jurídico -, mas um sujeito religioso que deve seguir mandamentos e ainda como um sujeito da moral, que deve transformar direitos e deveres em respeito individual. Esse sujeito que aí se constitui pode ser comparado ao sujeito que os dicionários que analisamos propõem: pacífico, sem agitações, silencioso; harmonioso, tranqüilo. Como estávamos analisando sites que tinham como textualidade traços dos mandamentos da Igreja, achamos interessante trazer para o trabalho, as Diretrizes para o cuidado pastoral da estrada, lançadas em junho pela Igreja Católica, inspiradas nos dez mandamentos da Bíblia. Além de sair em vários jornais, também apareceu em alguns sites de notícias. Nós o retiramos do site de notícias da rede Globo de Televisão. Diretrizes para o cuidado pastoral da estrada" 1) Não matarás 2) A estrada seja para ti um instrumento de ligação entre as pessoas, não de morte 3) Cortesia, correção e prudência para te ajudar a superar os imprevistos 4) Ajudar o próximo, principalmente se for vítima de um acidente 5) Que o automóvel não seja um lugar de dominação e nem lugar de pecado 6) Convencer os jovens sem licença a não dirigir 7) Dar apoio às famílias que tenham parentes vítimas em acidentes 8) Reúna-se com a vítima com o motorista agressor em um momento oportuno para que possa viver a experiência libertadora do perdão 9) Proteger o mais vulnerável 10) Você é o responsável pelos outros A partir do título, já podemos ir observando as diferenças em relação aos mandamentos dos sites anteriores. Trata-se de diretrizes da Igreja e não do Papa, enquanto parte de uma ação maior da Igreja: a ação pastoral. E o espaço não é mais o urbano, mas o das estradas. Trata-se, ainda, de uma proposta dirigida aos cristãos de todo o mundo. São outros, pois, os efeitos de sentido. A posição do sujeito nesse discurso religioso é a de um sujeito que

40 40 se constituiu em uma doutrina religiosa determinada e que os sentidos fazem parte de uma memória discursiva. Notamos no desenvolvimento deste TCC, que o discurso religioso sobre a paz não é homogêneo e vem articulado a outros discursos. Percebemos isso mais claramente quando analisamos os mandamentos para a paz na família, que tem como principal objetivo vender carnes; o da paz no trânsito, proposto pela ONG Rodas da Paz, com o objetivo de dar segurança apenas aos ciclistas; o da paz nas estradas, proposto pela Igreja Católica, com o objetivo de fazer com que as pessoas pratiquem no trânsito os preceitos religiosos. Portanto, o discurso religioso, não aparece apenas de uma forma, ele dependerá das condições de produção em que aparece. Assim, se for usado por uma empresa que tem como objetivo o lucro, então o sujeito que será afetado por esse discurso é o consumidor; se for usado por uma instituição religiosa que tem como objetivo a conversão, então seu discurso irá visar um sujeito que necessita de conversão. No segundo grupo, selecionamos dois tipos de sites: o da paz no trabalho e o da paz no futebol em que o discurso dominante é o econômico de forma explícita. Começaremos pela paz no trabalho onde selecionamos um artigo que explicava o porquê da necessidade da paz no trabalho para uma empresa que quer crescer: A Paz No trabalho é um bom Negócio 12/07/2007 "Quem vislumbrar o futuro e investir em um bom relacionamento entre as equipes terá mais produtividade e sucesso". A previsão é de Luciane Beretta, vice-presidente de marketing da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Rio Grande do Sul. Ela lembra que os problemas de relacionamento entre os colegas de trabalho são as principais causas de demissões em empresas. Luciane entende que o investimento em um bom clima na empresa pode até gerar dividendos para as companhias na medida em que reduz o índice de rotatividade entre os funcionários. "Se levarmos em conta questões como os gastos com rescisão, seleção e treinamento além, é claro, da produtividade, veremos que a rotatividade é muito prejudicial", explica. A tese de Luciane é corroborada por dados de uma pesquisa da consultoria Produtive, de Porto Alegre. A empresa ouviu 146 executivos em processo de recolocação no mercado e constatou que 60% deles haviam sido demitidos por questões comportamentais. "São pontos como a alta de adaptação a mudanças, insubordinação, atitudes negativistas, instabilidade emocional e falta de comunicação", explica Luciana Saldanha, psicóloga da Produtive e responsável pela pesquisa. Segundo ela, a maior parte dos casos está associada a mudanças em cargo de gerência e diretoria. "Há resistência para as pessoas aceitarem novas chefias. É preciso rever a postura e evitar fazer juízo de valor antecipado", recomenda a psicóloga. A vice-presidente de marketing da ABRH RS assina embaixo. "É necessário tomar pé da situação antes de implantar uma política de ordens, compreendendo o contexto de vida dos funcionários e do local". (

41 41 Ao lermos atentamente esse artigo, podemos perceber qual o propósito da Paz no Trabalho : lucro. É dito no texto que a principal causa de demissões em empresas está relacionada aos problemas de relacionamento entre os colegas de trabalho, levando a empresa a fazer novas contratações e perdendo dinheiro com isso. Pois bem, se lembrarmos da nossa análise nos dicionários no Capítulo anterior, poderemos nos lembrar de que os dicionários ao criarem conceitos para a paz, acabaram apagando outros, pois, segundo NUNES (2006, p.56), na fronteira entre os campos lexicais:...são explicitadas as relações discursivas, a abordagem do campo lexical pressupõe a existência da polissemia, das contradições, das ambigüidades; dos efeitos de sustentação e de silenciamento, enfim, de tudo aquilo que caracteriza o campo lexical como uma série de fatos sociais. O que os dicionários apagaram foram as diferenças entre sujeitos: sociais, econômicas, culturais, políticas, raciais etc. Se não aprendermos a (com-)viver com a diferença do outro não poderemos obter a paz possível de acontecer. Quando se fala em problemas de relacionamento entre os colegas de trabalho, existe aí não a necessidade de um sujeito pacífico como o dicionário descreve. Na verdade, o que é silenciado, neste caso, é que os relacionamentos no trabalho se tornam cada dia mais difíceis, tendo em vista a competitividade estimulada pelo próprio sistema, a ausência de empregos, o interesse das empresas apenas em gerar lucro. Assim, as pessoas estão em constante pressão para conseguir um emprego, ou mantê-lo, ou para subir de cargo. Outro aspecto a ser analisado neste texto é a presença de dados quantitativos e qualitativos, que produzem um efeito de objetividade e de legitimidade da argumentação. O outro tipo de paz que analisaremos será a paz no futebol. Encontramos um artigo da Câmara Técnica do Desporto, em que lança um plano para a melhoria das condições dos torcedores nos estádios. Como esse texto é longo, fizemos alguns recortes, considerando o que já vínhamos analisando, as regularidades sempre presentes nessas discursividades. A atual realidade de insegurança, violência e vandalismo que cercam os eventos esportivos, especialmente o futebol, contribui para o esvaziamento dos estádios. Segundo dados da Comissão Paz no Esporte, do Ministério dos Esportes e da Justiça, 79% dos torcedores deixaram de ir aos campos de futebol devido à violência, além de outros 14% motivados pelo desconforto. Esta realidade é fruto de questões de ordem social e cultural, mas principalmente devido a impunidade. A apatia dos organizadores do evento e a falta de maior integração entre as entidades envolvidas nos espetáculos futebolísticos, agravam este quadro. (

42 42 A paz no futebol, nesse discurso, está relacionada aos torcedores das arquibancadas dos estádios durante os jogos: ao sujeito torcedor. Torcedores que significam uma boa quantia em dinheiro para os empresários do futebol. Se não houver mais torcedores nas arquibancadas será muita perda de dinheiro, então se deve tomar uma atitude. A principal causa para se promover a Paz no Futebol é o esvaziamento dos estádios. Podemos dizer que é a principal causa, porque foi o primeiro argumento usando pela Câmara Técnica do Desporto. A paz no futebol, em outras palavras, é para que se continue a ter torcedores em estádios de futebol, para se ter lucro. Os motivos do esvaziamento dos estádios, segundo o texto, são: 79% da violência, 14% por causa do desconforto, mas principalmente devido a impunidade. Para se obter a paz no futebol é necessário acabar com a violência, com o desconforto e com a impunidade. Ao pesquisarmos sobre a violência em estádios encontramos em um site um trabalho de pósgraduação de uma estudante da Universidade Federal de Viçosa (MG), intitulado A violência nos estádios de futebol: uma análise dos pontos de vista intrínseco e extrínseco 7, que nos mostra alguns motivos para a causa da violência nos estádios que variam de:... no momento em que uma pessoa participa de uma torcida organizada, ela está sendo constituída de situações de expansão de várias emoções, muitas vezes reprimidas pelo meio social do cotidiano. Desta forma, é diante da torcida que essa pessoa demonstra sua identidade e começa a manifestar e agir de maneira que não faria isoladamente, colocando para fora todo sentimento de impotência e frustração pessoal, que foram diluídas no coletivo das arquibancadas. Uma das formas mais cruéis de violência no futebol, presente tanto no campo quanto nas arquibancadas, é o racismo, que por sinal existe desde os primórdios do futebol, quando somente brancos e ricos aristocratas podiam praticar esse esporte....a agressividade está presente em nossas vidas desde as origens do mundo e da nossa história. Acreditam que a violência constitui um componente essencial da vida humana e, ainda, está inscrita no coração do homem e no ser do mundo... (copiado do site) O que podemos perceber desses trechos da pesquisa que citamos é que a existência de violência nos esportes, e, em particular, no futebol, é algo que vai além do que a Câmara Técnica cita como a falta de impunidade. Aí estão presentes as emoções dos torcedores nas arquibancadas, o contexto histórico em que se formou esse esporte, e principalmente, a agressividade [que] está presente em nossas vidas desde as origens do mundo e da nossa história. Portanto a onda de violência que está acontecendo em estádios de futebol, não é algo passageiro que irá acabar apenas com punição. 7 O trabalho está disponível no site

43 43 Agora vamos passar para o terceiro grupo, iniciando com o site: que traz como incentivo para a filiação na ONG, a história da tragédia da menina Gabriela, de quatorze anos, que foi atingida por uma bala perdida no metrô do Rio. Após sua morte seus pais promoveram várias campanhas pela paz, criaram um site com o nome Gabriela sou da paz, tendo como logotipo uma das últimas fotos da garota fazendo um gesto como de um pombo com as duas mãos. O discurso do site Gabriela sou da Paz, aparentemente de uma ONG que luta pela paz, é na verdade, um site que tem como principal abordagem, a história do ato de violência que matou a adolescente Gabriela: composto de galeria de fotos da garota, reportagens em jornais sobre sua morte e, também reportagens feitas pela televisão. Além de ter uma música em homenagem a Gabriela, e até, uma Avenida no Rio, que recebeu o nome da adolescente. Na parte notícias do site, convidam as pessoas a participarem da comunidade no Orkut 8 da ONG Gabriela sou da Paz e pedem que comprem a camiseta da ONG para dar visibilidade à nossa campanha contra a impunidade. Uma das partes do site é o Blog 9, onde aparecem as notícias atuais sobre fatos de violência ligados à morte de inocentes. Na nossa última visita ao site, estava como manchete no Blog o julgamento de um dos algozes da estudante Maria Cláudia, que foi 8 Orkut é um site de uma rede social que tem como objetivo ajudar seus membros a criar novas amizades e manter relacionamentos. 9 Blog é uma abreviação de weblog, qualquer registro freqüente de informações pode ser considerado um blog (últimas notícias de um jornal on-line, por exemplo).

44 44 assassinada pelos caseiros e enterrada debaixo da escada da própria casa. Além de notícias do tipo, também são acompanhadas todas as manifestações que os pais de Gabriela fazem com a frase diga não a impunidade. Para observamos o funcionamento da posição de sujeito no discurso dessa ONG, selecionamos uma das partes do site em que é mostrado para quem é destinada essa ONG: Nossa nova bandeira! Os pais de Gabriela Prado Maia (assassinada por bala perdida), a mãe de Priscila Belfort (desaparecida), os pais de André Francavilla Luz (seqüestrado e assassinado), a mãe de Marcos José Aloise (assassinado num assalto), estão se unindo para fazer esta colcha de retalhos para, mais uma vez, chamar a atenção das autoridades, fazer uma homenagem às vítimas da violência de todo o Brasil e tentar mobilizar a sociedade para que outras famílias não sintam esta eterna dor! Se você sente essa dor de ter um ente querido desaparecido ou que tenha sido vítima fatal ou mutilada pela violência, participe dessa. (grifos nossos) Notemos que as pessoas, que estão unidas para fazer a colcha de retalhos, estão unidas por causa de algo em comum: a violência. Em outras palavras: eles estão unidos não pela paz, mas, sim, pela violência; se não tiverem tido a experiência de violência, não farão parte dessa comunidade. Uma comunidade que é uma colcha de retalho: o somatório de casos pessoais, costurados pela violência. Os efeitos de sentido entre os interlocutores, neste site, se darão do lugar da violência, mesmo que seja para negá-la. Poderemos dizer que temos aí a posição de sujeito pacífico produzida pelos dicionários? O que move essas pessoas? Ao analisar os nomes dos que participam e o porquê de sua participação (que aparece em parênteses), o sentido que aí aparece é o de que essas pessoas só estão unidas pela paz por causa da experiência de violência que sofreram! Podemos perceber também que a partícula se, que aparece grifado, funciona como condição, ou, até mesmo, como exclusão, pois nesse discurso só se você sente essa dor de ter um ente querido desaparecido ou que tenha sido vítima... poderá participar dessa comunidade. O sujeito que não passou por essa experiência está excluído da participação, ou pelo menos, da confecção da colcha de retalhos. O sujeito que nunca sofreu violência não necessita da paz? O sentimento de paz existe quando a violência acontece com o sujeito, enquanto algo individual. Aqui parece se dar o que Chauí (1999) chama de vitimização, fazendo com o que o agir e o pensar fiquem nas mãos dos sofredores, das vítimas; fazendo com que a paz (no nosso caso) seja tomada como compaixão pelos que sofreram a violência, apagando todo o lado social, econômico, político implicados na paz-violência. Chauí acrescenta:

45 45 Além disso, a imagem do Mal e a da vítima são dotadas de poder midiático: são poderosas imagens de espetáculo para nossa indignação e compaixão, acalmando nossa consciência. Precisamos das imagens da violência e do Mal para nos considerarmos sujeitos éticos. Outro dispositivo a se analisar nesse site, que reafirma essa posição de sujeito pacífico construída na e pela violência, é uma carta que o pai de Gabriela escreveu para quem entrasse no site, em que para nós não esperarmos o desastre acontecer conosco para que possamos lutar pela paz, como aconteceu com ele. Nós temos que ter uma experiência catastrófica para que desejemos ter o oposto dela. Para que desejemos a paz temos que ter uma experiência de não-paz. O que o discurso da ONG Gabriela sou da paz silencia, o que ele não deixa de dizer? Para se responder essa pergunta o analista deve não levar em consideração tudo o que não foi dito em relação ao que foi dito (ORLANDI, 1999, p. 83), mas deverá ter um método de análise, porque:... partimos do dizer, de suas condições e da relação com a memória, com o saber discursivo para delinearmos as margens do não-dito que faz os contornos do dito significantemente. Não é tudo que não foi dito, é só o não dito relevante para aquela situação significativa. Fizemos, então, um recorte dos não-ditos que nos ajudassem a compreender o discurso sobre a paz, que é o objeto de estudo desta pesquisa. E ao recortar, descobrimos que o não dito mais interessante é o da exclusão do sujeito que não possui experiência de violência; também, silencia a busca da paz pela paz, a paz é necessária por causa do seu oposto. Temos aí, como nos dicionários, discursivamente, a relação tensa entre o mesmo e o diferente, com o mesmo prevalecendo. O site da ONG Londrina Pazeando tendo como logotipo a imagem 10 abaixo, traz novamente a paz centrada no individual. 10 Não conseguimos copiar a imagem completa do logotipo do site Londrina Pazeando que tem como frase slogan: Por uma cultura de paz e não-violência.

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