RECOMENDAÇÃO MPF nº 08/2015. Assunto: Inscrição no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior -FIES

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1 RECOMENDAÇÃO MPF nº 08/2015 Assunto: Inscrição no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior -FIES Interessadas: UNAMA Universidade da Amazônia; Faculdade Maurício de Nassau; ESAMAZ -Escola Superior da Amazônia; FABEL Faculdade de Belém e IESAM Instituto de Estudos Superiores da Amazônia O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pela Procuradora da República signatária, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, especificamente nos artigos 127 e 129, incisos II e III, da Constituição da República e no artigo 6º, inciso XX, da Lei Complementar n. 75/93; CONSIDERANDO que o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais, conforme preceitua o art. 127, da Constituição Federal de 1988; CONSIDERANDO ser atribuição do Ministério Público Federal promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, bem como expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências cabíveis (art. 129, inciso III, da Constituição Federal e art. 6º, incisos VII, alínea b, primeira parte e XX, da Lei Complementar nº 75/93); CONSIDERANDO que o art. 205 da Constituição da República prevê que a /

2 educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho ; CONSIDERANDO que o ensino é livre à inciativa privada, desde que atendido o cumprimento das normas gerais da educação nacional e a autorização e avalização de qualidade pelo Poder Público (art. 209 da Constituição da República); CONSIDERANDO que o sistema federal de ensino é composto pelas entidades de ensino superior públicas federais e pelas entidades de ensino superior particulares, conforme o art. 16 da Lei 9.394/96, competindo à União, através do Ministério da Educação e Conselho Federal Educação, baixar normas técnicas para a sua adequada execução; CONSIDERANDO que é atribuição do Ministério Público Federal zelar pelos direitos difusos e coletivos, em especial com relação aos direitos do consumidor, através de todas as ações e medidas cabíveis, face ao preconizado pelo art. 81, parágrafo único, inciso III, e no art. 82, inciso I, ambos do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), e aos ditames dos arts. 5º, XXXII, e 129, incisos II e III, da Constituição da República e o art. 6º, VII, c, VIII e XIV, da Lei Complementar 75/93; CONSIDERANDO que os contratos de prestação de serviços educacionais firmados entre a Instituição de Ensino Superior (IES) e seus alunos configura típica relação de consumo; CONSIDERANDO que a Portaria Normativa n 10, de 30 de abril de 2010, do Ministério da Educação, a qual dispõe sobre os procedimentos para inscrição e contratação de financiamento estudantil a ser concedido pelo Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) determina, em seu art. 1º, que somente poderá contratar financiamento com recursos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), o estudante regularmente matriculado em curso de graduação não gratuito e com avaliação positiva no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) oferecido por instituição de ensino superior (IES), cuja mantenedora tenha efetuado adesão ao 2

3 FIES, nos termos da Portaria Normativa MEC n 01 de CONSIDERANDO que a oferta de curso para financiamento através de recursos do FIES está condicionada à adesão das entidades mantenedora de instituições de ensino superior (IES) ao FIES e ao Fundo de que trata o inciso III do art. 7 da Lei n /2009, entidades essas que possuem plena liberdade contratual e autonomia para aderir a tal política pública de expansão de ensino, com todas as suas condicionantes; CONSIDERANDO que o art. 3º da PORTARIA NORMATIVA nº 01, de 22 de janeiro de 2010 do Ministério da Educação, que regulamenta a adesão das mantenedoras de instituição de ensino não gratuitas ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior FIES, estabelece expressamente que as mantenedoras de instituições de ensino que aderirem ao FIES participarão do risco do financiamento, como devedoras solidárias, nas condições e percentuais definidos nas alíneas "b" e "c" do Inciso VI do art. 5º da Lei nº /2001 e nas demais normas que regulamentam o FIES. CONSIDERANDO as diversas denúncias recebidas por este órgão, bem como as variadas notícias em rede nacional, acerca das falhas de estabilidade do SiSFIES (Sistema Informatizado do FIES), especialmente quanto às dificuldades enfrentadas pelos alunos pela indisponibilidade e erros do sistema no momento de cadastramento das informações relativas à instituição, curso e valor da mensalidade, que terminam por impedir a conclusão da inscrição e aditamento do educando no sistema; CONSIDERANDO que a PORTARIA NORMATIVA Nº0 2, de 20 de fevereiro de 2015 do Ministério da Educação, a qual dispõe sobre o prazo de inscrição ao Fundo de Financiamento Estudantil Fies referente ao primeiro semestre de 2015, estabelece em seu art. 1º que a inscrição no Fies para o primeiro semestre de 2015 será efetuada exclusivamente pela internet, no período de 23 de fevereiro a 30 de abril de 2015, por meio do Sistema Informatizado do Fies (Sisfies), disponível nas páginas eletrônicas do Ministério da Educação e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FND; CONSIDERANDO que foi noticiado por diversos alunos, em reunião realizada neste órgão, que algumas Instituições de Ensino Superior comunicaram aos seus 3

4 alunos que teriam o prazo de até 30 de março de 2015 para aderir ao FIES sob pena de desligamento automático do curso ou pagamento das mensalidades. CONSIDERANDO que a PORTARIA NORMATIVA nº 01, de 22 de janeiro de 2010 do Ministério da Educação dispõe em seu art.2 -A, 1º que: caso o contrato de financiamento pelo FIES não seja formalizado, o estudante deverá realizar o pagamento da matrícula e das parcelas das semestralidades, ficando isento do pagamento de juros e multa. Resolve O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, com fundamento na atribuição que lhe foi conferida pelo art. 6º, inciso XX, da Lei Complementar n. 75/93, RECOMENDAR à UNAMA Universidade da Amazônia; Faculdade Maurício de Nassau; ESAMAZ -Escola Superior da Amazônia; FABEL Faculdade de Belém e IESAM Instituto de Estudos Superiores da Amazônia por meio de seus representantes legais, que: PRORROGUEM o prazo até 30 de abril de 2015 para que seus alunos possam se inscrever no FIES sendo que, ao término de tal prazo, os estudantes que não formalizarem a sua não inscrição no FIES, poderão ser cobrados o pagamento da matrícula e das parcelas das semestralidades, ficando isento do pagamento de juros e multa, respeitado o 2º do art.2-a da PORTARIA NORMATIVA nº 01, de 22 de janeiro de 2010 do Ministério da Educação. Requisita-se ao representante legal da instituição de ensino, que envie no prazo de 05 (cinco) dias, informações sobre as medidas adotadas para o acatamento da presente recomendação, registrando-se desde logo que, em caso de recusa ao cumprimento da presente Recomendação o Ministério Público Federal, tomará as medidas judiciais cabíveis. A omissão na remessa de resposta no prazo acima estabelecido será considerada como recusa ao cumprimento desta Recomendação, ensejando adoção 4

5 das providências cabíveis. Belém, 12 de março de MELINA ALVES TOSTES Procuradora da República Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão 5