Instituição Beneficente A Luz Divina. 28º Simpósio Espírita - O Livro dos Espíritos em nossa Vida

Transcrição

1 Instituição Beneficente A Luz Divina 28º Simpósio Espírita - O Livro dos Espíritos em nossa Vida Reencarnação: Novos Conhecimentos, novos Aprendizados. 14/04/2014 No capítulo IV, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, vamos encontrar o diálogo entre Jesus e Nicodemos, sobre Ninguem pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo, e se seguem as mensagens esclarecedoras das Entidades Espirituais. O encontro de Jesus com Nicodemos está no Evangelho de João, 3:1-12: Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um notável entre os judeus. À noite ele veio encontrar Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que vens da parte de Deus como um mestre, pois ninguém pode fazer os sinais que fazes, se Deus não estiver com ele. Nicodemos, fariseu e senador judeu, pede ao Mestre explicações sobre a vida futura. Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus. Nicodemos tomou a resposta de Jesus em seu sentido material. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo já velho? Poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer? Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: deveis nascer de novo. O Espírito sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito. Mas, Nicodemos ainda não entendia e queria saber como isso acontecia e continuou perguntando a Jesus. 1

2 Respondeu-lhe Jesus: És o mestre de Israel e ignoras essas coisas? Em verdade, em verdade, te digo: falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos, porém não acolheis o nosso testemunho. O Cristo não falava por sua própria autoridade, mas do que viu junto do Pai e transmitia as palavras e os ensinamentos d Ele. A surpresa de Jesus com a observação de Nicodemos foi que, sendo mestre, Nicodemos não poderia ignorar a reencarnação que era ensinada como doutrina aos intelectuais da época. Jesus estava falando da reencarnação, mas o pobre Nicodemos continuava sem entender, porque na fé judaica, havia aprendido com o nome de ressurreição. Os judeus acreditavam que havia uma ligação entre o corpo físico e o Espírito, mas não tinham noções de como isso acontecia. Achavam que a alma voltava, ressurgindo no mesmo corpo. Mas como? Se o corpo se decompunha para ser devolvido à Natureza. Para eles era uma ideia sem explicação definida. Um papiro egípcio, de cerca de A.C. já dizia: "Antes de nascer, a criança já viveu e a morte não é o fim. A vida é um evento que passa como o dia solar que renasce". Os antigos, e neste caso, a grande civilização egípcia, refletiam sobre a vida e a morte, sobre o destino das almas e sobre a justiça divina. Ainda que, de um modo geral, os egípcios não concebiam a ideia de um só Deus, eles se preparavam para a grande viagem e se rodeavam, na medida de suas posses, de coisas que lhes permitiriam chegar com sucesso "ao outro lado". Encontram-se na antiga literatura egípcia referências ao ciclo reencarnatório. Os antropólogos crêem que a reflexão sobre o ciclo da vida teria motivado a crença na reencarnação, mas hoje, apesar disso e da crença na imortalidade da alma, acredita-se num "juízo final", onde os mortos se erguerão das tumbas, serão julgados e os eleitos irão, em corpo físico, habitar com Jesus. A ressurreição, entendida como regresso dos mortos à vida, em corpo físico e no mesmo dia, traria alguns problemas: a população da Terra seria tão numerosa que o planeta não suportaria tanta gente; os corpos mortos há 50, 1.000, anos, já se acham dispersos em outros organismos. Então, seria difícil reconstituir esses corpos. Hoje, grande parcela da Humanidade acredita ou vê com simpatia a possibilidade do retorno à vida física. Alguns anos atrás, ainda havia a falta de informação sobre os mecanismos da reencarnação: como funciona, qual sua finalidade, por que esse suceder de experiências, onde fica e o que faz o Espírito no intervalo entre as existências na carne?

3 E quando não sabemos sobre um assunto, nós fantasiamos. Faltava uma ideia mestra sobre o assunto, um fio condutor. Faltava uma doutrina e, em 1857, Allan Kardec publicou O Livro dos Espíritos e ali, de forma clara e acessível a todos, Kardec expôs as razões filosóficas que o levaram a admitir a teoria das vidas sucessivas. O Espiritismo é a chave mestra que nos permite entender os mecanismos e objetivos da reencarnação. Coube a Kardec trazer esse conhecimento ao mundo ocidental e o fez dando uma visão muito mais ampla e profunda, demonstrando que todos os Espíritos reencarnam, não apenas para a solução de equívocos de uma vida passada ou para o cumprimento de determinada missão, mas pela necessidade inerente a toda criação: o imperativo do progresso e para sua própria evolução. A pluralidade das existências ou reencarnação é o princípio básico da Doutrina Espírita e, em verdade, ainda que não houvesse nenhuma afirmação a respeito dessa pluralidade, ela seria tida como necessidade absoluta, face a amplitude do programa de aperfeiçoamento da alma apresentado por Jesus, através do Evangelho. De quantos milênios vamos necessitar para pormos em prática integralmente, o ensinamento evangélico: "Eu porém vos digo, amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam"? De quantos milênios vamos necessitar, nós Espíritos, ainda vacilantes entre o bem e o mal, que não sabemos amar plenamente nem os amigos? Kardec demonstra sua visão lúcida a respeito do assunto, quando pergunta aos Espíritos: "Como pode a alma que ainda não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se? E a resposta: Através das reencarnações. Ela dignifica o Espírito imortal que vai galgando os degraus do aperfeiçoamento ao longo dos milénios sucessivos, crescendo em sentimento e intelectualidade, num trabalhoso processo de exteriorização da herança divina, concedida igualmente a todos os Espíritos. No nascedouro, somos absolutamente iguais. Criados por Deus, simples e ignorantes, passamos pelos reinos inferiores, conquistamos a consciência de nós mesmos, a razão e o livre arbítrio. As diferenças individuais, portanto, não decorrem de capricho divino, mas sim do empenho de cada espírito, no sentido de promover seu próprio progresso. 3

4 Nesse caminhar, vai recebendo, por justiça, os frutos de todo o bem semeado, e, em função dessa mesma justiça é compelido a reparar os males praticados, mas não em igual medida, graças a misericórdia divina. Portanto, as dores e as alegrias vêm depois das conquistas positivas e negativas do ser, conforme nos diz Divaldo Pereira Franco. Sabemos, agora, que não há o que reclamar, pois somos os reais condutores do nosso destino. Reencarnação é a volta do espírito à vida corpórea, mas em outro corpo, especialmente formado para ele e que nada tem em comum com o antigo. Não é invenção do Espiritismo, mas algo natural. É o ingresso repetido do espírito nesse invólucro de carne, trazendo em si, em potencial, todos os atributos e possibilidades para alcançar a vida divina. Encarnamos e desencarnamos na Terra, como alunos dessa escola-oficina, se aprovados, fizemos por merecer tarefas mais importantes, oportunidades mais proveitosas, se reprovados, voltamos à prova, tantas vezes quantas necessárias. Quando completarmos o curso e aprendermos tudo o que a Terra pode oferecer, passaremos a um colégio-oficina mais adiantado. As experiências anteriores explicam o adiantamento de uns em relação aos outros e nos faz compreender as dificuldades que nos cercam neste mundo de provas e expiações, em que vivemos. Alguns são ricos, outros pobres; alguns doentes, outros sãos; alguns inteligentes, outros ignorantes. Por que morrem crianças em tenra idade? Por que as criaturas más prosperam na vida e as criaturas bondosas vivem cheias de tropeços? As diferenças de uns para com os outros são como os dedos de nossa mão, todos ligados, mas cada um de tamanho diferente, porém trabalhando juntos. Quando os filhos fazem algumas coisas, tomam certas atitudes, iguais aos pais, costumamos dizer que "filho de peixe, peixinho é". Lembremo-nos que podem ser espíritos com quem nos identificamos, frutos de convivência passada. A Doutrina Espírita nos esclarece que ninguém herda a inteligência, as virtudes e os defeitos morais que são atributos do Espírito, que os traz como bagagem própria, intransferível, quando reencarna. Na questão 199, em O Livro dos Espíritos, Kardec perguntou: Por que a vida se interrompe com frequência na infância? E as Entidades Espirituais responderam: A duração da vida da criança pode ser, para o seu Espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do termo devido, e sua morte é frequentemente uma prova ou uma expiação para os pais.

5 Trata-se de reencarnações emergenciais. O Espírito em situação crítica na Espiritualidade retorna para breve existência, como um enfermo em estado grave que é conduzido ao pronto socorro. A morte das crianças está associada, também, a processos cármicos, envolvendo o espírito desencarnante e seus genitores. Há desencarnes prematuros que consagram experiências missionárias. O espirito reencarna com a missão específica de sensibilizar afetos caros ao seu coração, resgatando-os da indiferença, do acomodamento em relação aos objetivos da vida. Nessa breve convivência, fazem o encanto dos familiares e tocam as fibras mais íntimas da afetividade. Coroam sua missão com a própria morte e a separação é extremamente dolorosa, fazendo os pais buscarem caminhos da religiosidade, atrás de consolo. O desencarnado que os acompanha e ampara sente-se feliz, porque conseguiu seu objetivo. Há espíritos que retornam em plena infância, por falta de recursos para a subsistência. O doente morre à míngua, sem socorro. Vontade de Deus? Transeuntes morrem em um tiroteio. Vontade de Deus? Guerras, suicídios. Vontade de Deus? Não! São contingências geradas pela insensatez humana. Excluindo os espíritos que partem por problemas cármicos, a maioria morre porque não há pessoas que se disponham a agir como instrumentos da vontade de Deus para socorrê-las. Porém, a cada dia, encontramos criaturas superando as tendências milenares do egoísmo e que se dispõem a auxiliar nesse suporte. Como falamos em problemas cármicos, revisamos sua definição: Carma é a palavra usada para expressar um conjunto de ações dos homens e suas consequências. A causa do Carma é o erro. 0 resultado do Carma é a dívida. A resolução do Carma é o resgate. Conforme as leis da Física, se você atira uma pedra para o alto, ela deverá cair em algum momento. Na existência eterna de cada ser, o Carma é um erro que você atira para o outro ou para si mesmo; uma dívida que você contrai e que deverá ser saldada em algum tempo. É a lei de Causa e Efeito, a lei do retorno. Deus estabeleceu essa lei e ela por si só é capaz de gerir a tudo e a todos de forma justa e sensata. Deus não interfere. 5

6 Ele não segurou a mão do homem que açoitou seu escravo. Ele não segurou o braço do marido que que espancou a mulher e filhos. Ele não impediu nem mesmo o calvário do Cristo. E notem: mesmo sem a interferência de Deus, a justiça acontece a seu tempo. Não importa quanto tempo perdure o erro do homem e o tempo que possa tirar de qualquer maldade. Tudo está registrado no éter, desde o menor pensamento até o maior dos pecados e seja nesta ou em outras vidas, todas a dívidas terão que ser pagas. E todas essas injustiças que vemos ao nosso redor é apenas o livre arbítrio que Deus permite ao homem. A impunidade que vemos muitos gozarem, não existe no universo eterno. É uma falsa impressão na mente de quem prefere desconhecer as leis divinas. E ainda, quanto ao Carma, aquele que roubou será roubado; aquele que assassinou será assassinado e assim por diante. No Plano Espiritual, esta regra não é absoluta. Na Espiritualidade nada existe como um padrão fixo. Cada ser é um universo único, indivisível e eterno. Alguns distúrbios, como a depressão, síndrome do pânico, esquizofrenia, hoje, são diagnosticados como problemas da química cerebral. Mas esses problemas que afetam os pacientes são efeitos. A medicina pode interferir, positivamente, mas não remove as causas, que residem no ser imortal, no Espirito. Se permanecer o desajuste espiritual, surgirão novos males, como uma pressão interior que se extravasa pela válvula da enfermidade. Se a fecharmos, a pressão forçará outra saída. A medicina evoluirá para ajudar mais efetivamente aos pacientes, terá condições de orientá-los para que se redimam mais pelo amor e menos pela dor. Temos que valorizar, ao máximo, esta nova chance que estamos tendo nesta encarnação, pois há filas de Espíritos aguardando o retorno à carne, e ao partirmos não sabemos quanto tempo ficaremos por lá, na Espiritualidade, aguardando uma nova chance! Somos todos visitantes deste tempo e lugar. Estamos só de passagem. O nosso objetivo é observar, aprender, crescer, amar e depois voltarmos para Casa. Contudo, se a lição estiver muito difícil de ser equacionado, vamos nos lembrar de Jesus quando nos disse: "Vinde a mim, todos os que andais em trabalho e vos achais sobrecarregados, e eu vos aliviarei". (Mateus, XI-28) Os que andam em trabalhos no mundo, somos todos nós que aqui estamos a saldar os débitos das vidas passadas e ainda carregados das ilusões terrenas. Encontraremos alívio em Jesus, porque sua consoladora doutrina nos enche de resignação, de calma e de paciência ante os rudes embates da vida e nos livra

7 do peso das ilusões, demonstrando-nos que a verdadeira felicidade não consiste na posse transitória dos bens da terra, e sim nos bens imperecíveis do Espírito. Quando o rigor das expiações nos tocarem e estivermos prestes a vacilar ante as provas; quando o castelo de nossas ilusões ruírem, deixando o vazio em nossos corações; quando até daqueles que mais amamos recebermos a repulsa e a ingratidão; quando virmos fenecer as flores da esperança que plantamos nas margens do caminho de nossas existências, não busquemos no mundo um consolo que o mundo não nos pode dar. Procuremos o consolo na doutrina de Jesus e estejamos certos de que o acharemos. Stella Maris Petitto de Assis Palestra proferida em 14 de abril de 2014, na Instituição Beneficente A Luz Divina. 7