Programa de Segurança Alimentar e Nutricional, PAA - Programa de Aquisição de Alimentos, São Miguel do Anta MG¹.

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1 Programa de Segurança Alimentar e Nutricional, PAA - Programa de Aquisição de Alimentos, São Miguel do Anta MG¹. Marina Almeida Souza. Graduanda do Curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa. Endereço: Rua Violeta de Souza Carmo, 54/201, bairro Santo Antonio, Viçosa-MG. mariblock14@yahoo.com.br Cormarie Alecreche de Almeida. Economia Doméstica. Extensionista de Bem estar social da EMATER MG. Endereço: Rua Violeta de Souza Carmo, 54/201, bairro Santo Antonio, Viçosa-MG. alecreche@yahoo.com.br Renato Junio de Souza Marcelino. Graduando do Curso Cooperativismo da Universidade Federal de Viçosa. Endereço: Rua José Afro de Miranda, s/n, Centro, São Miguel do Anta. rjsouzam@yahoo.com.br RESUMO Este trabalho está sendo realizado em São Miguel do Anta MG, e objetivou-se fazer uma análise crítica da situação do Programa de Aquisição de Alimentos aplicado, desenvolvido e coordenado pelo escritório local da EMATER MG. São Miguel do Anta é uma cidade de porte pequeno e está localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, possui população estimada de habitantes e sua atividade econômica principal é a cultura do café segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. O PAA foi implantado no município no ano de 2007 e teve início no ano de 2008 e tem como objetivo destinar recursos a aquisição de produtos da agricultura familiar visando distribuição às escolas, entidades assistenciais e famílias que vivem em situação de insegurança alimentar, assim como assegurar ao agricultor familiar uma fonte de renda. Para realização do presente estudo, foram feitos contatos com os extensionistas responsáveis pelo projeto na cidade, para um maior conhecimento do projeto e para obter informações dos técnicos sobre o mesmo. O período de análise do projeto teve início em março de 2009 e será finalizado em dezembro do

2 mesmo ano. Neste período não foi aplicado nenhum questionário por causa das dificuldades enfrentadas pelo clima instável referente ao período de inicialização do trabalho. Entretanto, pelas informações obtidas através dos técnicos envolvidos, o projeto tem sido satisfatório e tem dado um ótimo resultado, contudo estão enfrentando algumas dificuldades para conseguir a adesão de um maior número de produtores rurais interessados já que a demanda por produtos é alta e o número de produtores aderidos ao projeto não está conseguindo satisfazer a todas as demandas. Palavras chave: PAA, Segurança alimentar, Insegurança Alimentar, Desenvolvimento Sustentável. I. INTRODUÇÃO A segurança alimentar é um direito humano fundamental. Cada indivíduo deve ter assegurado o acesso a uma alimentação saudável e de qualidade. O direito a alimentação não envolve apenas os aspectos materiais como quantidade, qualidade e acesso, mas também os aspectos culturais da alimentação, ou seja, deve-se respeitar a cultura alimentar de cada um. A Segurança Alimentar, segundo a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. A segurança alimentar está mais assegurada quando os alimentos são produzidos, processados, armazenados, distribuídos localmente e disponíveis cotidianamente independentemente das mudanças climáticas e outras variações. Atualmente, o problema da insegurança alimentar a nível mundial, mais do que um problema global de produção alimentar, é o resultado do caráter antidemocrático e desigual da distribuição e do acesso aos recursos (tais como terra, crédito, informação e incentivo). Como resultado, há uma concentração de produção em certos regimes e nas mãos de um número cada vez menor de produtores intensivos, em detrimento de outros regimes, dos agricultores familiares e da segurança alimentar local.

3 Figura 1 - Evolução da proporção das famílias com insegurança alimentar no Brasil Situações de insegurança alimentar e nutricional podem ser detectadas a partir de diferentes tipos de problemas: fome, obesidade, doenças associadas à má alimentação e consumo de alimentos de qualidade duvidosa ou prejudicial à saúde. O Programa de Aquisição de Alimentos é uma das ações do Fome Zero, cujo objetivo é garantir o acesso aos alimentos em quantidade, qualidade e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional e promover a inclusão social no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional). Operacionalizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Compra Direta (PAA) tem como objetivo a aquisição da produção da agricultura familiar visando atender as demandas de alimentos de populações em risco alimentar. O governo compra tais produtos direto do produtor rural a um preço comercial de acordo com uma pesquisa de preços feita no próprio município, de maneira rápida para fazer a doação dos alimentos a comunidades que apresentam baixos níveis de segurança alimentar na própria região. O Programa de Aquisição de Alimentos tem a finalidade de apoiar a comercialização de produtos alimentícios por meio da sustentação de preços, adquirindo, para doação simultânea, a produção de Agricultores Familiares enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar- PRONAF. Para ser comprado, o produto in natura deverá estar limpo, seco, enquadrado nos padrões de identidade e qualidade estabelecidos pelo Ministério da Agricultura. Se o produto for beneficiado deverá estar acondicionado e nos padrões estabelecidos pelos órgãos competentes. Entre os produtos adquiridos, estão o arroz, castanha de caju, castanha do Brasil,

4 farinha de mandioca, feijão, milho, sorgo, trigo, leite em pó integral e farinha de trigo.. O valor máximo de aquisição por beneficiário produtor é de R$ 3.500,00 para cada ano civil. O PAA é muito valioso para suplementar a alimentação das famílias além de propiciar a educação nutricional, incentivando a alimentação diversificada, garantindo refeições adaptadas aos hábitos de consumo local. Com a implantação desse programa pretende-se uma melhoria nutricional da merenda escolar e/ou entidades assistenciais com inclusão de frutas, legumes e hortaliças regularmente nos cardápios, uma vez que as verbas não são suficientes para incluir com freqüência necessária estes alimentos. As organizações de agricultores e as entidades que receberão os produtos devem elaborar uma proposta que alie a necessidade de consumo de alimentos do público atendido pela entidade e a possibilidade de provisão pelos agricultores familiares. A proposta de participação deverá apresentar a relação de agricultores envolvidos, a proposta de preço de venda, o valor da aquisição e o local de entrega de produtos. A partir da aprovação da proposta de participação, a organização de agricultores passará a entregar seus produtos de acordo com o pactuado e o pagamento será liberado em sua conta corrente, mediante a comprovação (Termo de Recebimento e Aceitabilidade) de que os produtos foram entregues com qualidade e na quantidade pactuada. O PAA já atingiu 232 municípios de acordo com o MDS que publica, anualmente, editais com vistas à realização de processo seletivo de municípios interessados na implementação do PAA. Em São Miguel do Anta o programa foi implantado pela EMATER MG com o objetivo melhorar a qualidade de vida dos agricultores familiares da comunidade rural da Capivara, promovendo o desenvolvimento sustentável, que é, de acordo com Brüseke, o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades. De acordo com, Gro Harlem Brundtland (ex-primeira ministra da Noruega), o desenvolvimento sustentável "satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades". É o desenvolvimento econômico, social, científico e cultural das sociedades garantindo mais saúde, conforto e conhecimento, sem exaurir os recursos naturais do planeta. Objetivo geral: Avaliar o programa com o olhar dos produtores rurais que participam do mesmo, e tomar conhecimento das dificuldades enfrentadas por eles e pelos técnicos da EMATER MG que implantam tal projeto.

5 II. METODOLOGIA São Miguel do Anta é uma cidade de pequeno porte, com número total de habitantes de 6.741, IBGE (2003). Faz parte da microrregião de Viçosa que engloba os seguintes municípios: Araponga, Cajuri, Canaã, Paula Cândido, Pedra do Anta, Porto Firme, São Miguel do Anta e Teixeiras. Figura 2 - Microrregião de Viçosa MG A EMATER MG abrange toda essa microrregião e estes são, em sua maioria, de pequeno porte e apresentam alto índice de insegurança alimentar devido a vulnerabilidade das famílias que residem em áreas de risco (periferias e zona rural). A EMATER MG tem a finalidade de promover o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Assistência Técnica e Extensão Rural, assegurando a melhoria da qualidade de vida da sociedade mineira. O Programa de Aquisição de Alimentos, PAA, foi implantado no município em 2007 e teve inicio em 2008, e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos agricultores familiares da comunidade rural da Capivara, promovendo o desenvolvimento sustentável. O mesmo está sendo ampliado para outras comunidades do município com o mesmo objetivo. O período analisado compreendeu os dias de 02/03/2009 à 31/03/2009, onde foram feitas tais atividades: análise do projeto do PAA de São Miguel do Anta, participação em reuniões para esclarecimento do programa a novos agricultores com interesse a aderir ao programa, elaboração dos questionários que ainda não foram aplicados aos agricultores por fatores externos, tais como o clima chuvoso que impediu a visita aos agricultores adeptos do programa. Aferiu-se também quais as ações desenvolvidas pelos extensionistas da EMATER

6 MG local, e estas estão descritas abaixo: Levantar a demanda das entidades beneficiárias consumidoras; Diagnostico com as associações de agricultores familiares para apresentação das demandas das entidades beneficiarias consumidoras; Elaboração do projeto; Assistências técnicas para produção e processamento dos produtos; Acompanhamento e avaliação dos produtos. O PAA já está contratado e em execução em alguns municípios da UREGI de Viçosa, (São Miguel do Anta, Guaraciaba, Viçosa, Ubá, Paula Cândido), as ações já estão acontecendo e projetos estão em andamento em outros municípios para o período de trabalho de 2009 a III. Resultados e discussões Os dados foram obtidos numa das reuniões e abrangem os dados de todos os municípios da UREGI de Viçosa repassados pelos extensionistas. Segundo estes, os pontos fortes do PAA são: valorização e preservação da cultura local, geração de emprego e renda, aumento da produção de alimentos e garantia de retorno para este aumento, melhoria nutricional, a valorização do associativismo, uma vez que para conseguir a aprovação deste programa deve-se estar organizados em forma de associação registrada, disponibilidade de recursos, combate à fome e uma melhora na segurança alimentar do município, principalmente da instituição que recebe tais alimentos. Mas como tudo, o Programa de Aquisição de Alimento também possui algu ns pontos fracos, e são os seguintes, de acordo com o explicitado pelos técnicos da EMATER MG: desconhecimento do programa pelos agricultores, falta de pessoas inseridas no programa para solução dos problemas do PAA com o ICMS, burocracia para prestações de contas, (o que também é um ponto positivo, pois garante a transparência do programa), a demora na aprovação

7 dos projetos, pouca oferta de produtos o que dificulta no cumprimento das demandas existentes, incredibilidade do produtor, impostos e encargos, falta de planejamento de produção, dificuldade na emissão de nota fiscal. Contudo, os técnicos responsáveis, vêem este projeto como uma grande oportunidade porque este promove a diversificação dos alimentos, os produtos permanecem no município, alternativa de renda para os agricu ltores familiares, principalmente para as mulheres que podem realizar suas atividades e ganhar um dinheiro pra ajudar na renda sem sair de casa. As grandes ameaças para este programa são: descontinuidade do programa e do projeto, dificuldade de operacionalizar a DAF (Declaração de Aptidão ao PRONAF), produtos ameaçados com agrotóxicos, falta de estrutura da vigilância sanitária, burocracia da agricultura fazendária, comprometimento dos parceiros, falta de cultura do associativismo. IV. Considerações finais O PAA é um programa de extrema importância para um desenvolvimento rural sustentável, porque é mais uma alternativa de renda para o agricultor familiar, pois garante a venda de seus produtos, valoriza e preserva a cultura local, e fortalece o associativismo. Contudo, deve-se pensar numa forma de melhoramento do programa para que mais agricultores sintam-se beneficiados com a aderência ao programa e cada vez mais aumenta o crédito dos mesmos sobre o programa para assim conseguir atender as todas as demandas e melhorar a qualidade de vida de um maior número de agricultores.

8 V. Referências Bibliográficas Brasil. Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Conselho Nacional e segurança Alimentar. Departamento de Gestão Integrada da Política. Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília, DF. Disponível em: Acesso em 15/03/2009. Universidade Federal de Brasília. Desenvolvimento sustentável. Disponível em: Acesso em: 15/03/2009 Brasil. Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Conselho Nacional e segurança Alimentar. Segurança alimentar. Brasília, DF. Disponível em: Acesso em 14/03/1009. Brüseke,F. A economia da sustentabilidade: princípios. O problema do desenvolvimento sustentável. Disponível em: ologica.ufba.br/arquivos/livro_desenvolvimento_natureza.pdf%23page%3d14+defi ni%c3%a7%c3%a3o+desenvolvimento+sustent%c3%a1vel. Acesso em 16/03/09. Belik, W. 1 Perspectivas para segurança alimentar e nutricional no Brasil. Disponível em: SPhttp:// Acesso em 18/03/ Professor Livre Docente do Instituto de Economia e Coordenador do Núcleo de Economia Agrícola da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas